A ÁFRICA PÓS-COLONIAL
As guerras civis em Angola, Moçambique e Uganda são típicas dos conflitos que convulsionaram toda a África durante os últimos quarenta anos. Aqui está uma lista rápida das mais sangrentas guerras civis no continente depois da independência:
Se você achar difícil guardar de memória todos esses países, não se preocupe. Seus nomes e características não são importantes. Os países africanos raramente correspondem a qualquer entidade nacional autêntica. O continente foi arbitrariamente fatiado entre as potências coloniais nas grandes conferências europeias no século XIX. Uma fortaleza costeira ou uma missão cristã eram o bastante para justificar seccionar um pequeno território da região que a rodeava, e traçar uma linha reta entre dois marcos territoriais do mapa era geralmente a forma mais fácil de delinear territórios. Esses pequenos enclaves eram então reunidos em enormes impérios, que despachavam borracha, marfim, ouro, cobre, café e diamantes pelos oceanos.
Pelo começo do século XX, esses territórios foram sendo trocados por concessões em outras regiões, ou então eram colocados num pote, como fichas de pôquer, durante cada guerra que ocorria na Europa. Em cada colônia, as potências europeias geralmente escolhiam um grupo étnico sobre todos os outros, a fim de educar e treinar seus membros como funcionários públicos civis e sargentos do exército, criando assim uma minoria local que sustentava o status quo. Isso criou um ciclo de privilégios e ressentimentos que continuou depois da independência. As nações africanas que se libertaram nas décadas de 1960 e 1970 não tinham outra identidade específica que não fosse como ex-colônias de outra potência. De modo geral, cada novo país continha uma infeliz mistura de inimigos tradicionais que brigavam como gatos num saco.
Entretanto, o imperialismo foi apenas o começo. A maioria dos países africanos já é atualmente independente, ao mesmo tempo que ficaram sob o domínio colonial, e tem sido igualmente explorada por seus líderes nativos que assumiram o poder com a independência. De modo geral, esses líderes usaram a retórica anticolonialista, anticomunista e anticapitalista, o que funcionasse, para aliciar apoio nacional e internacional, e para ficar com as mãos livres para saquear seus países em prol do ganho pessoal.
Os melhores desses líderes poderiam ter sido saudados como déspotas esclarecidos na Europa do século XVIII. Certamente, ficaram com a melhor parte, colocaram parentes na folha de pagamentos e jogaram na cadeia editores de jornais sem papas na língua, redirecionaram certos impostos de volta para escolas, clínicas, estradas e a rede de energia elétrica, e forçaram as corporações multinacionais a pagar um preço justo pela extração de recursos nacionais. Os tiranos medíocres da África roubaram mais, oprimiram mais, desperdiçaram enormes somas de dinheiro em projetos ostentosos, de vaidade pessoal, e trocaram, sem remorsos, os recursos nacionais por suborno. Os piores deles construíram cultos paranoicos de personalidade, e depois partiram para livrar seus domínios de qualquer um que deixasse de apreciar sua magnificência. Apenas na década de 1990 nós começamos a ver algumas nações africanas se tornarem democracias viáveis.a
Os diplomatas africanos afirmam que redesenhar as fronteiras é uma prioridade muito mais baixa do que resolver os muitos problemas sociais e econômicos do continente. Mesmo assim, o futuro provavelmente verá muito mais guerras, enquanto a África ajusta suas fronteiras para adequar a distribuição étnica ou a ajusta para adequar suas fronteiras. Ambas as soluções envolvem a participação de exércitos.
a Exceto no caso de Botsuana, que virou uma democracia desde sua independência em 1966. Isso é tão incomum que merece ser citado.