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ELIZABETH ACORDOU e aprontou-se cedo no dia seguinte. O amor desiludido, decidiu, era um método seguro para curar uma tendência a permanecer deitada de manhã. Era muito melhor levantar e distrair-se. Além disso, desejava visitar o litoral desde que era criança, e não tinha intenção de se lamentar por toda a viagem.
Pouco depois do café da manhã, uma elegante carruagem fechada, dirigida a quatro mãos, parou em frente ao presbitério. Aparentemente, estariam viajando com estilo. Elizabeth perguntou-se se era uma das carruagens de lady Catherine ou se Mr. Darcy emprestara a sua para a ocasião. A lembrança dele a fez engolir em seco.
O cocheiro apanhou as suas malas e as amarrou firmemente na parte traseira, enquanto o coronel Fitzwilliam desceu os degraus. Elizabeth achou que o viu piscando para Charlotte, enquanto a ajudava a entrar, e perguntou-se se sua amiga se entregava a um breve flerte com o bom coronel. Certamente, ela estava com excelente humor desde que voltara de Rosings no dia anterior.
Elizabeth segurou a mão oferecida pelo coronel e subiu com cuidado. Ela enfaixara os dedos do pé antes de colocar as botas, mas ela ainda sentia uma forte pontada de dor quando colocava o peso nesse pé, então inclinou-se contra o lado da porta do coche, com a outra mão, enquanto se abaixava para entrar. Somente após o coronel Fitzwilliam fechar a porta e passar por ela, foi que seus olhos se acostumaram à escuridão, revelando uma outra figura sentada nas sombras, em frente a ela. Seu coração bateu mais forte quando viu os olhos de Mr. Darcy pousados sobre ela, com um leve sorriso no rosto.
Charlotte disse:
— Que surpresa maravilhosa! Não sabia que o senhor iria se juntar a nós, Mr. Darcy.
Elizabeth percebeu o olhar estranho que o coronel lançou à sua amiga. Charlotte deveria saber que ele viria, o tempo todo. Como poderia ela ter feito isso de novo? Esta foi a segunda vez em que armara uma cilada para ela desse jeito. Elizabeth definitivamente teria que ter uma conversa com Charlotte mais tarde.
Darcy disse:
— Como poderia ficar para trás quando uma expedição tão agradável estaria acontecendo?
O coronel riu.
— Ele estava simplesmente com ciúmes, eu teria todas as lindas damas somente para mim! — Ele endireitou sua braçadeira preta que tinha se entortado.
Elizabeth olhou mais de perto para Darcy. Ele não estava mais vestindo a gravata de luto preto exigida e as braçadeiras que o coronel exibia. Que estranho, ele decidir desprezar o luto depois de apenas alguns dias! Mesmo para uma tia, ele deveria usá-lo por três meses.
Mas ela estava feliz por ele não tê-lo feito. Lady Catherine era a verdadeira razão de sua separação. Por que deveria fazer a cortesia de lamentar sua perda? A escolha de Darcy era uma prova de que ele também se sentia enganado por lady Catherine.
Pela primeira vez, no que pareciam dias, Elizabeth sentiu um sorriso genuíno desenhar-se em seus lábios. Ele queria as mesmas coisas que ela, e não havia motivo para que estivessem em desacordo. Ela poderia escolher se passaria os próximos dois dias remoendo sua perda ou aproveitando essa breve concessão em sua companhia, deixando de lado a dor que o futuro traria. Sim, ela receberia o presente desses dois dias e, mais tarde, poderia mantê-los perto de seu coração, junto às suas lembranças da tempestade de neve.
— Além disso — disse Darcy — não gostaria de perder a expressão no rosto de Miss Elizabeth, quando ela tiver seu primeiro vislumbre do mar – aquele com água, claro.
A carruagem entrou em movimento. Embora fosse talvez o melhor coche que Elizabeth já havia entrado, o ruído das rodas na estrada acidentada impediu qualquer tentativa de conversa. As pistas públicas nunca foram tão mal conservadas em Hertfordshire.
O coronel gritou
— É apenas uma milha para a estrada, e será muito melhor então.
Elizabeth não se importou, pois a falta de conversa lhe dava uma desculpa para simplesmente olhar Mr. Darcy, sem a necessidade de disfarçar seu interesse. Afinal, ele estava sentado diretamente em frente a ela. Charlotte também planejara isso? Ainda assim, ela poderia ter se sentido constrangida por observá-lo, se ele não estivesse fazendo a mesma coisa, com todas as evidências de satisfação.
Era estranho. Se ele estivesse de fato a cortejando, essa demonstração seria embaraçosa. Ela só podia se perdoar desse atrevimento porque sabia que nada poderia advir de tal ato. Este momento era, de alguma maneira, à parte da realidade cotidiana, tanto quanto a tempestade de neve fora.
O coronel Fitzwilliam tocou o ombro de Darcy e se inclinou para dizer algo em seu ouvido. Darcy levantou uma sobrancelha e respondeu-lhe algo, depois deslocou seu peso no banco estofado. Ele estendeu a perna até que sua bota descansar no chão a poucos centímetros dos pés de Elizabeth. Não, nem mesmo tão longe, pois ela podia senti-lo pressionando seu pé através das camadas de suas anáguas.
Ele o tinha feito deliberadamente; ela estava certa disso. Muito ousada, permitiu que seu próprio pé o pressionasse, o que foi recompensada por um vertiginoso olhar de aprovação. Ou talvez fosse simplesmente o contato físico com ele que a embriagava e enviava sensações estranhas subindo por suas pernas e agitando-se profundamente dentro dela. Ela arriscou um olhar para os outros, mas eles pareciam não ter notado nada.
Isso mal podia ser considerado um contato, afinal de contas, com tantas camadas entre o pé dela e o dele – suas meias, o couro de sua botina, a anágua e a saia, as botas e as meias dele – mas era dolorosamente íntimo, trazendo de volta a lembrança de todas as maneiras como que eles se tocaram durante aqueles dias na cabana. Aconchegando-se em busca de calor, seu corpo entrelaçado com o dele enquanto dormiam, aqueles beijos surpreendentes e embriagadores que haviam compartilhado. O calor da respiração dele contra seu ouvido, quando disse: ‘Durma bem, doce Lizzy’. Meu Deus, os lábios dela formigavam, apenas com a lembrança! Apenas alguns dias atrás, a tempestade de neve parecia estar em um passado distante, mas agora, bem que poderia ter sido ontem.
A carruagem passou por uma lombada particularmente grande quando chegou à estrada principal. O cocheiro gritou para os cavalos, e antes de Elizabeth ter se recuperado do solavanco, a carruagem avançou rápido o suficiente para que escorregasse para trás uma polegada ou duas no assento.
Felizmente, como o coronel previu, o barulho diminuiu, embora continuasse a ecoar em seus ouvidos. Parecia uma quietude quase sobrenatural, com nada além das batidas dos cascos dos cavalos que já agora corriam. A velocidade deles era bastante impressionante para tirar sua atenção de Mr. Darcy, enquanto a paisagem passava e as árvores, ao lado da estrada, pareciam embaçadas.
Charlotte perguntou:
— Até onde vamos viajar?
— Estamos a cerca de vinte milhas do nosso destino – duas horas, com os cavalos de Darcy. A toda velocidade, eles podem superar uma carruagem dos correios.
Elizabeth riu.
— Tão rápido? Nunca viajei em uma carruagem dos correios, então é muito rápido para mim. Mas estou expondo minha falta de experiência e vocês me acharão pouco sofisticada! — Ela enrugou o nariz para o coronel.
Darcy disse calmamente:
— Seu entusiasmo é atraente. — O pé dele, que havia sido deslocado pelo solavanco, pressionou-se contra o dela novamente.
Ela não deveria estar permitindo isso, mas era muito doce. Sua reputação em Meryton já estava em farrapos, então isso não faria diferença, mesmo que alguém a descobrisse. A única pessoa com qualquer direito possível para reclamações seria Mr. Hartshorne e, assim que o pensamento dela voltou-se para ele, ela sabia, com certeza, que não aceitaria sua proposta. Era algo a considerar quando pensou estar sendo desprezada por Darcy; mas, sabendo o que sentia por ele, e que esses sentimentos eram correspondidos, pelo menos até certo ponto, ela não poderia se casar com outro homem, mesmo quando Darcy se casasse com Miss de Bourgh. Precisava pensar em outro plano – mas não até depois de amanhã. Por enquanto, viveria o presente.
***
Elizabeth colocou a mão no seu chapéu e riu com alegria, enquanto o refrescante vento do mar ameaçava arrancá-lo de sua cabeça.
— Está sempre ventando tanto aqui?
O coronel sorriu para ela.
— Geralmente e, no inverno, venta muito mais. Às vezes, o vento torna o andar quase impossível.
— Nunca imaginei que as ondas pudessem ser tão altas, nem que eu pudesse sentir o cheiro do mar a partir dessa distância. Sempre pensei que as falésias brancas seriam acinzentadas, mas elas são mesmo brancas, não? E são tão altas!
— Quando você as está subindo, parecem ainda mais altas. Há um conjunto de escadas esculpidas no penhasco, que leva até lá embaixo. Se você quiser andar na praia, este seria um bom momento, já que a maré está recuando.
— A maré faz tanta diferença para a praia?
— Em geral, não, mas aqui faz. Se você seguir a praia em direção ao norte, logo após o promontório há uma enseada de beleza notável. Os penhascos lá são enormes, além de algumas cavernas. Mas você só consegue chegar à enseada quando a maré está baixa, uma vez que a ponta do promontório fica submersa na maré alta e as correntes são traiçoeiras. Não é incomum que os visitantes fiquem presos na enseada até que a maré baixe novamente. — O coronel colocou as mãos acima dos olhos, para afastar a claridade. — Parece que você teria quatro horas ou mais – digamos três, para estar segura – antes que a maré impeça o seu caminho. Seria uma pena você perder a enseada.
Elizabeth balançou em seu pé ferido. A dor era gerenciável.
— Eu adoraria vê-la, se houver tempo suficiente.
Charlotte apertou as fitas do chapéu.
— Você deve ir, Lizzy, mas acredito que vou apreciar mais a visão daqui. Descer o penhasco parece terrível para mim. Mrs. Jenkinson pode me fazer companhia. — Uma vez que aquela senhora nem sequer tinha se preocupado em sair da carruagem para ver o mar, parecia improvável que estivesse interessada em uma caminhada na praia.
O coronel virou-se para Darcy.
— Eu já vi a enseada muitas vezes antes, então talvez você pudesse acompanhar Miss Bennet, enquanto permaneço aqui com Mrs. Collins e Mrs. Jenkinson.
Sozinha com Mr. Darcy? Uma coisa era flertar em uma carruagem lotada, mas ficarem sozinhos, juntos, significaria que teriam que conversar, e não haveria finais felizes nisso. Mas ela ainda desejava isso – e não podia recusar.
Darcy ofereceu-lhe o braço com um olhar caloroso.
— Miss Elizabeth, ficaria honrado por explorar esta famosa enseada com você.
— Um momento, Lizzy — disse Charlotte. —Com este vento, você precisará da sua pelisse.
— Uma excelente ideia! Já estou com muito frio. — Elizabeth a seguiu até a carruagem, onde o cocheiro trouxe a pelisse solicitada.
Charlotte colocou uma bolsinha em sua mão.
— Apenas alguns biscoitos, no caso de você ficar com fome. Parece ser uma longa caminhada.
— Obrigada. — Elizabeth colocou a pelisse, e depois arramou a bolsinha nela. Já fazia muito tempo desde que tomaram o café da manhã.
Ao retornar até os cavalheiros, Elizabeth corou à vista de Darcy vestindo um sobretudo bem familiar. Já fazia três meses que ela sentira seu peso nos ombros?
Os olhos de Darcy a percorreram da cabeça aos pés.
— Essa é uma pelisse muito atraente, Miss Elizabeth. — Como se ele não a tivesse constantemente visto durante três dias!
Esta caminhada parecia destinada a trazer muitas lembranças.
***
Embora os degraus do penhasco não fossem muito íngremes nem irregulares, Darcy aproveitou a oportunidade para oferecer sua ajuda a Elizabeth, sempre que possível. A pressão da mão dela contra a sua oferecia-lhe o gostinho do contato que vinha ansiando, e ele lamentava abandoná-lo quando chegaram à praia de cascalho. Ainda assim, era uma alegria ver Elizabeth a olhando, apreciando a paisagem, tocando o penhasco de cal com a ponta dos dedos enluvados, apanhando e inspecionando uma das pedras de sílex da praia.
Ela ofereceu-lhe seu sorriso sedutor.
— Não tinha percebido que as ondas se movem tão rapidamente. E a espuma! Não é lindo?
— Muito bonito — concordou ele, admirando o brilho em seus olhos, tão claro quanto a luz do sol refletido na água multicolorida.
— Se a enseada é mais adorável do que isso, não posso esperar para vê-la!
Ele reuniu sua coragem.
— Miss Elizabeth, posso ser tão ousado para lhe fazer uma pergunta?
— Você certamente pode perguntar; se responderei, isso dependerá da pergunta. — Ela parecia divertida, mas ele sentiu a tensão repentina irradiando dela.
— A segunda carta que você me escreveu, a que nunca recebi. O que dizia?
O sorriso dela vacilou.
— A essência geral era que você estava correto sobre as consequências, para minha reputação, de nossa pequena aventura. Então, passei bastante tempo remoendo sobre o quanto eu não gostava de admitir que estava errada. Dei-lhe instruções sobre meu paradeiro, na casa do meu tio em Londres, para onde meu pai me enviara para evitar o falatório.
— Você estava lá? — Durante todo esse tempo, em que ele a estava procurando, preocupado, e ela estava bem debaixo de seu nariz? — Convenci o cocheiro de Miss Bingley a me dar o endereço, mas nunca pensei em perguntar por você, já que tudo que eu sabia era que sua irmã os estava visitando. Se eu soubesse...
— Não seria bom para você. Eu fiz algumas perguntas, e o motivo pelo qual meu tio lhe disse que Jane não estava mais lá foi para evitar que você descobrisse minha presença naquela casa. Aparentemente, ele concluiu que você planejava aproveitar-se de minha posição vulnerável. Não lhe ocorreu que suas intenções não eram honradas.
Não eram honradas? Como ele ousou pensar tal coisa! E por que Elizabeth não disse a seu tio que era o contrário? Mas essa era uma pergunta que ele não ousava perguntar.
— Eu disse ao seu pai que pretendia me casar com você.
— Quando ele o visitou em Londres?
Desconcertado, ele balançou a cabeça.
— Ele nunca me visitou em Londres; ou se o fez, eu estava fora e ele não deixou o seu cartão. Fui a Longbourn para vê-lo, depois que Stanton me informou que sua reputação ficou comprometida.
Os olhos de Elizabeth se nublaram, então ela assentiu.
— Você disse que se casaria comigo, e ainda assim ele não lhe disse onde eu estava?
Era doloroso até reavivar a memória.
— Ele me disse que você não me queria.
— Ele disse o quê? Oh, como ele se atreve! Ele sabia perfeitamente que eu desejava vê-lo, e que precisava vê-lo. — Elizabeth olhou para baixo, seu chapéu cobrindo-lhe o rosto, mas ele já tinha visto seu olhar perturbado.
Ele colocou a mão sobre a dela, enquanto esta estava pousada em no braço.
— Lamento que ele tenha feito isso e pela dor que isso lhe causou, mas é passado. Não importa mais.
Então, ela olhou para ele de novo, com os olhos bem abertos e feridos.
— Como você pode dizer isso? Eu sei – e você deve saber que sei – os termos da vontade da sua tia. Peço-lhe que não pense que eu o culpo; entendo que você não teve escolha. Mas peço-lhe que não sugira que não importa!
O que, em nome de Deus, a vontade de lady Catherine tem a ver com isso? Cautelosamente, ele disse:
— Temo não entender.
Ela tirou a mão do braço dele e parou abruptamente.
— Sei que você deve casar com sua prima. Gostaria de voltar agora.
Perplexo, ele segurou os braços dela.
— Não sei de onde você tirou essa ideia, mas não tenho intenção de me casar com Anne. Como estaria aqui com você se estivesse planejando me casar com outra?
Ela continuou desviando o rosto.
— Não posso acreditar que você permita que ela perca sua herança.
— Então você não me conhece tão bem quanto pensa. Se ela tivesse sido reduzida à penúria por algum acidente, eu sentiria alguma responsabilidade em relação a ela, mas a mãe dela fez isso com ela deliberadamente, na tentativa de que eu lhe oferecesse minha mão. Quando soube pela primeira vez de seus planos, há alguns anos, informei-lhe que não aceitaria e que isso só machucaria sua filha. Parece que ela decidiu que eu estava blefando. Eu não cometo blefes, nem me submeto a chantagens.
Elizabeth piscou rapidamente algumas vezes, depois ensaiou um sorriso abatido.
— Meu pai e meu tio devem se considerar afortunados. Se suas táticas de atraso tivessem criado uma barreira permanente entre nós, não gostariam de ouvir algumas das coisas que eu teria a dizer a eles.
Era uma resposta indireta, mas ainda assim uma resposta. Darcy se forçou a tirar as mãos dos braços dela e apontou para a praia. Ela tomou o braço dele novamente; isso tinha que ser um bom sinal.
Ele reuniu sua coragem.
— Falando em barreiras, quando perguntei pela primeira vez a Mrs. Collins sobre você, ela me disse que você estava à beira do matrimônio. — Embora ela estivesse ali e com ele, as palavras ainda tinham o sabor de veneno.
— Oh, aquilo. É uma situação um tanto embaraçosa. Minha família considerou necessário que eu me casasse para calar o escândalo, então meu tio encontrou um homem disposto a se casar comigo, assim como você encontrou um para Maria Lucas. O convite de Charlotte para visitá-la veio em um momento fortuito, já que me permitiu adiar uma resolução final. — Ela estremeceu.
Darcy não podia confiar em si mesmo para falar.
— Há algum problema, Mr. Darcy?
— Nada, mas tenho outra pergunta. — Talvez eles pudessem resolver isso de uma vez por todas. Sabia que ela o aceitaria, então, por que o coração dele estava martelando? — Agora que determinamos que não estou noivo de Anne e que você não está noiva de um homem em Londres, posso presumir que você possa estar disposta agora a se tornar minha noiva?
Ela arranhou as botinas nas pedras sob seus pés, depois olhou para ele, com o rosto corado.
— Acredito que seria uma suposição segura.
— Então se casará comigo? Daria a grande honra de se tornar minha esposa? — Bom Deus, ele estava praticamente gaguejando!
Um sorriso brilhante atravessou o rosto de Elizabeth.
— Sim.
— Graças a Deus — ele respirou, o triunfo o preenchendo. Se ao menos pudesse beijá-la! Talvez fosse mais afortunado do que merecia e a enseada estivesse deserta. Mas bastava ter seu consentimento. Finalmente!
O caminho estreito, ao redor do promontório e até a enseada, dava voltas entre rochedos, exigindo que eles caminhassem em fila. A água estava a poucos metros deles mas, presumivelmente, a maré iria levá-la para mais longe.
Então, após mais uma volta no promontório, a praia se abriu de novo, com grandes penhascos brancos formando um meio círculo à sua volta. Seria impossível construir degraus nessas falésias. Na extremidade da enseada, as ondas batiam contra a base dos penhascos, perto de dois pescadores lançando suas linhas. Muitas pessoas para ser uma enseada deserta.
— Oh, meu Deus. — Elizabeth cobriu os olhos enquanto olhava para os penhascos. — Não é de admirar que o coronel quis que viéssemos aqui. Que visão tão emocionante!
Ela estava certa, mas ele estava mais interessado em olhar para ela. A presença dos pescadores foi decepcionante; ele estava faminto por tê-la em seus braços. Mais tarde, prometeu a si mesmo. De alguma forma, encontraria uma maneira de ficar sozinho com Elizabeth hoje.
Elizabeth passou a mão pela cal fraturada do penhasco.
— Tão imponente. É uma maravilha que o mar não o desmanche todo.
— Blocos dela se quebram com regularidade. — Ele pegou uma das rochas brancas arredondadas, espalhadas entre as pedras mais escuras de sílex. — Elas são levados para o mar e retornam assim.
— Lá adiante – aquela é uma das cavernas mencionadas por seu primo? — Ela apontou para um vazio no penhasco.
— Os penhascos estão crivados delas. Presumo que sejam populares entre os contrabandistas. A maioria não é profunda, no entanto.
— Seria seguro ir lá dentro?
Como poderia recusar-lhe qualquer coisa quando os olhos dela brilhavam assim?
— Não consigo ver por que não.
Juntos, eles escolheram um caminho através das pedras. Não era exatamente uma caverna, apenas uma cavidade profunda no penhasco, mas quando eles entraram nela, o pior do vento foi bloqueado, fazendo com que tudo parecesse repentinamente silencioso e quieto.
Pelo canto de seus olhos, Darcy viu os pescadores empacotando o equipamento, compartilhando uma piada que fez com que o homem mais jovem soltasse uma gargalhadas. Eles iriam embora, de fato? Seria ele tão afortunado?
Aparentemente, Elizabeth também os observava.
— Bom, eles se foram! Não acho que poderia permanecer adequada mais um minuto!
As sobrancelhas de Darcy se levantaram, mas aparentemente a versão de impropriedade dela seguia em linhas diferentes da dele. Ela correu até a beira da água, primeiro em disparada, depois parando abruptamente e continuando em um ritmo mais tranquilo. Ele a alcançou em alguns passos.
Ela parou quando uma onda veio em direção às suas saias, parando a poucos centímetros de distância. Quando recuou, ela tirou uma de suas luvas e se abaixou. Quando a próxima onda veio, ela mergulhou os dedos nela, retirando-os logo, surpresa, sem dúvida por causa da temperatura. Ela olhou para ele maliciosamente quando levou seu dedo indicador na ponta da língua.
Uma onda de desejo o percorreu, mas de alguma forma ele conseguiu dominá-lo.
— Salgado? — perguntou, com voz rouca.
— Oh, sim! — Ela pôs-se de pé e pegou a saia. Como uma caçadora, começou a perseguir as ondas, seguindo-as quando recuavam, depois correndo de volta enquanto a próxima a perseguia.
— Não é glorioso?
Como ele poderia fazer qualquer coisa senão sorrir para o seu óbvio deleite?
— Glorioso de fato.
Ela parou, a luz de seu rosto esvanecendo-se.
— Estou chocando você?
— De jeito nenhum.
Mas ela não parecia convencida, e então ele acrescentou:
— Estou tentando decidir se ouso me juntar a você.
— Oh, faça! — Ela estendeu sua mão para ele quando uma rajada de vento jogou seu chapéu para trás, deixando-o pendurado por suas fitas.
Como se ele pudesse ficar longe, quando os olhos dela estavam acesos e seus cabelos castanhos brilhavam ao sol! Segurou a mão dela com força. Quase imediatamente ambos tiveram que pular de volta para evitar a próxima onda.
Ele não ria assim havia anos. Avançando após cada onda, então correndo de volta, desfrutando até mesmo do grito de Elizabeth, quando uma onda quase os pegou. Para trás e para frente, para trás e para frente.
Uma onda particularmente grande veio em direção a eles.
— Oh, Deus! — gritou Elizabeth, ao mesmo tempo que ria, agarrando a mão dele com mais força quando se virou para fugir. A onda veio em direção a eles, inevitável. Mesmo em uma meia corrida, não conseguiriam escapar.
Ele estava esperando por isso. Ergueu-a em seus braços, fazendo-a gritar mais uma vez. A água correu ao redor das suas botas enquanto se firmava.
Ela colocou seus braços ao redor do pescoço dele, com os olhos dançando.
— Não sabia que você também resgatava donzelas em perigo, senhor,
— Agora sabe, mas aviso, como os contrabandistas, não fico sem meu pagamento. Há um resgate a ser pago se você deseja se libertar. — A onda em recuo tentou arrastar as botas dele, antes de liberá-los.
Seus olhos dela escureceram.
— E se eu não quiser ser libertada?
Darcy engoliu em seco, depois disse com voz rouca:
— Haverá um resgate para isso também.
A ponta da língua de Elizabeth tocou seu lábio superior e se retraiu, mais rápida do que a onda mais veloz.
— Então, suponho que devo pagar.
— Na verdade, você deve. — Para deleite dele, seus lábios encontraram-se a meio caminho. Bom Deus, ela queria isso tanto quanto ele! Mas ele se segurou, compartilhando apenas a doce pressão, até que ela suspirou e se abriu para ele.
Seus braços se apertaram ao redor dela quando ele aceitou seu convite, explorando sua boca enquanto tentava expressar o fogo existente nele e a saudade dolorosa dela. O tempo deixou de ter significado à medida que as marés de desejo passavam por ele.
Finalmente, Elizabeth recuou, com respiração entrecortada.
— Você tem gosto de sal — ela o informou com uma risada.
— Você também. Sal... — Ele abaixou a cabeça e beijou o ponto macio logo abaixo de sua orelha. — ...e maçãs frescas... — Sua língua seguiu sua clavícula para o ponto sensível no meio do pescoço. —... e mel.
— Tudo isso?
— Tudo isso e muito mais, cada um deles muito delicioso. — Avidamente, tomou sua boca novamente e, desta vez, pôde senti-la arqueando-se em sua direção.
Ele quase não sentia o refluxo e o fluxo de água debaixo dele, lavando as botas e depois puxando-as. Não estava em perigo pelas profundezas do oceano; estava se afogando nos beijos de Elizabeth. Ela tremia em seus braços enquanto o polegar dele lhe acariciava a perna por cima das saias. Ele deveria agradecer aos céus por estar com os tornozelos afundando na água, já que provavelmente era a única coisa que o impedia de levar adiante sua necessidade de tê-la.
Enquanto isso, o fato de segurar o corpo dela de encontro ao seu corpo e a intoxicação de seus beijos foi suficiente para que o mundo desaparecesse, pelo menos até que uma explosão de água gelada encharcasse seus joelhos. Com um grito, ele virou-se e caminhou de volta para a praia, segurando uma risonha Elizabeth, enquanto a água lhe escorria pelas pernas, para dentro de suas botas. Parando a uma distância segura da água, lançou um olhar sombrio para trás. Como se tornara tão profunda? A maré deveria recuar, e ele não estava beijando Elizabeth há tanto tempo assim. Não que ele estivesse pensando no tempo ou na maré, mas ainda assim...
Um pensamento o atingiu, e ele virou a cabeça até poder ver o promontório, cuja base estava agora submersa pelas ondas.
Elizabeth seguiu seu olhar.
— Pensei que a maré estava saindo recuando.
Não restava nenhuma dúvida quanto a isso; o caminho já havia desaparecido. Maldito Richard!
— Parece que meu primo estava incorreto.
— Estamos presos aqui?
— É o que parece, pelo menos até a maré baixar de novo.
Os olhos dela se arregalaram.
— Quanto tempo isso vai levar?
— O tempo entre maré altas e baixas é de pouco mais de seis horas, mas pode ser menos do que isso, dependendo de quão acima da maré baixa o caminho fica.
— Oh. — Ela puxou com mais força sua pelisse em torno de si mesma e sorriu. — Bem, se devemos ficar retidos aqui, pelo menos já estamos acostumados a ficar presos um na companhia do outro.
Qualquer outra jovem de seu conhecimento já estaria desmaiando.
— Infelizmente, minhas habilidades para fazer fogueiras será de pouca utilidade aqui. — Horas preso e sozinho com Elizabeth. Sua mente rodava com as possibilidades.
— Então é bom que nós saibamos outras maneiras de nos aquecermos. — Seus olhos se iluminaram quando ela apanhou a bolsinha. —Não passaremos fome, pelo menos. Charlotte pensou em me dar um saco de biscoitos.
— Richard me deu uma garrafa de vinho. Fico feliz por ele ter insistido que eu vestisse meu sobretudo, já que vamos ficar aqui por horas. — Uma suspeita repentina cruzou a mente dele. Richard os encorajara a explorar a enseada. Mrs. Collins sugerira que Elizabeth apanhasse sua pelisse e lhe dera biscoitos. Era quase como se eles esperassem que os dois ficassem presos. Mas, por quê? Lentamente, ele disse:
— Eles planejaram isso. Richard sabia perfeitamente que a maré estava subindo.
A expressão de perplexidade dela era adorável.
— Planejaram?
— Por que seriam tão cuidadosos, certificando-se que estaríamos preparados para ficar aqui por muito tempo?
— Mas qual poderia ser o propósito deles?
— Isso não faz sentido. A única razão pela qual um homem e uma mulher são forçados a ficarem sozinhos juntos é comprometer a dama, mas Richard está bem ciente de que pretendo me casar com você, de modo que seria inútil.
— Charlotte pensou como eu, que você seria forçado a se casar com Miss de Bourgh. Talvez tenha sido ideia dela.
— Não, tenho certeza de que Richard está envolvido de alguma forma. Primeiro, insistiu que fizéssemos essa viagem agora, apesar de estarmos de luto, e então, depois de consultar um livro de gráficos de maré, disse que tínhamos que sair mais cedo do que o planejado. — Talvez Richard soubesse o quanto ele desejava ficar sozinho com Elizabeth, mas certamente haveria maneiras mais fáceis e mais quentes de conseguir isso. Bem, pelo menos estavam sozinhos, e ele pretendia aproveitar ao máximo. Talvez não houvesse outra oportunidade para ficar tanto tempo sozinhos, antes do casamento. Ele estendeu a mão para ela.
— Venha comigo.
Darcy levou Elizabeth de volta para a pequena caverna no penhasco. O rosto dela estava mais quente agora que ela estava fora do vento, mas ainda estava um pouco frio; então, ficou surpresa ao ver Darcy tirar seu sobretudo. Isso a fez sorrir, lembrando-se de como ele a envolvera com ele, durante a nevasca.
— Você não sentirá frio?
Ele devolveu-lhe um sorriso devastador.
— Não com você me mantendo quente. — Ele sentou-se em uma estreita borda de calcário no fundo da caverna e estendeu as mãos para ela.
Ela deveria ter recusado, ou pelo menos ter hesitado, mas não fez nada disso. O breve momento em que ele a segurara acima das ondas somente fizera com que ela desejasse ficar mais tempo em seus braços. Afinal, eles iriam se casar, não? Ela segurou as mãos dele e deixou-o levá-la até seu colo.
Ele jogou o seu sobretudo sobre ambos, assim como fizera na cabana. Ela respirou fundo, o mesmo aroma de especiarias e almíscar os envolvendo mais uma vez. Com um profundo suspiro, ela inclinou-se contra o peito dele.
Ele riu.
— Parece familiar, não é?
— Parece maravilhoso. — Ela inclinou a cabeça para olhar para seus olhos escuros.
Então os lábios dele roçaram os dela, primeiro de forma gentil, depois com fome intensificada, preenchendo-a de calor e de um desejo indescritível de estar ainda mais perto dele, para acabar com as lembranças das semanas solitárias quando pensara que o havia perdido. Cruzou as mãos em torno do pescoço dele e entregou-se à sua paixão.
Estava apenas semiconsciente de que ele abria os botões de sua pelisse até sua mão deslizar para dentro, moldando-se de encontro a curva de sua cintura. Mesmo através do vestido, o calor da mão dele parecia-lhe insuportavelmente íntimo, enviando uma onda de desejo através de seu corpo. E que se intensificou quando a mão dele subiu até seu corpete e tomou a curva de seus seios.
Ele soltou-lhe os lábios, mas não se afastou.
— Estou chocando você? — arquejou ele.
— Um pouco.
Ele soltou um riso baixo.
— Naquela primeira manhã, na cabana, acordei e encontrei minha mão nessa mesma posição. Felizmente, consegui retirá-la sem que você acordasse – não que eu quisesse retirá-la, saiba disso.
— Eu ficaria bastante chocada se você não o fizesse!
— Ou poderia ter decidido que gostou, e poderíamos estar casados há muito mais tempo. — Ele a beijou profundamente, percorrendo o polegar por cima de seu corpete, enviando-lhe um choque de puro prazer com o seu toque.
Elizabeth sentiu como se estivesse derretendo, sentindo um crescente latejar entre as suas pernas. Involuntariamente, arqueou-se em direção à mão dele. Não aguentaria, se ele parasse.
— Não.
— Minha doce e adorável Elizabeth — murmurou ele.
Finalmente ele se afastou.
— Devemos parar, enquanto ainda consigo.
— Bem, já não pergunto se me acha tentadora!
Ele gemeu.
— Muito tentadora!
Talvez fosse o suficiente; o desejo e aparente prazer que ele demonstrava por sua companhia. Ela não podia acreditar na afirmação de Charlotte de que ele estava terrivelmente apaixonado por ela, mas Charlotte não entendia o quão profundo era o senso de honra dele. Ela esperava que fosse profundo o suficiente para manter seu carinho por ela quando sua paixão estivesse satisfeita.
Era algo que ainda precisava dizer.
— Aprecio sua vontade de se casar comigo sob todas as circunstâncias. Sei que muitos homens tentariam escapar.
Ele enrijeceu, então tomou o rosto entre as mãos e olhou profundamente em seus olhos.
— Você realmente acredita que estou me casando com você só porque é a coisa certa a fazer?
Embaraçada, tentou desviar os olhos, mas não havia mais para onde olhar.
— Bem, acho que também receberá algum prazer.
— Algum prazer? Elizabeth, não há nada que eu queira mais do que me casar com você!
Ela mordeu o lábio.
— Isso é muito amável de sua parte, mas...
— Não é amabilidade. É verdade! — Ele a soltou por um momento e remexeu em seu bolso, finalmente revelando o que parecia ser uma fita violeta um tanto desgastada.
— Você reconhece isso?
Deveria reconhecer? Então lembrou-se.
— Essa é uma das fitas que eu estava usando durante a tempestade de neve?
— Eu a carrego comigo desde então, porque não pude tolerar deixar o último pedaço de você que ainda tinha. Desejava uma desculpa para entrar em contato com você.
— De verdade?
— De verdade. Sei que você tem menos escolha do que eu, quando se trata de casamento, mas espero fazer você a mulher mais feliz do mundo.
— Infelizmente, está além do seu poder, pois já sou a mulher mais feliz na face da Terra!
O rosto dele ficou sério.
— Já é? Parecia que tudo o que fez foi tentar não casar comigo.
Ela enterrou o rosto no peito dele, apertando o seu colete.
— Sim — disse ela, de encontro ao tecido. — Senti terrivelmente sua falta após a nevasca, e meu coração se partiu quando achei que havia me abandonado.
Ela o sentiu beijar seus cabelos, sua orelha, sua testa, em qualquer lugar que pudesse alcançar, até que ela finalmente ousasse levantar a cabeça. Nunca vira antes tal expressão gentil no rosto dele.
— Obrigado — suspirou ele. — Não consigo expressar o presente que você me deu. — O beijo dele foi dolorosamente terno.
Algum tempo depois, ele disse:
— Mas ainda não consigo entender por que seu pai não parece satisfeito com o casamento, especialmente se ele sabe que você desejava. Os benefícios são óbvios.
Elizabeth exalou pesadamente.
— Suponho que em algum momento você acabaria ouvindo essa história, então também posso lhe contar agora.
— Não precisa me contar se não quiser.
— Não, isso é algo que você deve saber. Quando meu pai conheceu minha mãe, ela era a bela e vivaz filha de um comerciante local. Acredito que ele pretendia apenas um flerte, mas foram pegos juntos. A família da minha mãe não era igual à dele, mas era proeminente o bastante para não ser ignorada. Como ele gostava da companhia dela, propôs casamento. Isso gerou uma desavença com a família dele e anos de infelicidade em ambas as partes. Ele descobriu que um comportamento sem restrições não é o mesmo que um espírito aventureiro, que vivacidade não implica em inteligência e que a beleza desaparece. Ficou, presumo, com raiva ao descobrir o quão caro ele pagou por uma esposa que não podia respeitar e que o envergonhava regularmente. Começou a fazer observações mordazes, zombando dela, e ela ficou mais nervosa e tola por causa disso.
— Eu não me comportaria assim, nem há nada de errado em seu comportamento.
— Como poderia meu pai admitir que você suportaria um casamento desigual, forçado por circunstâncias não melhores que as dele?
— Mas as circunstâncias não são as mesmas.
— Não consigo ver a diferença.
— Bem, eu queria me casar com você mesmo antes da tempestade de neve. Simplesmente aquilo me deu a desculpa de que precisava para ignorar as expectativas da minha família.
Ela olhou para ele, surpresa.
— Queria? Não fazia ideia.
— Mas eu lhe disse o quanto!
— Não, você disse que casar comigo não seria uma obrigação, não que fosse algo que você desejasse de verdade. Achei que você estava procurando tirar o melhor de uma situação ruim, e que ficaria aliviado com minha recusa.
— Não — disse ele com um beijo terno. — Não fiquei aliviado. Na verdade, fiquei bastante decepcionado, e cogitei em contar toda a história para que pudesse acabar com o problema. Mas ainda me importava o suficiente com a aprovação da sociedade, ou pensei que deveria me importar, então não o fiz. Em vez disso, voltei para Londres e passei as semanas seguintes tocando sua fita e lamentando que não tivéssemos sido pegos.
Elizabeth afagou o ombro dele.
— Gostaria de ter sabido disso. Poderia ter aliviado meus medos.
— Seus medos?
— De terminar como minha mãe. Foi o que me impediu de aceitá-lo.
— Mas jamais a teria tratado assim. Não é o meu jeito.
— Eu não o conhecia o suficiente para ter certeza disso. Mas essa é, imagino, a base da aversão do meu pai à ideia – que você acabaria com tão pouco respeito por mim quanto ele por minha mãe.
— Eu me pergunto por que ele não pôde ver a diferença! Quando o procurei, nada me motivou além da preocupação com você. O escândalo em Meryton não me afetou em nada.
— Bem o sei! Quando meu pai disse que você não se casaria comigo, pensei que fosse por isso.
Ele se deteve apenas a tempo de lhe dizer que deveria ter tentado novamente procurá-lo. A teoria dela seria verdade para um grande número de cavalheiros, então ele não deveria criticá-la.
— Bem, estamos juntos agora, apesar da minha família e da sua. — E, por isso, estaria eternamente grato.