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O PEQUENO SENHOR RICHARD DARCY colocou as mãos nos quadris e dirigiu-se à gata branca no colo de sua mãe.
— Quando você vai ter aqueles gatinhos? Estou esperando há meses!
— Dias, talvez — corrigiu seu pai.
— Mas foram longos dias — disse o menino sombriamente.
Sua mãe estendeu a mão e revirou seus cachos castanhos.
— Lembre-se, mesmo quando nascerem, o seu gatinho terá que ficar com a mãe dele até ser desmamado.
Richard fez beicinho.
— Quem escolhe o gatinho primeiro, Jenny ou eu?
Seu pai sorriu para o bebê em seus braços.
— Acho que Jenny é um pouco jovem para um gatinho. Talvez você possa escolher um para ela ter quando for um pouco mais velha.
Sua mãe sorriu para ele.
— Um bom plano. Richard, acho que você está mais entusiasmado com os gatinhos do que com sua irmãzinha!
Ele deu um olhar incrédulo. Quem escolheria um bebê que vivia berrando e que nem poderia brincar com uma gatinha?
Richard encontrou um pedaço desbotado de seda na cesta de Bola de Neve e agitou-o com cuidado na frente da sonolenta gata branca. Ela se dignou a estender uma pata para bater nele.
— Ela não está muito interessada — informou seu pai. — Talvez ela precise de uma nova fita. Esta está toda esfarrapada.
— Bola de Neve gosta particularmente dessa fita — disse-lhe o pai.
Sua mãe riu.
— Bola de Neve gostaria particularmente de qualquer fita.
O rosto de seu pai iluminou-se com um sorriso lento e caloroso.
— Muito bem; eu gosto particularmente dessa fita.
Ela sorriu de volta para ele, e era como se estivessem se esquecidos de que Richard existisse.
— Eu também gosto muito dela.
Richard não gostou de ser ignorado.
— O que é tão especial nessa fita antiga?
— Sua mãe me deu — disse seu pai.
Richard enrugou o rosto, perplexo.
— Por que ela lhe deu uma fita? Você não usa fitas, não é?
Seu pai tossiu e cobriu a boca.
— Não, eu não uso fitas. Foi uma prova de sua afeição.
— Ela não deveria ter lhe dado algo que você pudesse usar, como botas ou uma cravat?
Seus pais pareciam achar essa visão eminentemente prática muito divertida mas, felizmente, o tio Richard entrou e se agachou ao lado do menino.
— Permita-me lhe contar um segredo, jovem. As mulheres nem sempre são práticas em matéria de amor – nem os homens.
— Bem, espero que nenhuma garota tente me dar fitas — anunciou Richard.
Depois, acrescentou, generoso:
— Mas, se me derem, vou dá-la para Bola de Neve.