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Capítulo 23

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DARCY NÃO ESTAVA de bom humor quando se aproximou da casa de Mr. Graves. Ele conseguiu localizar seu endereço com relativa facilidade, mas foi uma longa manhã de viagem desde Rosings. Um sorriso se espalhou pelo seu rosto. Claro que ele podia estar cansado após a falta de sono na noite anterior – pelo melhor dos motivos! Elizabeth correspondera a todos os seus sonhos mais apaixonados. E então, em vez de um dia livre na cama, fora forçado a deixar Elizabeth em Darcy House com Georgiana e Mrs. Dawley, para que pudesse caçar sua prima fugitiva. Ele franziu o cenho.

Ele encontrou a casa modesta na cidade e apresentou seu cartão. Após alguns minutos, uma criada o levou a uma pequena sala de estar.

Anne de Bourgh levantou-se graciosamente, com sua amiga Miss Holmes ao seu lado.

— Então, você encontrou o caminho até aqui. Mr. Graves está fora, em uma consulta, mas presumo que você estava me procurando, de qualquer forma.

Tão surpreso ficou ele, que quase se esqueceu de se curvar; Darcy disse, então, severamente:

— Estou feliz em vê-la bem, prima. Richard e eu ficamos muito preocupados com você.

— Bem, essa deve ser uma experiência inédita para você! Como pode ver, estou segura e com boa saúde.

— Você não poderia ter dito para onde estava indo?

Ela inclinou a cabeça e pareceu considerar isso por um momento.

— Poderia, mas passei tempo suficiente da minha vida pedindo permissão para as menores mudanças na minha rotina. Tenho sete e vinte anos, não sou mais uma criança, e não preciso de sua supervisão.

Darcy respirou profundamente para se acalmar. Não era de admirar que Anne não pensasse na cortesia normal de avisar sobre seus planos; vira pouquíssimas cortesias normais em Rosings. E ele não queria discutir com ela sobre seus hábitos. Ela ficaria perturbada com o que ele tinha para lhe dizer.

— Agora que sei que está a salvo, posso ter um momento do seu tempo? Há uma questão que gostaria de discutir com você.

Ela fez um gesto para uma cadeira.

— Por favor.

Ele olhou para Miss Holmes.

— Podemos falar em particular?

— Você pode dizer qualquer coisa que queira na frente de Carrie. Ela é minha amiga querida e agora minha acompanhante.

Uma vez que nada poderia ser feito em relação a isso, ele se acomodou cautelosamente. Estavam a apenas poucos metros de distância nesta sala pequena, e ele estava acostumado a manter distância de Anne.

— Você sabe que era o desejo de sua mãe que você e eu nos casássemos.

— Devo salientar que todos devem saber disso. Ela disse isso muitas vezes.

—No entanto, não posso me casar com você. — Ele esperou pela tempestade.

— Foi o que você disse quase com a mesma frequência. — Ela parecia bastante despreocupada com a notícia.

— Infelizmente, há outros desdobramentos para você. Sua mãe deixou Rosings para você sob a condição de você se casar comigo.

— Mais uma vez, já sabia disso há anos. Isso não importa.

Perplexo, Darcy perguntou:

— Você não se preocupa em perder sua casa?

Ela torceu o lábio.

— Você acha que sou tão tola para permitir que isso aconteça?

— Tola? Como poderia dizer? Estou descobrindo rapidamente o quão pouco conheço de você.

— Muito observador. Mas Rosings é minha.

— Graças à sua mãe, isso não funciona assim. Ela escolheu privá-la da casa, com a esperança de forçar minha mão.

Anne bateu nos lábios.

— Conforme entendo, sua vontade diz que, se eu não for casada no momento da morte dela, herdarei Rosings se me casar com você. No entanto, eu me casei antes da morte dela, de modo que isso já não importa.

Ele devia ter entendido mal.

— Perdão?

— Você me ouviu. Eu me casei há dois anos, logo depois que soube do conteúdo do testamento dela. Eu não estava disposta a perder minha herança simplesmente porque minha mãe sempre fez as coisas do seu próprio modo.

Darcy sentiu-se perdido. Anne inventou isso a partir do nada? Não havia homens em sua vida. Talvez ela não estivesse em seu juízo perfeito. Ele olhou para Miss Holmes, mas ela não parecia achar nada estranho.

— Ah... por que você não disse nada?

— E dar à minha mãe outra oportunidade de me deserdar de seu testamento? Não, obrigada.

— Queria saber por que manteve silêncio depois da morte dela. — E o fez passar por dois péssimos dias de preocupação desnecessária, quando ele deveria estar comemorando seu casamento.

— Não quis discutir isso até o meu marido estar disponível. Sabia que você tentaria me parar.

— Posso saber a identidade do seu marido? — Ele só podia torcer para que não fosse um dos lacaios.

Ela deu de ombros levemente.

— Mr. Graves, é claro.

— Mr. Graves? — Claro – Graves, que foi tão dedicado em visitá-la todas as semanas, estivesse ela com problemas de saúde ou não. Graves, que reconheceria a fortuna e que só precisaria ser paciente para reivindicar. Graves, que era inteligente o suficiente para organizar um casamento em uma paróquia diferente, e alegar que só queria dar a Anne a experiência de sair com um cavalheiro.

— Por que não o Mr. Graves? Ele me deu minha vida de volta. Mais do que isso, conversava comigo. Trazia-me romances e o Repositório de Ackermann para eu ler(1). Perguntava minhas opiniões e ouvia o que eu dizia. Encontrou Carrie para mim, que não relatava todos os meus movimentos para minha mãe ou forçava tônicos horríveis pela minha garganta abaixo. Ninguém mais se importava tanto comigo. Fiquei feliz em me casar com ele.

Havia pouco a dizer sobre isso, desde que Darcy fizera questão de não dar a Anne qualquer atenção, nunca considerando como isso a afetaria. Ainda assim, não havia nada a fazer agora. Se Graves era um caçador de fortunas, era muito tarde.

— Espero que você seja muito feliz.

— Eu já sou mais feliz do que fui durante anos. Tenho meu querido marido, e Carrie vai morar conosco, em vez de se submeter à caridade de seu irmão. Então, você não precisa se preocupar; você não tem obrigações comigo, especialmente como um marido em potencial.

— Isso seria impossível, de qualquer modo. Você não é a única que pensou em evitar as demandas de sua mãe através de um casamento secreto. Quando eu disse que não poderia me casar com você, era a verdade.

(1) Ackermann’s Repository – revista inglesa ilustrada, publicada no período de 1809 a 1829. (N.T.)

Isso chamou a atenção dela.

— Não posso acreditar nisso! Você se casou?

— Apenas ontem. Minha esposa está me esperando na Darcy House.

— Quem é ela?

— Você a conheceu como Miss Elizabeth Bennet. Ela veio jantar em Rosings com Mr. e Mrs. Collins.

—Aquela que alternadamente o ignorava e o olhava com raiva?

Darcy sorriu. Quem imaginou que Anne observava tanto?

— Ela mesma.

Ouviu-se passos fora da sala e Mr. Graves entrou. Localizando Darcy, olhou com curiosidade para Anne.

Ela estendeu a mão para ele.

— Darcy sabe. Acabei de lhe contar tudo.

Seu marido – que ideia! – sorriu calorosamente para ela ao segurar sua mão e colocar a mão livre no ombro dela, ao mesmo tempo que se posicionava a seu lado.

— Espero que não seja muito decepcionante para o senhor, Mr. Darcy.

— De modo nenhum. Vocês deverão visitar o advogado e provar os fatos do seu casamento. Suponho que guardaram a documentação? Então, poderei devolver Rosings Park para você, já que sou tecnicamente o guardião de Anne até esse momento. — Ele ficaria feliz em lavar as mãos diante desse absurdo.

— Estou às suas ordens, com documentação e testemunhas. Previmos que nosso casamento pode ser contestado.

— Muito sábio. Bem, não vou impor-lhes mais a minha presença. Desejo que ambos sejam muito felizes.

Darcy já estava de pé quando Mr. Graves disse com calma:

— Imagino que o senhor deve me achar o pior tipo de caçador de fortunas, mas eu gosto muito de sua prima. Sugeri a ela, repetidas vezes, que deixasse Rosings para viver comigo aqui, mesmo que isso significasse ser cortada do testamento de sua mãe. Mas manter Rosings é importante para Anne, e eu respeito isso.

Os lábios de Anne se apertaram.

— Depois de tudo o que sofri nas mãos de minha mãe, mereço Rosings. Eu não desistiria, mesmo que isso significasse viver lá com ela. Pelo menos, ela não podia mais me deixar doente.

Darcy sacudiu a cabeça.

— Ela deixou você doente?

Mr. Graves respondeu:

— Quando fui chamado pela primeira vez para ver Anne, ela não estava longe da morte. Na verdade, estou surpreso por ela ter sobrevivido tanto tempo. Seu médico anterior a sangrava toda semana e a medicava com purgativos. Sob suas ordens, ela não alimentava de nada além de leite e pão, que ele descrevia como uma dieta adequada para uma jovem senhora. Meu tratamento para ela, se o senhor pode chamar assim, foi parar com as sangrias e purgativos, dar-lhe carne e frutas todos os dias, levá-la para tomar sol e substituir o tônico purgante de sua mãe por um outro benigno, que parecia e cheirava do mesmo modo. Alguns meses depois, ela estava como você a vê agora. Anne, minha querida, poderia me fazer a gentileza de retirar sua luva?

Anne hesitou, depois tirou uma das suas longas luvas sempre presentes e mostrou seu antebraço para Darcy. Estava salpicado de cicatrizes, algumas grossas e vermelhas, outras finas e quase brancas.

Ele recuou, lembrando-se dos anos doentios de Anne, quando ela estava sempre branca como um fantasma e tão fraca que atravessar uma sala era o suficiente para cansá-la.

— Sinto muito. Não fazia ideia.

— Claro que não fazia ideia — disse Mr. Graves, secamente. — Lady Catherine contratou o que ela achava que eram os melhores médicos da Inglaterra para cuidar de sua filha. Foi sorte de Anne que a habilidade deles não era proporcional à reputação ou aos preços deles. Mas o senhor vai entender por que eu estava relutante em deixá-la sob os cuidados de lady Catherine, especialmente quando ela se tornou minha esposa.

— Estou feliz por ter me contado. Isso explica muita coisa. — Darcy limpou a garganta. — Mr. Graves, Anne não é a única que sofreu sob as ordens de lady Catherine. A manutenção da propriedade, e especialmente as povoações inquilinas, foram muito negligenciadas, e o mordomo é incompetente e desonesto. Eu recomendo substituí-lo em sua primeira oportunidade. Se for de alguma ajuda, ficaria feliz em fazer uma lista das melhorias que sugeri a lady Catherine, incluindo a reparação da estrada na qual ela terminou a vida.

Graves parecia surpreso.

— Eu apreciaria muito isso. Não tenho experiência com o gerenciamento de terras e terei muito a aprender.

Pelo menos o homem reconhecia o problema. Isso já era alguma coisa.

***

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A parada seguinte de Darcy foi em Matlock House, onde ele foi imediatamente levado para ver seu tio. Ele aspirou o doce e rico aroma de brandy que seu tio servia para ele e permitiu-se saborear durante um tempo o primeiro gole. Pelo gosto, era francês, e sem dúvida contrabandeado. Deveria aproveitá-lo antes da discussão aquecer.

— Pensei que você ainda estivesse em Rosings — disse o conde.

— Voltei ontem, após descobrir que Anne decidiu viajar. Não há motivo para se preocupar; já a encontrei, mas o fato levantou uma questão interessante sobre o testamento de lady Catherine.

O conde limpou a garganta.

— Agora, Darcy, entendo que você não gosta da ideia de se casar com Anne, mas não podemos perder Rosings.

Pelo menos agora ele poderia evitar de contar ao tio que ele planejava fazer isso mesmo.

— Por um acaso, Anne estava ciente dessa cláusula no testamento e decidiu, há algum tempo, agir por conta própria. Ela está casada e já faz dois anos. A cláusula só se aplica se Anne estivesse solteira no momento da morte da mãe. Presumivelmente, lady Catherine nunca concebeu a possibilidade de Anne se casar com alguém além de mim.

— Casada, já? Ora, isso é ridículo. A garota nunca saiu de Rosings.

— Aparentemente, ela tem mais criatividade do que nós lhe atribuíamos. Há um homem que passou regularmente algum tempo com ela – seu médico, agora seu marido.

Lorde Matlock bateu as mãos na mesa

— Bom Deus! Diga-me que é uma brincadeira!

— Infelizmente, não é brincadeira.

— Precisamos anulá-lo imediatamente.

— Não parece haver fundamentos para uma anulação. Ela está vivendo com ele há vários dias. A única vantagem é que isso mantém Rosings na família, enquanto que, de outra forma, Anne a perderia.

— Não se ela estivesse casada com você.

Darcy baixou o conhaque. Melhor não estar segurando objetos frágeis quando a tempestade chegasse.

— Isso não seria possível de forma alguma. Mesmo antes do fim prematuro de lady Catherine, eu já estava comprometido pela honra com outra pessoa.

— Compromissos podem ser quebrados.

— Mas a honra perdida não pode ser consertada. A questão é irrelevante, de qualquer modo. Ela é agora minha esposa. — Ele se preparou para a explosão.

— Primeiro Anne realiza uma aliança infeliz, e agora você também, dentre todos?

— A dama em questão salvou minha vida ao custo de sua própria reputação. Dificilmente poderia ignorar isso. Se é uma aliança infeliz ou não, deixo o julgamento com o senhor. O pai dela é um cavalheiro, pelo menos.

O conde pressionou a ponta dos dedos entre os olhos.

— Mas não é uma boa aliança, suponho.

— Seu pai é dono de uma pequena propriedade herdada da família. Não têm conexões significativas das quais esteja ciente.

— Poderia ser pior, suponho. Ela é apresentável?

— Sim — Pensar em Elizabeth o fez sorrir.

— Muito bem, então. Espero que você a traga para nos conhecer.

Darcy balançou a cabeça, de forma lenta e descrente.

— Isso é tudo? Sem tempestades? Sem ameaças de repúdio ou anulação?

O conde se recostou na cadeira e cruzou as mãos atrás da cabeça.

— Darcy, eu aceitaria quase qualquer mulher com a qual você quisesse se casar. Havia perdido as esperanças que você encontrasse alguém em quem pudesse confiar o suficiente para dar seu nome. Lembre-se, compreendo que você tenha razões para desconfiar, mas não servirá de nada levantar uma parede contra todas as mulheres, simplesmente porque seu pai escolheu mal. Então, se você está casado, fico satisfeito.

— Mas você queria que eu me casasse com Anne!

Seu tio suspirou.

— Pensei que fosse a minha grande chance de casá-lo, pois me parecia mais provável que você aceitasse os argumentos para salvar Anne do que sobre a necessidade de ter um herdeiro. Ora, tudo está bem quando acaba bem. Você gosta da sua nova esposa o suficiente para fazer um herdeiro, espero?

Darcy sorriu.

— Isso não será nenhum problema. Ela é diferente de qualquer outra mulher que já conheci, mas é perfeita para mim.

— Bem, então, devemos brindar à nova Mrs. Darcy?

Eles fizeram um brinde, tilintando as taças. Mas algo permanecia sem solução. Se seu tio não estava aborrecido com seu casamento, também não deserdaria Richard, que ficaria preso ao exército por uma questão de dever.

— Há outra questão.

O conde estreitou os olhos.

— Que mais, agora?

— É sobre Richard. O exército o está destruindo.

— Também percebi. Mas por que ele não diz nada?

Darcy lhe lançou um olhar incrédulo.

— Porque o senhor queria que ele se juntasse ao exército, e ele quer cumprir o seu dever para com o senhor – mesmo que isso o mate.

Lorde Matlock sacudiu a cabeça com descrença.

— Os filhos nunca crescem? Diga-lhe para vir conversar sobre isso comigo.

Ele nunca vira seu tio aceitar opiniões opostas com tanta calma. Talvez Anne não fosse a única de sua família que ele não conhecia verdadeiramente.

***

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Darcy estava tão impaciente para encontrar Elizabeth que praticamente saltou da carruagem quando chegou a Darcy House. Quem poderia pensar que consumar seu casamento tornaria ainda mais doloroso se separar dela, mesmo por parte de um dia? Era muito ruim ter que dividi-la com Georgiana por algumas horas, até a hora de dormir, mas pelo menos poderia estar em sua presença.

Entrou em casa e retirou as luvas. Entregando o chapéu ao mordomo, perguntou:

— Onde está Mrs. Darcy? — Por que perder tempo a procurando?

— No salão, senhor.

Mas nesse exato momento, Elizabeth saiu do salão para vir a seu encontro. Não era nem um pouco adequado, e ele não poderia ficar mais feliz por isso. Desejando que os criados desaparecessem, segurou-a pela cintura e a girou no ar, depois a colocou no chão e a beijou. Lentamente. Apaixonadamente. E esperando que Georgiana não viesse até a entrada.

Sem respiração, Elizabeth afastou-se apenas o suficiente para dizer:

— Os criados...

— É melhor que os criados se acostumem com isso! — E ele a beijou de novo. Se ao menos pudesse levá-la diretamente para o andar de cima! Mas não, eles deveriam se comportar adequadamente, e então se sentar para um longo jantar com Georgiana e ouvi-la tocar no pianoforte, antes que ele pudesse ter Elizabeth para si mesmo. Esses beijos deveriam bastar para acalmá-lo até lá. Deus, mas era bom tê-la em seus braços!

Relutantemente, ele a soltou, mas não conseguiu resistir à vontade de acariciar o rosto dela.

— Lamento ter deixado você aqui durante tanto tempo. Espero que não tenha tido dificuldades.

As covinhas de Elizabeth apareceram.

— Não há dificuldades, embora tenha sido um pouco estranho tornar-me de repente senhora de uma casa que eu não conhecia! Não estava aqui nem uma hora, quando a governanta veio me consultar sobre o jantar. Eu estava prestes a dizer-lhe para fazer o de costume, mas Mrs. Dawley veio em meu socorro e perguntou-me se eu gostaria que ela cuidasse disso para mim. Fiquei bastante feliz em permitir que ela o fizesse, embora não pudesse prever o que ela iria fazer.

Um pressentimento o tomou.

— O que aconteceu?

— Nada do que você está pensando! — Ela pegou sua mão e o levou para o salão, onde estavam Mrs. Dawley e Georgiana, que se levantaram ao vê-lo chegar. — Ela disse à governanta que ainda não tivemos uma noite de casamento adequada, então elas se reuniram e conceberam um plano.

Mrs. Dawley riu.

— Vocês dois irão jantar sozinhos nos seus aposentos esta noite. Georgiana vai me acompanhar para jantar no meu hotel para que vocês tenham alguma privacidade. Estávamos prestes a sair, não era, minha querida?

Georgiana assentiu, corando

— Você não se importa, não é?

Se ele se importava em ficar sozinho com Elizabeth?

—De modo algum.

Sua irmã juntou as mãos.

— Mrs... minha mãe gostaria que eu lhe visitasse em Devon para poder conhecer seus filhos. — Ela respirou fundo. — Meus irmãos mais novos.

Uma pontada inesperada atingiu profundamente o peito de Darcy. Durante todos esses anos, ele fora a única família imediata de Georgiana, e agora teria que compartilhá-la com sua mãe e dois novos irmãos. Ele a perderia para eles?

Georgiana deve ter visto algo em seu rosto, pois disse apressadamente:

— Não há necessidade de decidir agora. Talvez possamos discutir isso em outro momento.

Ele sentiu a mão de Elizabeth na dele, lembrando-lhe que não estaria sozinho sem sua irmã. Sua família se expandiu para incluir Elizabeth, e isso não significava que ele amava menos Georgiana.

— Se você quiser ir para Devon, não consigo ver por que não deveria. Fiquei surpreso com a ideia de você ter outros irmãos!

Ela riu.

— Quase não acreditei nisso também!

Para sua surpresa, Mrs. Dawley passou brevemente a mão pelo seu rosto.

— Agradeço a você, do fundo do meu coração, meu querido menino. Não poderia lhe expressar o que isso significa para mim. Talvez um dia você também queira conhecê-los.

— É claro que gostaria de conhecer os outros irmãos de Georgiana — disse ele, um pouco surpreso ao perceber que era verdade.

Um sorriso radiante iluminou o rosto de Mrs. Dawley.

— Nada poderia me fazer mais feliz! Mas eu imagino que nada poderia torná-lo mais feliz do que estar sozinho com sua adorável esposa, então estamos nos despedindo de você agora.

Elizabeth fez uma reverência.

— Espero que vocês tenham uma noite agradável e espero vê-los novamente.

Darcy olhou, divertido, o quão eficientemente Mrs. Dawley carregou Georgiana para fora de casa.

Elizabeth disse, de forma dissimulada:

— Espero que não desaprove os planos dela para nós.

Um sorriso lento surgiu nos lábios dele.

— Desaprovar estar sozinho com você? Longe disso! Na verdade, acho que deveríamos ir para nossos aposentos imediatamente, a fim de não perdermos o jantar.

Ela riu enquanto ele a conduzia pelas escadas até seus aposentos, ofegando quando abriu a porta para a sala de estar privada – agora, a sala de estar privada deles. Havia flores em todo lugar, flores de primavera e plantas exóticas de estufas, e até vários ramos de rosas. Sua fragrância estava por toda parte, como a primavera em um jardim. No quarto adjacente, até mesmo a cama com dossel estava salpicada de pétalas de rosa.

Elizabeth tocou uma das rosas aveludadas.

— Como conseguiu ela arranjado tudo isso tão rapidamente? Pensei que o quarto era bonito antes, mas agora, é muito mais!

— No momento, poderia perdoar totalmente minha madrasta, de coração. — Atrás de Elizabeth, colocou seus braços ao redor dela e lhe acariciou o pescoço com os lábios. — Você é muito mais linda.

Uma empregada apareceu na entrada.

— Mrs. Darcy — disse ela, respeitosamente —, a senhora deseja algo?

— Talvez um pouco de chá fosse bem-vindo.

— Não, Mrs. Darcy não precisa de nada no momento — disse Darcy com autoridade, sem tirar os olhos de Elizabeth. Ela quase podia ver as brasas adormecidas do desejo começando a ganhar vida nele.

A empregada olhou de um para o outro e disse:

— Sim, senhor. — E retirou-se com uma reverência.

Ele fechou a porta atrás dela. Em resposta à sua sobrancelha levantada de Elizabeth, ele explicou:

— Queria ficar sozinho com você.

Elizabeth corou, e seu corpo involuntariamente respondeu ao olhar dele.

— O que ela pensará?

Colocando a mão na no rosto dela, ele a beijou demoradamente.

— Ela, sem dúvida, pensará que estou me comportando como um homem recém-casado com uma bela esposa. — Ele traçou a linha da clavícula dela com o dedo e, posicionando-se atrás de Elizabeth, começou a retirar os grampos de seu cabelo, alternando seus esforços com leves beijos em seu pescoço, que rapidamente minaram a vontade dela de manter o decoro.

— Mas o entardecer ainda não chegou! — exclamou ela, quando seus cabelos se soltaram sobre os ombros, e os beijos tentadores dele enviavam-lhe correntes irresistíveis de excitação pelo corpo.

Possessivamente, ele percorreu os lados do corpo dela com as mãos, fazendo-a ansiar por mais de seu toque.

— Observadora como sempre, meu amor — murmurou ele. — Agora, se puder me fazer a gentileza de ficar parada por um momento... — Ele voltou sua atenção para os fechos de seu vestido e, deslizando os dedos para dentro, começou a desfazê-los um a um, enquanto seus lábios exploravam a pele exposta dos ombros dela. Quando ele chegou ao último fecho, puxou o vestido para baixo dos braços dela até que ele caísse no chão.

Quando as mãos dele começaram a percorrer as curvas de sua cintura, através da camisola, Elizabeth desistiu de qualquer pretexto de resistência que ainda pudesse existir. Inclinou-se de encontro a ele com um gemido, permitindo-lhe a liberdade de acariciá-la através do tecido fino. O sorriso satisfeito dele, enquanto a sentia estremecer ao seu toque, era apenas o começo.