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Capítulo 14

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QUANDO UMA BATIDA SUAVE soou na porta de Elizabeth, ela sabia quem deveria ser.

— Entre, Charlotte — disse, com resignação.

A amiga dela – ou talvez devesse chamá-la de antiga amiga – passou pela porta. Vestida com camisola e touca, parecia mais nova do que seus vinte e oito anos.

— Pensei que era justo dar-lhe a oportunidade de me repreender em particular. Percebi os olhares que você lançou na minha direção durante toda a noite.

— E você os mereceu! Charlotte, não posso acreditar que tenha feito isso comigo! Não poderia ter me permitido tomar minha própria decisão sobre se queria vê-lo ou, pelo menos, me avisado? Esse foi um dos piores momentos da minha vida!

— Você teria vindo, se eu tivesse dito que ele estava aqui? Ou concordaria em encontrá-lo?

—Não, não viria! E a decisão deveria ter sido a minha!

— Se eu achasse que você seria razoável sobre o assunto, teria lhe dito. Mas suas cartas deixaram claro que você nunca queria ouvir seu nome novamente. Eu também não estava feliz em vê-lo aqui, mas logo ficou claro para mim, existe algum tipo de mal entendido. E, apesar de sua vontade, para não mencionar a de seu pai, ele merece a oportunidade de se defender.

— Ou você toma o partido dele porque ele é o sobrinho de lady Catherine de Bourgh?

— Lizzy Bennet, isso é bastante desnecessário! Se você conhecesse lady Catherine, no mínimo, você saberia que a última coisa que ela desejaria seria dar a Darcy a oportunidade de se casar com alguém que não a sua filha.

— Ele não tem intenção de casar comigo. E se não é pelo bem de lady Catherine, então por quê? E peço, não me diga o quão sortuda eu sou por ter chamado as atenções de um homem tão cobiçado.

— Muito bem, embora seja verdade. — Charlotte fez uma pausa e sentou-se na cama. — Se realmente deseja saber, a razão pela qual escrevi para você é porque ele está muito apaixonado por você, e a incapacidade dele de achá-la estava lhe causando uma grande dor. Se não quer se casar com ele, tudo o que precisa fazer é dizer isso. Não há motivos para fazê-lo sofrer por falta de uma resposta.

—Você ouviu alguma palavra do que eu disse? Ele não quer se casar comigo, e eu disse-lhe claramente onde me encontrar. Ele escolheu não me encontrar.

Charlotte esfregou as mãos sobre o rosto.

— É nisso que não consigo concordar. Eu o venho observando há mais de uma semana, e ele estava desesperado, implorando-me para revelar sua localização e, quando recusei, implorou para que lhe escrevesse e lhe dissesse que ele queria falar com você. Não posso acreditar que um homem com tal orgulho fosse agir como tal, se já tivesse a resposta. Por que ficaria tão preocupado com o escândalo se não se importasse com você? E se ele não queria se casar com você, por que foi a Longbourn e perguntou ao seu pai onde poderia encontrá-la? Uma atitude estranha, de fato, para um homem sem interesse em matrimônio!

Elizabeth apertou as mãos em punhos.

— Não acredito. Ele não foi para Longbourn. Meu pai teria dito algo para mim. Mas essa não é a parte mais condenável. Como ele poderia saber do escândalo sem falar com meu pai em Londres e receber minha carta dele? Ele não está em contato com ninguém dos nossos círculos. Eles nem sabiam como encontrá-lo.

— Você está certa disso?

— Sim! — Ela não estava, de fato, completamente certa, mas Charlotte parecia ter desconsiderado que, qualquer que fosse o jogo de Darcy agora, ele não viera ajudá-la.

— Ele diz que também foi à casa do seu tio e pediu para falar com sua irmã, e foi informado de que ela tinha deixado Londres.

Balançando a cabeça, Elizabeth disse:

— Isso é ridículo. Jane ainda está lá. Eu estava lá. Ele inventou toda a história. Não sei por que está fazendo isso, ou o que quer. Certamente ele sabe que eu nunca concordaria com nada menos que o casamento.

— Se você simplesmente falasse com ele, talvez você pudesse descobrir as respostas! Lizzy, não deixe sua teimosia bloquear o caminho da sua futura felicidade. Você não viu seu rosto dele quando eu disse que você estava pensando em casamento em futuro próximo.

— Oh, peço-lhe, diga-me que não o fez! Como posso encará-lo? Não posso suportar que saiba que foi preciso encontrar um marido para mim. É humilhante!

Mais gentilmente, Charlotte disse:

— Você concordou em se casar com ele?

Elizabeth soltou uma longa expiração.

— Disse a ele que lhe daria minha resposta quando voltasse, mas nós dois sabemos que tenho pouca escolha nesse assunto.

— Acha que poderia estar feliz com ele?

Ela encolheu os ombros.

— Não sei. Ele é amável o suficiente, mas a maneira como olha para mim me deixa nervosa. Como se eu fosse uma posse, que ele foi inteligente o suficiente para obter, e que ele sabe que tem a vantagem porque tenho que me casar. Não gosto da ideia de estar em seu poder, mas vejo pouca escolha.

— Você pode ter uma escolha. Vai ouvir Mr. Darcy?

— Você não sabe o que está me pedindo, Charlotte. Não serei a tola dele de novo.

— Bem, sei que não posso convencê-la quando está decidida, mas acho que você cometeu um erro. Mas ele não foi a única razão pela qual eu queria falar com você.

— O que mais? — Elizabeth disse, cansada.

As palavras começaram a sair da boca de Charlotte.

— De verdade, Lizzy, você não tem ideia de quanto estou feliz por ter vindo, além do assunto de Mr. Darcy. Desejava não só vê-la, mas também saber mais sobre o que aconteceu com Maria. Tudo o que tive foi um pouco de informação através das cartas de minha mãe e, sem dúvida, deixando as piores de fora, e é difícil não conhecer toda a história.

Elizabeth espalhou os dedos em cima dos joelhos. Era o que não queria pensar – os esforços de Mr. Darcy em nome de Maria.

— Não sei o quanto posso dizer a você, pois deixei Longbourn apenas quinze dias após você.

— Mas você esteve lá, durante o pior. O que aconteceu?

— Eu mesma não a vi, embora tenha ouvido de várias pessoas como ela apareceu na High Street após a tempestade de neve, desgrenhada e em profunda aflição. Sua mãe manteve-a isolada em Lucas Lodge depois disso, mesmo depois que Mr. Chamberlayne propôs a ela. Não foi para reprimir as fofocas, já que ele estava lotado na cidade com todos os outros, e era bem sabido que ele não estava entre aqueles que a comprometeram. Fiquei feliz, pelo bem de Maria, quando soube que ele seria transferido para Norfolk.

Charlotte franziu a testa.

— Pobre Maria! É um caso tão estranho, e não consigo resolver tudo. Minha mãe escreveu que Chamberlayne devia estar apaixonado por ela o tempo todo, mas nunca o vi mostrar o menor interesse por ela. Ele sempre foi amável, mas nunca flertou com ela. Disse a Maria abertamente que recebera dinheiro e uma promoção em troca de propor a ela, e ela acha que foi nosso pai quem fez isso, embora ele negue. Se fosse ele, ele teria falado para nós em particular, mas não parece ser o tipo de coisa que ele faria. Sua ideia era enviar Maria para longe. Mas quem mais poderia ter sido? Até suspeitei de seu pai, mas duvido que ele possa desperdiçar fundos.

Elizabeth não iria revelar a resposta a essa pergunta, e não com Charlotte do lado de Mr. Darcy. ‘Limpei as sujeiras de George Wickham mais vezes do que possa contar, mas não posso fazer nada por ela se não conheço seu nome.’

— Não poderia ser meu pai. Seja quem for, sou grata por ele, e espero que Maria possa encontrar a felicidade em seu casamento. — Mesmo que sua gratidão fosse rancorosa.

— Ela sente falta de casa terrivelmente e acha Norfolk deprimente. Tento escrever para ela sempre que posso, para aliviar sua solidão. Parece que todos os seus amigos de Meryton interromperam o contato.

— Até Kitty? Lamento ouvir isso. — Elizabeth teve a sorte, já que suas confidentes mais próximos eram Jane e Charlotte, e nenhuma delas a repeliu quando os rumores começaram. Teria que falar com Kitty para escrever para Maria.

— Seu marido a está tratando bem?

— Aparentemente sim, e isso levanta uma questão ainda mais curiosa. Não tenho motivos para pensar que Chamberlayne teria sido cruel, mas parece que quem arrumou tal proposta também concordou que enviar cinquenta libras por ano, desde que Maria seja feliz e bem tratada. E isso é algo que meu pai certamente não pensaria em fazer.

Mr. Darcy deve levar a tarefa de limpar os problemas de Wickham muito a sério – e considerou a possibilidade de que um homem subornado para se casar com Maria pudesse desertar ou maltratá-la. Mas se ele fez tanto por Maria, a quem nem conhecia, por que não honrou sua palavra para com ela?

A dor nas palmas de sua mão fez com que ela percebesse que estava enterrando suas unhas nelas. Nunca entenderia Mr. Darcy. E, apesar de sua simpatia pela preocupação de Charlotte em relação a Maria, não teria pressa de perdoar Charlotte por colocá-la nesta situação.

***

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De manhã, Elizabeth abriu o guarda-roupa e olhou para a mala. Não demoraria muito para fazê-la, uma vez que não a tinha desfeito completamente no dia anterior, devido à necessidade de estar pronta para jantar no Rosings. Se soubesse quem iria encontrar lá, teria pedido para permanecer na paróquia em vez de ir.

A pior parte foi como seu coração e seu corpo continuaram a traindo. Quando percebeu que Mr. Darcy estava na mesma sala, seu primeiro impulso foi lançar-se em seus braços. O desejo de estar perto dele, tocá-lo, a corroeram a noite toda. E seu coração não queria nada além de perdoá-lo, acreditar que tudo foi um terrível engano e que ele ainda estava disposto a se casar com ela. E, de acordo com Charlotte, estava.

Mas, mesmo que fosse verdade, estar disposto era muito longe de querer se casar com ela. Agora, as suas posições eram ainda mais desiguais do que durante a tempestade de neve, porque ela fora tola o suficiente para se apaixonar por ele. Se viesse a se casar com ele, todo o poder seria dele, e ela ficaria devastada quando seu interesse por ela acabasse, como inevitavelmente aconteceria.

Seu pai fora fiel à sua mãe, mas isso tinha sido mais por causa da letargia dele do que por qualquer outra coisa. Encontrar uma amante daria mais trabalho do que ele estava disposto a empreender. Não seria problema para Mr. Darcy; tudo o que ele precisaria fazer seria estalar o dedo e as mulheres viriam correndo até ele.

Elizabeth inclinou-se sobre os joelhos, enquanto as náuseas mexiam com suas entranhas. Não, vontade de se casar não seria o suficiente, apesar de ser tentador aceitar os restos que ele ofereceria.

E por que, de repente, ele estava tão disposto, afinal? Ele admitiu receber sua carta e falar com seu pai, mas não fizera nada a respeito disso. Então, quando chegou a Rosings, ficou de repente ansioso para vê-la, mas não ansioso o suficiente para viajar até Cheapside para fazê-lo. O argumento de Charlotte parou ali. Ele recebeu sua carta, então sabia onde ela estava. Se fosse apenas por sua conveniência, iria querer que ela viesse até ali? Se era essa a questão, se estava abaixo da dignidade dele ir até Gracechurch Street, por que não tentou buscá-la muito antes de ver Charlotte?

Charlotte. Essa devia ser a resposta. Enquanto se sentiu à vontade, a salvo do falatório manchando seu bom nome, ele não a perseguiu. Então, ele chegou a Rosings, e descobriu que havia alguém que poderia expor seu comportamento, uma mulher cujo marido não poderia ficar calado por uma hora, nem com uma mordaça de couro, muito menos pelo resto de sua vida, uma mulher que quase perdera uma irmã para o escândalo e que seria, portanto, duplamente protetora de sua amiga na mesma situação. Do seu ponto de vista, Charlotte teria todos os motivos para o expor. E, de repente, voltou a querer se casar com ela. Querer, neste caso, significava apenas querer.

A pobre Charlotte, sem saber nada da visita de seu pai a Mr. Darcy, interpretou mal sua angústia como amor violento, quando não era mais do que medo por seu bom nome. E Charlotte afirmou que não era romântica!

Elizabeth apanhou sua escova e começou a passá-la pelos cabelos, desejando que fosse tão fácil tomar uma decisão quanto era puxar a escova através de um emaranhado. Doía por um minuto, e então estava feito. Mas o que deveria fazer a respeito do emaranhado que era Mr. Darcy? E por que precisou se lembrar de como ele penteou seus cabelos na cabana e depois beijou seu pescoço?

Seu primeiro impulso, deixar Kent, não era uma solução. Enquanto ele temesse que seu segredo fosse exposto, viria atrás dela. Charlotte tinha razão sobre uma coisa, no entanto; que ela precisava dizer-lhe sua escolha diretamente. Se ele propusesse e ela se recusasse, ninguém poderia dizer que ele não fizera o que era honrado. Então ela poderia voltar para Londres, mas ainda não seria livre. Teria que se casar com Mr. Hartshorne, para reprimir o escândalo. Ele nunca teria o coração dela, mas também não poderia fornecer-lhe uma casa em seu amado campo. Ficaria presa em Londres para sempre, com apenas uma viagem ocasional para lembrá-la do que havia perdido.

Ou ela poderia aceitar a proposta de Mr. Darcy e enfrentar o desgosto de uma vida com um homem que não tinha respeito por ela mas, pelo menos, seria uma vida de facilidade e proporcionaria a liberdade de viajar. Ele, provavelmente, não se importaria se ela desejasse ficar em Longbourn enquanto ele estivesse em Londres. Na verdade, poderia ficar mais feliz assim, sem a responsabilidade de uma esposa que fosse um constrangimento para ele.

Se ao menos, não gostasse dele! Ou seria, quem sabe, algo que poderia mudar? Ela se apaixonou pelo homem que achou que ele era, naqueles três dias, e agora sabia mais sobre suas falhas. Poderia convencer seu coração em não o abraçar com tanto amor? Talvez, se pudesse encarar como um casamento arranjado, seria tolerável.

Mas mesmo em um casamento arrumado, era necessário respeito mútuo. Talvez o primeiro passo seria convencê-lo a dizer-lhe a verdade. Ouvir de seus próprios lábios que ele tivera a intenção de abandoná-la, talvez fosse suficiente para convencer seu coração e corpo traidores que ele não era mais do que um homem comum, tão egoísta quanto qualquer outro.

***

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Darcy esperava escapar até a paróquia e ver Elizabeth bem cedo na manhã seguinte; então, tomou café em seu quarto para evitar ter que lidar com sua tia. Aparentemente, não atravessou a sala de estar com bastante rapidez, porém, já que lady Catherine explodiu:

— Darcy, você está aí! Gostaria de falar com você, esta manhã, em especial. Por que você não estava no café da manhã?

Resignadamente, ele entrou na sala de estar. Richard já estava lá, usando uma expressão de sofrimento prolongado. Darcy disse:

— Perdoe-me. Não percebi que a senhora tinha planos. — E se seus planos o incluíam, ele não tinha intenção de cooperar com eles. Hoje não.

— Bem, você está aqui agora. Você sabe o que eu gostaria de conversar.

— Na verdade, não tenho a menor ideia.

Ela estreitou os olhos.

— Não seja tímido. Já passou da hora de você anunciar seu noivado.

Darcy enrijeceu. Como descobriu ela sobre Elizabeth? Teria conseguido alguém que espionasse cada um de seus movimentos? Mas não fazia sentido. Deveria ficar horrorizada com o desejo dele de se casar com uma nínguém do interior. A menos que...

— Você está se referindo, por acaso, à sua filha?

— Claro que estou falando de Anne!

Por que ela tinha que escolher esse momento para sua discussão anual?

— Já discutimos isso antes, e meus pontos de vista não mudaram. Não tenho intenção de me casar com minha prima, seja agora ou no futuro. Espero ter deixado perfeitamente claro.

— Absurdo. Você foi prometido a ela desde que estava no seu berço. Fiquei esperando enquanto você se cultivava suas sementes de aveia selvagem e aprendia a administrar Pemberley, mas agora é a hora. Anne tem 27 anos. Você não pode se dar ao luxo de esperar até que ela tenha passado dos anos de conceber filhos.

— Então a senhora deve encontrar outro homem para ela se casar. Não será eu. Não me sinto vinculado por nenhum acordo ao qual eu não fiz parte, e não me casarei para agradar a senhora ou qualquer outra pessoa – como já disse muitas vezes antes.

—Sua mãe teria algo a dizer sobre isso, jovem! Ficaria envergonhada de você.

— Talvez ficasse, mas eu lhe daria a mesma resposta. Acontece que já escolhi a dama com quem pretendo me casar, e não é sua filha. Por esse momento, no próximo ano, estarei casado, e nós seremos poupados de ter essa discussão novamente. Desejo-lhe bom dia. — Ele virou-se para sair.

— Pare aí mesmo, jovem! Você me deve isso. — Ela quase sibilou as palavras.

Ele olhou para ela com incredulidade.

— Não lhe devo tal coisa.

— Seu pai deveria se casar comigo. Estava tudo arranjado. Pemberley deveria ter sido minha mas, no último minuto, ele escolheu Anne em meu lugar.

— Já ouvi esta história mil vezes. Não sou responsável pelas decisões tomadas por meu pai, antes mesmo de eu ter sido concebido.

Ela levantou-se da cadeira, com os braços tremendo por apoiá-la.

— Todos me prometeram! Meu pai, seu pai e Anne – que, se eu tivesse uma filha, ela se casaria com o filho deles e meus netos teriam Pemberley.

— Posso ressaltar que meu pai, obviamente, não se sentiu obrigado a honrar o noivado criado por seus pais? Por que eu me sentia obrigado a fazer algo que meu pai não fez? — Suas mãos apertaram-se em punhos.

— Não é o mesmo! Ele ainda se casou na família. Se eu tivesse duas filhas, e você quisesse a mais jovem em vez da mais velha, eu aceitaria isso. Mas Anne é tudo o que tenho.

— Sinto muito pelo seu desapontamento, e que meu pai e meu avô tenham feito promessas que não estavam em posição de manter, mas isso não faz diferença. Eu a honro como minha tia, mas não vou me casar com sua filha, e esse é o minha última palavra. — Ele se afastou, ignorando-a enquanto ela chamava seu nome, furiosamente.

Richard o seguiu de perto.

— Isso foi certamente desagradável. Sugiro que nos ausentemos da propriedade até que nossa tia retorne para o seu habitual nível de irritabilidade.

Darcy não diminuiu o ritmo em direção à porta da frente.

— Vou fazer uma visita à paróquia. Você pode exercitar Bucephalus, se desejar. — Com alguma sorte, Richard preferiria um longo passeio à perspectiva de passar o tempo com Mr. e Mrs. Collins.

— Tentando se livrar de mim, não? Você deve estar planejando outro encontro com Mrs. Collins.

— Richard, pela última vez, não estou tendo encontros com Mrs. Collins.

— É tão agradavelmente simples incomodá-lo, primo! Você realmente se comprometeu com outra mulher, ou essa foi simplesmente uma tentativa de colocar um ponto final na conversa de se casar com Anne?

Confie em Richard e você o verá devorar tudo como um buldogue! No entanto, dificilmente poderia permanecer em segredo, especialmente se Richard insistisse em segui-lo constantemente.

— Na verdade, não estou noivo presentemente, mas já tenho em mente a dama com quem gostaria de me casar.

— E você não quer me dizer quem ela é, parece! Ela já sabe sobre sua boa sorte ou planeja surpreendê-la com a notícia? Se você tem cortejado alguém, não consegui perceber isso. Eu a conheço?

—Você planeja me questionar até que possa reduzir as possibilidades, a partir de cada dama na Inglaterra?

— Você deve admitir que seria divertido, e passaria melhor o tempo, do que jogar cartas com nossa querida prima, que você acabou de rejeitar.

— Você também, não! Bem sabe que nunca disse que me casaria com Anne. Na verdade, neguei isso repetidamente.

— Anne sabe disso?

Darcy parou de andar.

— Não sei. Nunca fiz a descortesia de dizê-lo em seu rosto, mas ela já deve ter ouvido isso agora.

— Para o bem dela, espero que seja o caso. Se ela acreditou nas histórias de fadas da mãe, pode receber um grande choque.

Por que deveria pensar nos sentimentos de Anne nesse instante, quando todos os seus instintos o levavam para a paróquia e Elizabeth? Estivera muito ansioso desde a véspera, tentando lembrá-la em cada olhar e palavra, e ler neles o que ela estava pensando. Mas era impossível. Nunca entendera porque Elizabeth fazia as escolhas que fazia.

— Vou falar com Anne quando puder. Por enquanto, vou sair para a minha visita. Voltarei antes do jantar.

— Oh, não, primo! Vou com você. Você está prestes a entrar em uma encrenca, e eu pretendo descobrir o que é.

— Não, você pretende ser um incômodo e me levar à distração. É o que pretende fazer — resmungou Darcy.

— Oh, bem posto! — disse o seu primo.