CAPÍTULO 4
Como construir a confiança
A base de qualquer relacionamento, dentro ou fora do trabalho, é a confiança. Quando um grupo de pessoas não confia em seu líder ou em um ou mais de seus colegas, não se faz nenhum progresso.
O sucesso ou fracasso de um líder depende da confiança de seus seguidores. Se as pessoas confiam em você, qualquer coisa que diga pode ser ouvida. Se não confiam, então grande parte do que você disser vai entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Não é preciso muito para que uma pessoa perca a confiança em outra. Se o líder faz uma promessa e depois não consegue cumpri-la, a confiança é perdida. Se, uma vez, um funcionário sonegar informações necessárias aos outros, ninguém confiará nele novamente.
Reconstruir a confiança não é fácil. Se a falta de confiança acontecer entre membros de um grupo, o líder poderá intervir para diminuir o problema. No entanto, se o líder perdeu a confiança do grupo, vai ser necessário um esforço extraordinário para restabelecer uma relação de confiança.
Uma das maneiras de produzir confiança em uma equipe ou grupo que você lidera é incentivar seu pessoal a cultivar um espírito de independência para a realização de seus planos. Dê a eles a oportunidade de se expressarem em seu trabalho. Em vez de serem uma mera engrenagem numa máquina, incentive-os a ter o seu próprio pensamento e a realizar suas próprias ideias, na medida do possível, mesmo trabalhando para outra pessoa.
Perguntaram a Nathan Straus, que foi presidente da loja de departamentos Macy’s, no final do século XIX, qual era o segredo do grande sucesso de sua empresa. Ele disse que era o tratamento da empresa em relação à pessoa do outro lado da barganha. Ele disse que a empresa não podia se dar ao luxo de fazer inimigos; ela não podia se dar ao luxo de desagradar ou tirar vantagem dos clientes, ou dar a estes razão para acharem que tinham sido tratados de forma injusta — que, no longo prazo, a pessoa que realizou o negócio mais justo para o indivíduo do outro lado seria a mais rápida a chegar à frente. Isso não é verdade apenas ao se lidar com clientes. Trata-se de um ingrediente essencial para lidar com homens e mulheres com quem você convive, seja como líder, seja como colega, em seu trabalho e em outras inter-relações em sua vida.
Há pessoas que alcançaram posições de liderança por dissimulação, tramoia, dominação dos outros e negociação cruel com os rivais.
Compare as pessoas citadas acima com as pessoas que alcançaram suas posições por meio de procedimentos corretos, tratando os outros com tato e consideração, e que se cercaram de pessoas dotadas não apenas de capacidade, mas também de caráter. De longe, as últimas conseguem mais de seus funcionários, têm moral elevado em suas empresas e são admiradas por todos.
Nós acreditamos instintivamente no caráter. Admiramos as pessoas que apoiam alguma coisa e que são centradas na verdade e na honestidade. Não é preciso que concordem conosco. Nós as admiramos por sua força, pela honestidade de suas opiniões e pela inflexibilidade de seus princípios.
Vamos analisar o caso de Tom Monaghan, que criou e desenvolveu a Domino’s Pizza, e partiu de uma única pizzaria para construir uma rede de milhares de pontos de entrega domiciliar, em cerca de trinta anos. Em 1989, ele decidiu vender sua empresa extremamente bem-sucedida para se concentrar em um trabalho filantrópico.
No entanto, seu plano não deu certo. Após dois anos e meio, a empresa que comprou a rede quase a levou à falência.
Monaghan tomou isso como uma afronta pessoal à sua integridade. Ele passara anos construindo a empresa, e desenvolvendo uma relação de confiança com seus clientes e empregados; e ela agora estava destruída. Ele comprou a empresa de volta e decidiu reconstruí-la e restabelecer a antiga confiança.
Tom Monaghan mobilizou todos os seus esforços, não apenas para devolver à Domino’s a sua importância original, como também para expandi-la para 6 mil lojas — das quais 1.100 encontram-se em outros países que não os Estados Unidos.
Com a rede outra vez sob sua direção, Monaghan se deparou com um desafio novo e sério. A Domino’s lançou sua promoção mais importante com a garantia de rapidez na entrega. Ela garantia que o cliente receberia sua pizza dentro de 30 minutos.
Isso levou a uma série de ações movidas por pessoas que alegaram lesão em acidentes provocados por motoristas de entrega da Domino’s, que se apressavam para cumprir o prazo. A família de uma mulher supostamente morta por um motorista da Domino’s, em Indiana, recebeu 3 milhões de dólares. O golpe final veio quando uma outra mulher recebeu 78 milhões de dólares. Depois disso, a Domino’s retirou a garantia dos 30 minutos.
Apesar da catástrofe financeira, Monaghan recusou-se a desistir. Uma vez mais ele resolveu restabelecer a confiança que tinha sido prejudicada. Colocou mais dinheiro, tempo e energia na empresa e a resgatou novamente. Através de sua persistência e atitude positiva, ele seguiu em frente e inspirou sua equipe com o espírito vencedor que fez da Domino’s a número 1 em seu setor.
Em vez de se preocupar com o que as pessoas dizem a seu respeito, por que você não usa o seu tempo tentando realizar algo que elas venham a admirar?
DALE CARNEGIE
Não faça promessas que não pode cumprir
Todos nós fizemos promessas que não conseguimos manter. Fizemos essas promessas de boa-fé; porém, circunstâncias sobre as quais não tivemos controle tornaram impossível cumpri-las.
Steve prometeu a Alicia, sua assistente, que lhe daria um aumento de salário no final do ano. Infelizmente, a empresa teve um ano muito ruim e todos os salários foram congelados. Alicia ficou desapontada, é claro, mas não perdeu a confiança em Steve, apesar de o aumento não ter chegado, pois ele havia feito a recomendação.
Desmond prometeu à sua equipe que todos receberiam bônus se completassem o projeto antes do programado. Entretanto, Desmond não tinha autoridade para fazer tal promessa e, quando o bônus não veio, ele perdeu a confiança de sua equipe.
É muito difícil, se não impossível, recuperar a confiança das pessoas que foram enganadas. É improvável que os membros da equipe de Desmond sejam novamente motivados por ele a trabalhar além da conta em missões futuras.
Todos devem desenvolver a confiança
O desenvolvimento da confiança não fica limitado aos líderes de uma organização. É essencial que todas as pessoas conquistem a confiança de seus colegas — seja no trabalho ou em outros aspectos de suas vidas.
Todos nós conhecemos funcionários que são especialistas em evitar o trabalho duro. De fato, quando conspiram, esquivam-se e tentam evitar trabalhar com afinco no desempenho de suas funções, eles trabalham mais duro do que trabalhariam se tentassem fazer o seu melhor e tivessem prestado o maior e mais generoso serviço possível aos seus empregadores. O trabalho mais duro no mundo é aquele que se faz a contragosto. Pessoas que agem assim nunca são merecedoras de confiança por parte dos outros, e é pouco provável que sejam bem-sucedidas em qualquer atividade a que se dediquem.
Seus patrões vão confiar em você, caso você decida dar o melhor de si e nunca se rebaixar contentando-se com menos. Conduza-se de tal maneira que sempre possa se olhar ao espelho sem pestanejar; então, você terá uma coragem nascida da convicção, da nobreza e da integridade pessoal, que nunca foram manchadas.
O que o seu empregador ou os colegas de trabalho pensam a seu respeito, e mesmo o que o resto do mundo pensa a seu respeito, não tem nem a metade da importância do que você pensa sobre si mesmo. Os outros ficam pouco tempo com você durante a vida, em comparação com o tempo que você fica consigo mesmo. Você tem que conviver consigo próprio dia e noite, por toda a existência, e não pode se dar ao luxo de perder sua integridade.
Tenha coragem de ser verdadeiro
Dizem que o mundo está sempre procurando por aqueles que não estão à venda, que são honestos e confiáveis. Tais pessoas podem dizer a verdade e olhar o mundo direto nos olhos. Elas não se vangloriam nem fogem. São pessoas que podem ter coragem sem fazer alarde e que conhecem e cuidam de seu próprio negócio. São pessoas que não vão mentir, esquivar-se nem trapacear, que não têm medo de dizer “não” com ênfase, e que não têm vergonha de dizer: “Eu estava errado.”
Integridade: a força vital da confiança
O dicionário define integridade como a possessão de princípios firmes: a qualidade de possuir e aderir resolutamente aos princípios morais elevados ou padrões profissionais. A menos que uma pessoa tenha integridade, não há possibilidade de ser confiável.
O primeiro componente da integridade é a honestidade. A honestidade por si só não pode garantir o sucesso, mas mesmo os fracassos serão honrados e não vão prejudicar o caráter e a reputação de alguém.
A negociação justa é admirada por todos, mesmo o desonesto admira isso nos outros; e as pessoas que lidam justamente com outros em todas as suas transações, que falam a verdade e cumprem com seus contratos, mesmo quando estes geram sua própria perda, serão consideradas confiáveis.
As pessoas honestas não têm nada a temer. As pessoas com quem elas trabalham ou interagem confiam nelas e as apoiam, tanto em tempos ruins como nos bons.
E esse destemor é, por si só, uma fortaleza em sua vida. Ele vai apoiar sua vida em todas as emergências, permitindo-lhe lutar corajosamente contra as dificuldades, e no final assegurará o sucesso em seus empreendimentos.
Ter um propósito é o resultado direto daquela força de caráter que a integridade fomenta. As pessoas com integridade têm objetivos diretos e propósitos fortes e inteligentes. Elas não conjeturam nem trabalham no escuro. Todos os seus planos têm em si um pouco daquela fibra moral sobre a qual o caráter delas é construído.
Vendo todas as coisas sob uma perspectiva moral, e sempre considerando as consequências morais, tais pessoas ficam em um terreno mais firme e mais elevado do que se encontrariam se simplesmente considerassem as coisas em função da política e da conveniência. A moralidade sempre tem vantagem sobre a conveniência. Seus propósitos sempre vão até muito abaixo da superfície e são, portanto, mais firmes e seguros, mais fortes e duradouros. Há uma franqueza inata também relacionada à integridade, que permite ir direto ao ponto, e faz com que o fracasso seja quase impossível.
Pessoas dotadas de integridade têm propósitos consistentes, e propósitos consistentes levam a realizações consistentes. As pessoas íntegras são fortes, e essa força é manifestada com aquele rigor com o qual elas conduzem suas vidas — um rigor que impõe respeito, admiração e sucesso.
Um bom exemplo disso é a ação adotada pelo CEO da Coca-cola, Roberto Goizueta, quando a empresa tomou a decisão de mudar a fórmula da Coca-Cola e lançou a New Coke. A reação do público chocou a empresa. Apesar do resultado da pesquisa de mercado realizada pela empresa, os consumidores não gostaram da New Coke e queriam a antiga fórmula de volta. Um homem com menos integridade teria mantido sua decisão e derramado dólares de publicidade para salvar sua ideia, porém Goizueta engoliu seu orgulho e trouxe de volta o produto antigo, sob o novo nome Classic Coke. Sua decisão foi acertada. Em pouco tempo a New Coke desapareceu do mercado, enquanto a Classic Coke recuperou sua posição de há tempos — o primeiro lugar.
Existem quatro, e não mais do que quatro, maneiras de termos contato com o mundo. Somos avaliados e classificados por esses quatro contatos: o que fazemos, como aparentamos ser, o que dizemos e como dizemos.
DALE CARNEGIE
Outro executivo cuja integridade regeu suas atividades de negócio é John Templeton, o fundador da Templeton Fund (agora Franklin-Templeton Fund), um dos fundos de investimento mais rentáveis. Como filosofia de negócios, ele acreditava que as pessoas mais bem-sucedidas frequentemente são as que possuem maior integridade.
Templeton disse que tais pessoas tendem a ter uma compreensão mais profunda da importância da ética nos negócios, e que se pode confiar nelas para tomar medidas plenas, além de não enganarem os seus clientes.
Contudo, os princípios mais éticos, insistia Templeton, vêm do que se passa na mente. “Se você está enchendo sua mente com pensamentos dóceis, amáveis e úteis, então suas decisões e ações serão éticas.”
O trabalho duro, a honestidade e a perseverança são a base da filosofia de Templeton. “Os indivíduos que aprenderam a investir em si mesmos, em seu trabalho, são bem-sucedidos. Eles ganharam o que eles têm. Mais do que simplesmente saberem o valor do dinheiro, eles sabem seu próprio valor.”
Os negócios que não aplicam padrões éticos, de acordo com Templeton, ignoram o fator humano e, inevitavelmente, falham.
Em geral, as pessoas que levam vantagem em suas transações adquirem má reputação e, em pouco tempo, outras pessoas deixam de querer fazer negócios com elas.
Por trabalharmos duro para ser fiéis, honestos e responsáveis perante nossos investidores, e por termos colocado o bem-estar financeiro deles acima de tudo, é que conseguimos criar um registro superior. O único sucesso que vale a pena ter, afinal, é o sucesso que alcança e toca os outros.
Esteja lá para o seu pessoal
Quando as pessoas são sondadas sobre o que mais querem de um chefe, uma resposta que quase sempre aparece dentre as poucas com maior incidência é: “Um chefe em quem eu possa confiar — um chefe que esteja lá para mim.” O que isso realmente significa? Como pode um supervisor “estar lá” para o seu pessoal?
Comunique-se
Debby considera sua chefe, Linda, a melhor chefe que ela já teve.
Linda sempre me permite saber o que está acontecendo. Se ela prevê que teremos de trabalhar além do horário do expediente, ela nos permite saber com antecedência suficiente para que possamos fazer planos. Claro, há momentos em que a ordem para nos apressarmos vem de modo inesperado, mas aceitamos porque é a exceção, não a regra. Recentemente, houve um rumor de que talvez acontecessem algumas demissões. Linda investigou e soube que nosso departamento não seria afetado. Ela nos deixou a par de imediato.
Steve não está feliz com o seu chefe.
Ele nunca me dá uma posição a respeito de desempenho. Ao dar-lhe uma parte finalizada de trabalho, nunca sei se ela está apenas boa ou muito boa. Caso não esteja satisfatório, ele apenas joga o trabalho de volta para ser refeito. Ele nem mesmo me diz como eu poderia melhorar o meu trabalho. Tenho de ir até meus colegas de trabalho para obter ajuda.
Bons supervisores deixam seu pessoal saber em que ponto estão. Se o trabalho for satisfatório, eles devem reconhecer isso; e se for especialmente bom, devem elogiá-lo. Se o trabalho não cumpre os padrões, os supervisores têm de ajudar seus funcionários para que eles possam melhorar. O reconhecimento e o elogio reforçam o bom trabalho e a crítica construtiva costuma ser bem-vinda. A maioria das pessoas tem o desejo de melhorar.
Ouça
“A coisa que eu mais gosto no meu chefe é que ele de fato me escuta”, Diane confidenciou.
Recentemente, tive um problema no trabalho e discuti a questão com ele. Além de me destinar todo o tempo de que eu precisava, meu chefe realmente tentou compreender o que eu estava enfrentando e me deu alguns bons conselhos.
Ouvir não é fácil. Muitas vezes, os supervisores têm preocupações demais e uma agenda lotada. O problema que o empregado lhes traz pode parecer trivial, mas para o empregado é importante.
Seja um ouvinte ativo. Os ouvintes ativos não apenas sentam e ficam parados ali, ouvindo. Eles fazem perguntas sobre o que a outra pessoa acabou de dizer. Eles parafraseiam. Mostram que estão ouvindo através de linguagem não verbal. Quando as pessoas percebem que você está ouvindo, elas sabem que você está realmente interessado no que elas dizem.
Seja um ouvinte compreensivo. Coloque-se no lugar da pessoa. Como você se sentiria se você se deparasse com uma situação semelhante? A compreensão não apenas permite que você entenda o problema da pessoa, mas também deixa que a pessoa saiba que você compreende de fato.
Treine
Meu chefe, gaba-se Dave, me ensinou tudo o que eu sei sobre este trabalho. Ele está sempre pronto para ensinar a todos nós sobre os desenvolvimentos mais recentes nesse campo. Quando trouxemos aqueles novos computadores, ele passou horas de seu tempo “aprendendo todos os atalhos e truques que poderíamos usar para tornar o trabalho mais fácil e, depois, ele nos ensinou todos eles.”
Uma das principais funções de um supervisor é treinar pessoas, porém muitos deles limitam suas atividades de treinamento ao básico e esperam que cada pessoa continue a aprender individualmente. As pessoas devem ser incentivadas a estudar por conta própria, mas o exemplo e o apoio do supervisor é a melhor inspiração para que façam isso. O treinamento proporciona habilidades que tornam os trabalhos mais fáceis de executar, além de promover um sentimento de importância pela habilidade adquirida. Isso torna os funcionários mais valiosos para a empresa, e muitas vezes traz mais estabilidade no emprego.
Ajude o seu pessoal a crescer
Incentive seu pessoal a aprender o máximo possível sobre as suas áreas de carreira. Sugira cursos ou seminários que eles possam fazer, além de livros ou artigos que devam ler. Não limite isso apenas aos aspectos técnicos do trabalho. Para ajudá-los a desenvolver de fato seus próprios potenciais, sugira programas de autoaperfeiçoamento, comunicação e relações interpessoais — os aspectos intangíveis, que muitas vezes fazem a diferença entre o desempenho medíocre e o excelente.
Preocupe-se de verdade com o seu pessoal
Quando a mãe de Kathy morreu, sua chefe, Bárbara, não apenas compareceu ao funeral mas também a visitou durante o período de luto. Bárbara garantiu a Kathy que ela fazia falta na empresa e que não precisava se preocupar com o trabalho. Quando Kathy voltou, sentiu-se muito mais próxima de Bárbara e estava ansiosa para agradá-la. Ela percebeu que Bárbara estava interessada nela como pessoa de maneira sincera.
Tenha interesse por seu pessoal. Mas tome cuidado. Alguns indivíduos são muito sensíveis em relação à sua privacidade. À medida que você conhece cada um de seus funcionários, pode determinar até onde pode sondá-los sobre assuntos pessoais. Sim, é importante saber sobre os familiares dos funcionários, bem como sobre seus interesses e hobbies, mas evite envolver-se com a vida deles, a não ser que seja convidado a proceder dessa forma. Mesmo assim, seja objetivo. Mostrar preocupação por alguém não significa conduzir-lhe a vida.
É claro que o seu interesse deve ser de fato sincero. O interesse fingido sempre virá à tona, e isso leva à perda de respeito e do relacionamento. Isso não deve ser interpretado no sentido de que os supervisores devam gastar um tempo enorme conversando sobre assuntos pessoais com os funcionários. No entanto, de tempos em tempos, alguns minutos de conversa sobre assuntos que sejam de preocupação real para algum funcionário produzirão efeito na lealdade, no comprometimento e no melhor desempenho.
Confie no seu pessoal
Para ser um líder bem-sucedido, você deve não apenas conquistar a confiança das pessoas que lidera, mas também ter confiança nelas.
Wally L. era um desses chefes que acham que precisam ter controle total sobre o seu departamento. Ele supervisionava 12 técnicos e, embora eles fossem competentes, Wally verificava e reverificava seus trabalhos após — e muitas vezes durante — cada tarefa. Devido ao fato de a rotatividade de seu departamento estar bem acima da das outras unidades, seu chefe o chamou para discutir o caso.
— Wally, nossas entrevistas de demissão mostraram que todas as pessoas que deixaram o seu departamento fizeram a mesma reclamação. Elas se ressentiram do seu controle meticuloso em relação ao trabalho deles. Você contrata pessoas boas. Você tem de deixá-las fazer seu trabalho.
— Mas eu sou o responsável pelo trabalho do meu departamento — respondeu Wally. — Se eu não ficar em cima deles, não estarei fazendo o meu trabalho.
— Wally, os funcionários bons devem ter a permissão de fazer o seu trabalho sem que alguém fique olhando por cima dos ombros deles o tempo todo. Eu sou o responsável pelo seu trabalho, mas não fico observando cada movimento que você faz, porque confio em você. Você tem que confiar no pessoal que trabalha para você.
— Mas se eu os deixar sozinhos, não vou detectar os erros a tempo de corrigi-los, ou talvez nunca os detecte.
— Há outras maneiras de manter o controle sem ser de forma tão meticulosa. Existem técnicas comprovadas sobre como delegar o trabalho de modo eficaz. Aprenda-as e aplique-as.
Wally pensou bastante sobre o assunto. Estava com medo de desistir de seu controle rigoroso, mas sabia que isso tinha de ser feito. Foi duro para Wally deixar de controlar seu pessoal de modo meticuloso. Quando a tentação de olhar sobre os ombros de um técnico veio, ele disse a si mesmo: “Não faça isso. Você tem que confiar nele.”
Com o tempo, Wally fortaleceu a confiança de que precisava em relação a cada trabalhador e reconheceu que os erros, embora ocorressem de tempos em tempos, eram facilmente detectáveis por um técnico nos pontos de verificação e corrigidos.
O trabalho tornou-se mais fácil para Wally, além de a tensão em seu departamento ter diminuído e a rotatividade de pessoal ter acabado. Um outro resultado foi que a confiança dos funcionários de Wally em relação a ele aumentou e que eles estavam mais receptivos às suas ideias e sugestões quando oferecidas.
Se você pode levantar sua cabeça e admitir que estava errado, então um ato errado pode beneficiá-lo. Pois admitir um erro não apenas aumentará o respeito dos outros por você, mas aumentará sua própria autoestima.
DALE CARNEGIE
Conquiste o respeito do seu pessoal
Um supervisor não obtém o respeito e a confiança de seu pessoal de forma automática. Eles devem ser conquistados. Aqui estão algumas maneiras de conquistá-los.
Seja bom no que você faz
As pessoas respeitam o profissionalismo. Isso não significa que você tenha de ser capaz de fazer as tarefas de cada um de seus funcionários melhor do que eles próprios. De fato, quanto mais alto o nível em que a pessoa chega no gerenciamento, menor a probabilidade de ela ser capaz de realizar muitas das tarefas feitas por seus subordinados. É improvável que o presidente de uma empresa tenha capacidade para operar cada tipo de equipamento ou programa dos computadores usados na empresa. Mesmo nos escalões de nível gerencial, as pessoas provavelmente serão obrigadas a supervisionar funcionários que desempenham tarefas bem diferentes delas próprias. Porém, se você trabalhar de forma profissional, seu pessoal vai respeitá-lo, seja qual for a sua atividade.
Trate o pessoal de forma justa
A menos que trate os seus funcionários de forma equitativa e justa, você não apenas deixará de conquistar a confiança deles mas também agravará o ressentimento contra você. Isso não significa que todos tenham de ser gerenciados do mesmo modo. As pessoas são diferentes umas das outras e os bons supervisores aprendem essas diferenças, e adaptam a maneira como lidam com cada uma delas de acordo com suas individualidades.
Richard é uma pessoa que precisa de reforço constante. Marianne trabalha melhor quando deixada por conta própria. Não é injusto que o chefe de ambos passe mais tempo com Richard e o elogie a cada pequena melhora, enquanto elogia Marianne apenas nas realizações especiais.
Defenda o seu pessoal
Caso o seu departamento tenha uma disputa com outro departamento, defenda o seu pessoal, mesmo que isso não seja politicamente conveniente.
Mark, o chefe de Eileen, invadiu seu escritório:
— O que o seu pessoal está tentando fazer? — berrou ele. — O pessoal da Cora não pode começar o projeto deles enquanto você não lhes der os dados. Ela pediu isso várias vezes, e tudo o que obteve foi a velha desculpa de que “o computador está lento”. Qual é o problema com os seus funcionários?
Eileen não quis contrariar o seu chefe, mas sabia que seu pessoal estava fazendo o possível para obter os dados e que eles realmente enfrentavam problemas com um programa novo no computador. Ela respondeu:
— Mark, nós estamos tão ansiosos quanto Cora para obter os dados em conjunto, mas o problema do computador é real, não é apenas uma desculpa. Chamei os técnicos da IBM aqui para resolver o problema, e isso deve estar on-line hoje.
Dê crédito à sua equipe pelo que ela fez
Elogie as realizações. Deixe que as pessoas saibam que você está orgulhoso delas e que aprecia o trabalho que realizam. Particularmente quando elas fizerem alguma coisa acima e além de sua obrigação, é bom que você as aplauda.
Por outro lado, uma das coisas mais devastadoras que um supervisor pode fazer é levar o crédito por algo que o seu pessoal fez e reivindicá-lo como sendo seu.
Stan trabalhou em uma nova abordagem para um problema que seu departamento enfrentava. Antes de colocá-la em forma de apresentação para a empresa, ele sondou seu chefe para detectar se havia falhas que tinham sido negligenciadas. O chefe pediu-lhe para adiar a apresentação até que pudesse pensar um pouco mais a respeito.
Alguns dias depois, Stan ficou espantado ao saber que seu chefe tinha apresentado a ideia — com pequenas mudanças — para o chefe dele, e que a reivindicara como sendo de sua autoria. Quando Stan o confrontou, ele respondeu: “Stan, essa não era uma ideia nova. Eu vinha pensando sobre ela já há algum tempo. Estava prestes a apresentá-la, de qualquer maneira.”
Essa ocorrência não apenas destruiu qualquer confiança que Stan tivesse em seu chefe, como todas as outras pessoas no departamento perderam o respeito por ele também.
Gary faria tudo para ajudar o chefe. Quando lhe perguntaram por que ele era tão leal ao chefe, Gary respondeu:
Quando eu tiver algum problema, o Sr. D. fará tudo o que puder para ajudar. Quando houve uma emergência em minha família, ele reorganizou o departamento inteiro de modo que eu pudesse ficar fora da empresa o tempo que eu precisasse. Ele faz de tudo não apenas para me ajudar, mas para certificar-se de que todos no departamento são tratados de forma justa. Nós somos a sua principal preocupação.
Use as habilidades do seu pessoal
Irene fez questão de saber os pontos fortes de cada pessoa de sua equipe. Sempre que chegava um projeto que se ajustava a um dos talentos de seus funcionários, ela o delegava para aquela pessoa. As pessoas, em sua maioria, gostam de trabalhar em assuntos em que tenham um talento especial, e respeitam um chefe que reconhece isso e as deixa utilizar tais talentos.
Quando Carla teve problemas para conseguir as novas habilidades necessárias para operar um computador mais sofisticado, sua chefe Anne trabalhou pacientemente com ela para ajudá-la a superar os obstáculos. Para fazer isso, Anne precisou adiar algum outro trabalho importante, que fez depois de horas fora do horário de trabalho. Quando perguntaram por que ela faria isso, o que significava ter menos tempo com sua família, ela respondeu: “Minha equipe de funcionários também é minha família. Se um deles precisa do meu tempo, então concederei esse tempo.” Ela de fato estava lá para o seu pessoal. Ela ganhou o respeito e a confiança deles.
Construir a confiança com o seu chefe
A confiança é uma via de mão dupla. Você deve ter a confiança de seus subordinados e colegas, assim como deve ganhar a credibilidade e a confiança de seu chefe.
Todos os indivíduos têm um chefe. Mesmo o CEO se reporta aos acionistas, e o proprietário individual deve responder aos consumidores e clientes. Todo líder começa como um seguidor e continua a ser um, independentemente de que nível ele alcance.
O professor Robert Kelley, da Universidade Carnegie Mellon, observou: “As pessoas realmente desempenham ambas as funções (líder e seguidor) e precisam de ambas as habilidades, porém a busca para ser um bom líder pode ser prejudicada se o indivíduo não for um bom seguidor.”
Seja um bom empregado
O primeiro requisito para se ganhar a confiança de um chefe é fazer o trabalho de forma magnífica. O profissionalismo é essencial para o sucesso como líder ou como seguidor. É óbvio que, se você é bom no que faz, seu chefe vai poder depender de você, o que facilitará bastante o trabalho dele e tornará você muito mais valioso.
Quando Sandra começou no primeiro emprego de sua carreira como assistente de marketing, ela pediu ao pai, um executivo muito bem-sucedido, alguns conselhos sobre como ser um bom funcionário. Ele respondeu: “Um bom funcionário é aquele que não faz nada que possa levar o chefe do seu chefe a criticar o seu chefe.”
Isso é importante porque, se o seu chefe estiver livre de problemas, você estará livre de problemas; mas isso por si só não é o suficiente. Você tem de fazer com que o seu chefe pareça estar bem. Para começar, dê sempre o melhor de si, e esse é só o começo. Ao ajudar algumas das pessoas menos eficazes do seu departamento a se tornarem mais eficientes, você não apenas ajuda o departamento como um todo a tornar-se melhor e faz com que o seu chefe se destaque mais mas também exibe as características que farão você sobressair como um potencial líder, além de aumentar a confiança de seu chefe em você.
Antecipe as necessidades do seu chefe
Quando Gloria voltou para o escritório, depois de visitar a Feira de Equipamentos para Empresas no Centro Cívico, ela comentou com seu assistente Steve que estava particularmente impressionada com uma máquina intercaladora eletrônica que tinha visto. Steve adotou como sua primeira prioridade ir ao Centro Cívico e examinar aquela intercaladora. Reuniu alguma literatura e deu uma olhada em algumas dos outras intercaladoras em exposição. Depois que voltou ao escritório, Steve escreveu para os fabricantes de outros equipamentos relacionados para solicitar folhetos. Ele verificou com empresas que estavam usando esse tipo de intercaladora para saber sobre o funcionamento do equipamento e compilou um arquivo sobre os resultados de sua investigação.
Alguns meses depois, Gloria foi ao escritório de Steve e disse: “Steve, eu vi na Feira de Equipamentos para Empresas uma intercaladora que pareceu ter algum potencial para nós. Você poderia obter algumas informações sobre ela?” Steve foi até sua mesa, tirou o arquivo e o entregou à chefe.
Claro, você pode gastar um certo tempo pesquisando assuntos que talvez nunca sejam solicitados; porém, ao trabalhar com alguém durante um determinado tempo, você passa a saber o que tem mais chances de despertar interesse, e a acertar o alvo na maioria das vezes. Ao antecipar as necessidades do seu chefe, além de se tornar mais útil para essa pessoa, você desenvolve a iniciativa e a desenvoltura que o ajudará em sua própria carreira.
Conheça as metas do cargo do seu chefe
Kevin McGrady foi diretor de recursos humanos de sua empresa por muitos anos. Uma de suas metas de longo prazo para o seu departamento era a informatização dos registros dos funcionários. Entretanto, seu chefe não estava muito entusiasmado com isso e, então, ele teve de colocar essa meta em segundo plano. Sua assistente, Beverly Sanders, não tinha o menor interesse em informatizar nada. Contudo, ela compreendeu o quanto essa meta significava para Kevin.
Beverly matriculou-se em um curso de informática em sua faculdade. Leu todos os artigos que pôde localizar sobre informatização de registros de funcionários. Participou de um seminário sobre o assunto e conversou com outras pessoas de recursos humanos que tinham informatizado seus arquivos. Ao fazer isso, ela não apenas foi capaz de ajudar Kevin a desenvolver as ferramentas necessárias para vender esse conceito para o chefe dele, mas também desenvolveu uma riqueza de conhecimento que lhe foi útil no desenvolvimento de suas próprias metas de longo prazo.
Sendo um bom ouvinte e um observador cuidadoso, você pode saber o que o chefe realmente quer do trabalho e, ao aplicar um esforço e um tempo extra nesses projetos, você pode ser extremamente valioso para o seu chefe, ganhar sua confiança e contribuir para a realização das metas.
Ajude o seu chefe a pensar com clareza
Ivan tinha a reputação de ser um iconoclasta. Parecia sempre discordar das políticas da empresa e com frequência trazia ideias que eram diferentes do usual. Ele tinha sido demitido de dois empregos anteriores por causa disso. Quando Ivan passou a trabalhar para o seu atual empregador, resolveu tentar não ser tão crítico; mas sua natureza venceu sua resolução, e em pouco tempo ele estava novamente expondo suas divergências com veemência.
Quando seu chefe o chamou para uma reunião privada, Kevin achou que fosse ser demitido novamente. Entretanto, esse chefe tomou um rumo diferente.
Kevin, você consegue levar as pessoas à loucura, mas faz algo por mim que ninguém jamais fez. Você me faz repensar e reavaliar o que muitas vezes tenho como certo. Você presta um bom serviço, que é necessário. Agora, se você conseguir aprender a ser mais diplomático, pode se tornar um empregado valioso.
Os bons líderes precisam de seguidores que não sejam apenas bajuladores, que sempre concordam com eles. Um bom seguidor não deve ter medo de chamar a atenção de seu chefe para questões relacionadas à ética, à imagem pública e ao julgamento. Dessa forma, o seguidor presta um serviço que não apenas resultará em um gerenciamento melhor por parte do líder, mas também ajudará o seguidor em suas futuras funções de liderança.
PONTOS IMPORTANTES
Para conquistar e manter a confiança dos outros: