A GUERRA CIVIL ANGOLANA
Número de mortos: 500 mil1
Posição na lista: 70
Tipo: guerra civil ideológica
Linha divisória ampla: MPLA versus Unita
Época: 1975-94
Localização e principal Estado participante: Angola
Estados participantes secundários: Cuba e África do Sul Principal não
Estado participante: Unita
Quem geralmente leva a maior culpa: Jonas Savimbi
Outra praga: a guerra civil africana
Fatores econômicos: petróleo, diamantes
Àprimeira vista, essa guerra se parece extremamente com a que ocorreu em Moçambique (ver “A Guerra Civil Moçambicana”), mas com nomes diferentes. Patrocinados pela ajuda soviética, guerrilheiros marxistas, neste caso o Movimento Popular pela Libertação de Angola, ou MPLA, apossaram-se do país quando os portugueses partiram em 1975. A África do Sul apoiou uma insurreição para evitar que os rebeldes se intrometessem nos seus assuntos. A guerra esfriou depois que os patrocinadores estrangeiros entraram em colapso, mas substitua “Renamo” por “Unita” e nós temos nosso capítulo.
Na década de 1980, os rebeldes da União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita), liderados pelo carismático bandido Jonas Savimbi, conseguiram isolar um terço do país como seu enclave autônomo. Além da ajuda da África do Sul, os Estados Unidos, a Costa do Marfim e Mobutu Sese Seko, do Zaire (ex-Congo), apoiavam a luta de Savimbi contra o governo do MPLA.
Diferentemente de Moçambique, Angola tem alguns recursos naturais óbvios: diamantes e petróleo. A guerra mantinha a produção baixa, o que elevou os preços, de modo que as poucas empresas que aceitavam correr o risco de ficar entre o fogo cruzado obtiveram bons lucros. Essas companhias geralmente tinham de manter grandes exércitos particulares, o que lhes dava liberdade para explorar os recursos onde quer que desejassem, sem competição e conflitos trabalhistas. As empresas que exploravam diamantes frequentemente fuzilavam quem fosse pego perto das minas da companhia, tentando garimpá-los por conta própria. Até mesmo fazendeiros trabalhando em suas plantações podiam ser confundidos com mineiros ilegais e fuzilados.2
A guerra angolana atraiu mais tropas estrangeiras do que a média dos conflitos africanos. Cinquenta mil combatentes cubanos ajudaram a sustentar o MPLA,3 enquanto soldados sul-africanos muitas vezes cruzavam a fronteira para perseguir insurgentes que entravam na Namíbia, país-satélite da África do Sul, alegando que a comunidade abrigava terroristas; entretanto, a maioria deles, talvez todos eles, era de não combatentes.
Foi negociado um cessar-fogo em 1991, e eleições multipartidárias foram realizadas no ano seguinte, mas, quando percebeu que iria perder a eleição, Savimbi retomou a luta. Mais um ano de conflitos matou outros 100 mil angolanos antes que fosse oferecido a Savimbi um acordo com compartilhamento do poder. Ele recusou, mas na ocasião seus antigos patrocinadores já estavam cansados dele. A Unita sofreu um embargo, e o presidente norte-americano Bill Clinton finalmente reconheceu o MPLA como o legítimo governo do país em 1994. Esse ano é considerado, oficialmente, o do término da guerra.
Sem patrocinadores estrangeiros, apenas o contrabando de diamantes manteve Savimbi financiado, e ele foi sendo empurrado cada vez mais para partes pouco importantes do país, sendo finalmente morto num combate com as forças governamentais em 2002, depois do que a Unita se aquietou.