Capítulo 31

Evite falsos estímulos

Enquanto tentam parar de fumar usando o Método da Força de Von tade, muitos fumantes procuram se motivar criando falsos estímulos. Há muitos exemplos desse fato. Um dos mais típicos é: “Po derei relaxar alguns dias num hotel aconchegante com o dinheiro que vou economizar.” Essa parece ser uma abordagem lógica e sensata, mas, na verdade, é falsa, pois qualquer fumante que se preze prefere fumar 52 semanas por ano e não ter férias. Nesse caso, o fumante tem uma dúvida em mente, pois, além de abster-se por 52 semanas, ele não tem certeza se vai aproveitar a viagem sem poder fumar. Tudo isso leva o fumante a pensar que está fazendo um sacrifício ainda maior e a ver o cigarro como algo ainda mais precioso. Em vez disso, concentre-se no outro lado da questão: “Do que estou me livrando? Por que preciso fumar?”

Outro exemplo de falso estímulo: “Terei dinheiro para comprar um computador mais moderno.” Pode ser verdade e isso pode motivá-lo a parar até conseguir comprar o tal computador. Mas, assim que a novidade tiver passado, você vai se sentir privado do cigarro e, mais cedo ou mais tarde, acabará caindo de novo na armadilha.

Há ainda os acordos feitos no trabalho ou em família. Esses pactos têm a vantagem de eliminar a tentação em certos períodos do dia. Entretanto, eles costumam fracassar pelas seguintes razões:

  1. O estímulo é falso. Por que você iria querer parar de fumar só porque outras pessoas estão fazendo o mesmo? Tudo isso cria uma pressão adicional, o que aumenta a sensação de sacrifício. Seria ótimo se todos os fumantes realmente quisessem parar em determinado momento. Contudo, não se pode forçar ninguém a largar o vício. Embora a maioria dos fumantes deseje, secretamente, abandonar o cigarro, enquanto eles não estiverem prontos para tomar essa decisão, esse tipo de pacto só vai causar mais estresse e ânsia de fumar.
  2. A teoria da “Maçã Podre” ou da interdependência. Quando utiliza o Método da Força de Vontade, o fumante enfrenta um período de penitência durante o qual espera que o desejo de fumar desapareça. Se ele desistir, terá uma sensação de fracasso. Com o Método da Força de Vontade, um dos participantes, cedo ou tarde, tende a desistir. Os outros agora têm a desculpa pela qual esperavam. Eles não têm culpa. Teriam agüentado. O problema é que Fred os deixou na mão. A verdade é que a maioria deles já estava fumando secretamente há algum tempo.
  3. A teoria de “Dividir o Crédito” é o contrário da “Maçã Podre”. Nesse caso, a sensação de fracasso não é tão ruim quando dividida. Há um maravilhoso sentimento de sucesso quando paramos de fumar. Quando você tenta parar sozinho, o aplauso que recebe dos amigos, parentes e colegas pode ser um enorme incentivo nos primeiro dias. Quando todo mundo está parando ao mesmo tempo, o crédito precisa ser dividido, e o estímulo, conseqüentemente, é reduzido.

Outro exemplo clássico desses falsos estímulos é o suborno (por exemplo, um pai que oferece dinheiro para um adolescente parar de fumar, ou uma aposta do tipo “Eu lhe darei 400 reais se não fraquejar”). Uma vez, vi um caso interessante num programa de televisão. Um policial que tentava parar de fumar colocou uma nota de 20 libras (cerca de 80 reais) em seu maço de cigarros. Ele havia feito um pacto consigo mesmo: poderia fumar outra vez, mas antes teria de colocar fogo na nota guardada no maço. Isso o fez parar durante alguns dias, mas ele acabou queimando o dinheiro.

Pare de enganar a si mesmo. Se os 60 mil reais que um fumante gasta em média durante a vida, o enorme risco de adquirir terríveis doenças, a tortura mental e física, o fato de ser desprezado por grande parte da população e por si mesmo – se nada disso o faz parar, não serão alguns falsos incentivos que farão diferença. Ao contrário, o sacrifício vai parecer ainda maior. Continue olhando para o outro lado do cabo-de-guerra.

O que o cigarro faz por mim? ABSOLUTAMENTE NADA.

Por que preciso fumar? VOCÊ NÃO PRECISA! ESTÁ APENAS PUNINDO A SI MESMO.