Capítulo 6

”Isso é meu," ela disse e estendeu a mão para agarrar a pedra da mão de Keane. A expressão se transformou em indignação quando ele a segurou firmemente, estudando-a.

Embora as pedras pudessem ser raras, elas eram quase desconhecidas para ele. Pequenas e gravadas com símbolos, lembravam a knucklebones (29) — um jogo no qual você colocava quatro ossos dos tornozelos de uma ovelha em um saco. Cada osso tinha quatro lados e cada lado um valor diferente. Jogadores retiravam um osso do saco, e aquele com o maior valor ganhava, mas estas pedras não eram tão facilmente decifráveis, e muito menos o resultado final do vencedor de um jogo. Com o tempo elas sumiram. Una mantinha uma bolsa cheia em sua gruta, transportando-as sempre que Aidan desejava que ela procurasse respostas dos deuses. A única diferença entre estas e as pedras que Uma possuía era que as de Una não estavam marcadas da mesma forma. De qualquer maneira, elas eram valiosas o suficiente para serem roubadas, particularmente se a pessoa soubesse como usá-las. E se Lianae sabia tal coisa ou não ele não sabia, mas ela entendia claramente o valor das pedras porque ela tinha fugido sem os sapatos dela, mas tinha pegado a bolsa, quando os sapatos dela podiam lhe servir muito melhor neste clima inclemente.

E embora ela pudesse ter, pelo menos, tentado fugir, ela tinha passado a última hora à procura das pedras no pátio. Na verdade, ela parecia muito mais preocupada com a perda de suas pedras do que estar em companhia de homens estranhos.

Sorrindo, Keane soltou sua pedra, apesar de suas suspeitas e ela fechou o punho possessivamente sobre ela. De perto, estava perfeitamente claro, que havia um machucado no rosto dela, logo abaixo da maçã do rosto.

Ela roubou as pedras? Elas eram o pagamento de favores dela? Um presente de casamento?

De alguma forma ele não pensava assim.

Ele arrancou um chumaço de pano de veludo vermelho do cinto dele, para mostrar-lhe uma segunda pedra que tinha sido apanhada nas dobras da sua bolsa. Ele entregou a ela. "Você as roubou?” ele perguntou.

"Não."

No entanto, ela parecia querer fugir da questão, mas isso não o impediu de dizer o que ele pensava. "Uma pessoa deve perguntar-se porque uma bela moça que está fugindo, descalça e com um vestido de noiva, com nada mais do que uma capa e uma bolsa de veludo, cheia de pedras com o nome dela."

Ela corou lindamente, desviando o olhar, seu punho ficando branco como as pedras que ela segurava na mão dela. Keane a observou enquanto ela colocava as duas pedras que ele tinha lhe dado na bainha do seu vestido. Agora as bochechas dela estavam cor de rosa brilhante. Ela estava envergonhada porque ele a tinha chamado de bonita?

Ou talvez ela tivesse algo mais a esconder?

Algo mais além das pedras...

"Por que é isso o que você pensa?"

Keane deixou sua pergunta no ar, juntamente com a névoa de sua respiração, até que ele ficou certo de que ela nunca iria responder e então ele decidiu lhe dar um descanso — não que ele achasse que ia conseguir alguma coisa mais da jovem, se ela não quisesse dar, porque seus ombros mostravam teimosia como os da sua irmã Lael. Ele reconhecia um muro de tijolos, sempre que ele via um. A menos que ele tomasse uma postura mais dura, ele também podia deixar as coisas como estavam... por agora.

Por outro lado, se ele esperava por sua permissão para tratar do pé dela, ele ficaria a noite inteira esperando. Descartando o manto de lã, Keane pegou seu breacan (30), e em seguida, sem qualquer explicação ele arrancou uma longa faixa do final dele e depois outra. Glenna, a tecelã, ameaçaria sua masculinidade por arruinar seu pano bom, embora se ele falasse de uma maneira polida, ela faria outro.

"O que você está fazendo?"

"Fazendo um par de chinelos."

Ela parecia atordoada. "Por quê?"

Keane deu-lhe um olhar aguçado, arqueando uma sobrancelha. "Para aquecer os pés por acaso?"

"Mas por que você faria uma coisa dessas?"

"Porque você está com frio e talvez eu não queira vê-la perder os dedos dos pés. Agora me dê o seu pé," ele exigiu, e se inclinou diante dela, segurando sua mão.

Ele podia ver claramente seu orgulho em guerra com o seu desconforto. Sem dúvida, isso lhe servia não para ser dito o que fazer — mesmo quando era para o bem dela. Mas, finalmente, ela cedeu. "Qual deles?”

"O pé direito."

Colocando o pé esquerdo por debaixo do vestido dela, ela deu o direito a ele, e ele quase riu com a sua atitude. Ele não se enganou ao pensar que era porque ela queria provar um ponto — que ela ainda estava no comando.

Mas o sorriso de Keane se desvaneceu no instante em que ele inspecionou as solas dos pés dela. Estavam imundas, mas mesmo com tanta sujeira e disfarçada pela escuridão da noite, ele podia ver as feridas abertas que tinham se formado ao longo de seus calcanhares e nos dedos dos seus pés. Não estava ainda claro de quão longe ela tinha vindo, mas olhando para seus pés, eles podiam dizer que era de muito longe.

Jurando por baixo de sua respiração, Keane passou sua mão suavemente nos dedos dos pés dela, tentando remover a sujeira que ele pudesse. Amanhã, ele iria fazê-la lavá-los no riacho. No momento, era muito mais importante eles ficarem aquecidos. Ele empurrou a saia para atá-lo com a lã e congelou ao ver mais um machucado.

Machucado e preto o tornozelo estava cercado como uma pulseira woad. Ele olhou para a marca por um momento, percebendo que havia apenas uma maneira que ela poderia ter recebido tal contusão. Mas isso era impossível para um marido e mulher — não tinha sido à toa que ela tinha fugido.

Raiva passou por suas veias, embora ele não tenha dito nem uma palavra. Ela estava tensa, esperando uma observação de Keane, mas ele simplesmente envolveu a lã sobre seu pé e tornozelo, tomando cuidado para não feri-la.

E então, mais uma vez, ele pediu seu pé direito. Desta vez, ela deu sem qualquer desafio e ele gastou pouco tempo para envolver esse pé, observando uma contusão ainda maior quase no mesmo lugar.

Filho da puta.

Keane queria perguntar como ela tinha conseguido esses machucados, mas ele realmente não precisava de respostas. Ele conhecia o mundo o suficiente para saber que qualquer que fosse a causa para esses hematomas, tinha tudo a ver com o vestido que ela usava bem como o hematoma na bochecha dela. Se ela tivesse roubado as pedras, bem, bom para ela. Pelos deuses, ele iria ajudá-la a encontrar o resto de suas pedras e com a ajuda do céu o demônio que tinha colocado uma mão em uma mulher. Keane iria quebrá-lo em dois.

"Obrigada," ela disse, assim que Keane finalizou a tarefa.


Aqui, na luz estranha ao redor deles, o rosto dela parecia estar sem sangue, fazendo a contusão ficar ainda mais distinta. Incapaz de se manter longe do problema, Keane estendeu a mão para tocar a mancha escura no rosto dela, mas ela pegou a mão dele. Seus olhares se encontraram.

"Como você conseguiu isso?" ele perguntou, moderando sua raiva.

"Mais do que provável ser da queda que eu tive por causa de você." Ela tirou a mão dele.

Não havia como Keane ter lhe dado esse hematoma. Mas ele não discutiu com ela. Ela podia, na verdade, ter alguns mais na manhã do dia seguinte, mas o da bochecha dela já estava azul profundo contra a sua pele pálida. Esse machucado tinha pelo menos um dia. Seja qual fosse a razão para ela mentir, ela claramente não deseja compartilhar seus problemas com ele.

Você não espera que uma jovem se confesse para um homem que ela não conhece.

Era bem razoável, embora Keane não pudesse ajudá-la muito se ela não falasse com ele sobre isso. Simplesmente porque ele não a conhecia bem o suficiente não queria dizer que ele não mataria o bastardo que ousara encostar um dedo nela — marido ou não. Um feroz senso de proteção subiu através dele quando ele entregou o manto dele para a jovem. E, em seguida, recuperando sua capa, ficou de pé. "Eu vou ajudar você a procurar o resto das suas pedras de manhã. Talvez então você possa ser mais receptiva e dizer-me de onde você é?"

Sua testa se franziu. "Talvez," ela disse.

Mais uma vez seus olhares se encontraram.

"Ou, pelo menos, talvez você me diga para onde é que você deseja que eu te leve?"

Desta vez ela assentiu.

"Você pelo menos pode me dizer o seu nome, moça?"

Flocos de neve caíram sobre seus cílios, e ainda assim ela continuou a olhar para ele, piscando apenas uma vez. "Lianae," ela disse, depois de um longo momento.

"Lianae," sussurrou Keane, repetindo o nome com a mesma reverência que ele tinha dado a Lilidbrugh. "Eu sou Keane," ele disse, parando sem lhe dizer o nome de seus parentes. Pela primeira vez em sua vida, ele se sentiu um homem entre mundos.

Eu pertenço a lugar nenhum, ela tinha dito. Como ela, ele também se sentia assim. Ele não pertencia a Dubhtolargg, nem ao homem cujo libré ele usava. Então, nesse sentido, eles eram almas gêmeas.

Mas para o desespero de Keane, ele espiou um brilho de aviso nos olhos dela, e esta visão conseguiu confundi-lo ainda mais. Ela lhe dava raiva, quando ela deveria ter medo dele, lágrimas em vez de gratidão. As pernas dela estavam feridas, o rosto machucado, e as solas dos seus pés estavam cheias de feridas. Apesar de sua atitude manhosa, seu silêncio era dificilmente qualidade de uma mulher bem nascida. Todas as mulheres que ele conheceu na corte de David — aquelas que se vestiam como ela estava vestida — estavam tão cheias de queixas que Keane se perguntava se havia alguma mulher restante, mais parecida com as suas irmãs — forte de corpo e de espírito.

"Bem, Lianae," ele disse, "você está livre para ir. Mas vai esfriar ainda mais, e se você quiser você pode compartilhar a minha palete. (31)"

Preparando-se para um argumento que nunca começou, ele acrescentou, "para se manter quente, sabe? "Tenho três irmãs, ele assegurou para ela, como se esse fato por si só fosse fazê-la ficar à vontade.

Mais uma vez ela assentiu com a cabeça e umidade cintilou nos olhos dela.

Keane se afastou, para não lhe envergonhar e testemunhar suas lágrimas. Ela era orgulhosa, ele sentiu. E pior, ele suspeitava de que sua bondade a tinha ferido de alguma forma.

No instante em que ele se foi, Lianae parou de chorar. Ela era filha do pai dela, ela lembrou-se, e uma filha de Moray não deveria chorar.

Enquanto a noite ficava cada vez mais escura, um curioso halo cobriu as ruínas, mas o brilho era menos que a luz do fogo e mais um brilho reluzente, não muito diferente da ilusão da luz do dia em uma paisagem com neve. Uma camada de gelo sobre as pedras cobertas de musgo dava as ruínas uma ambiência de uma jóia. Era uma visão estranha, mais estranha ainda pela companhia que estava com ela.

Ele sabia o que as pedras eram. E Lianae sabia. Ela tirou uma para fora da bainha do seu vestido para estudar as marcas.

Seus antepassados Vikings (32) usavam pedras runas (33) como estas para ler a sorte, mas cada pequena pedra era uma runa diferente... ao contrário destas.

Poderiam ser pagamento para o Outro Mundo?

Agora que seu rei era um homem de fé, a prática de deixar pedras sobre os olhos dos mortos tinha ficado no passado, mas uma vez eles tinham usado essa prática como pagamento para Sluag, o Deus do outro reino. Para aqueles que ainda estão na terra dos vivos, as pedras atraiam as forças do Outro Mundo para curar os doentes. E ainda assim, para muito poucos, que viveram entre este mundo e o próximo, as pedras eram vistas como um canal...

Algumas eram formadas por pedras maiores e usadas como keek stane. Mas as de Uhtreda não eram tão grandes. Elas eram pequenas pedrinhas, cada uma com uma única marca — duas luas e um pára-raios entre elas...

Talvez elas pudessem ser usadas para a cura?

Em qualquer caso, elas agora eram de Lianae que se recusava a desistir delas. Felizmente, ninguém parecia interessado em tirá-las dela — nem sequer algumas, pra dizer a verdade. Uma vez que todos os escoceses pareciam pregados as suas paletes, ela meio que esperava um chamado de Keane para a cama dele, mas ele não o fez. Fiel à sua palavra, ele a deixou livre para ir e vir quando quisesse, mas Lianae não desejava se aventurar sozinha pelas ruínas, apesar da sensação de que seus irmãos poderiam estar por perto.

Talvez amanhã.

Com um suspiro, ela levantou-se e fez uma nova varredura da área por causa de suas pedras. De manhã, quando eles pudessem ver um pouco melhor, Keane tinha prometido ajudá-la a encontrar o resto das pedras, mas até lá... ela olhou para a palete dele com ansiedade.

Ela estava procurando em vão.

Apesar do brilho estranho que eles estavam cercados, não havia luz suficiente para fazer a busca, especialmente agora com a neve caindo.

Foi só por acaso que Keane tinha descoberto aquela debaixo da bota, perfeitamente redonda e lisa. Depois de ver as que ela tinha apanhado dentro da bolsa dela, ele tinha percebido o que ela procurava. Quando a manhã chegasse, as pedras restantes deveriam estar todas enterradas na neve e ninguém as encontraria novamente até a Primavera.

No entanto, ele tinha prometido ajudá-la e era isso que ele ia fazer, mas nesse meio tempo ele desejava muito que ela o acompanhasse debaixo dos cobertores.

De onde Keane estava deitado, ele podia ver que ela estava tremendo sob sua capa chique, apesar do benefício adicionado de seu breacan. E apesar de suas ameaças de sair, ela tinha ficado. Agora, ele estava certo de que o que quer que fosse que a aguardava lá fora... ela temia muito mais do que ela temia Keane ou seus homens.

Jovem teimosa.

Lianae o lembrava Lael, embora tivesse uma suavidade nela que sua irmã não possuía. Mas ela era também como a esposa do irmão — espinhosa, mas suave no seu comportamento. Ela parecia, em todos os sentidos, uma lady em sua elegância inglesa, e ainda tinha coragem — um traço que ficava muito bem nas mulheres dún Scoti. Durante anos vivendo e resistindo no Mounth tinham dado as mulheres dún Scoti gostos muito menos complicados, mas elas não eram menos capazes de liderar os seus homens. Mulheres fortes eram valorizadas por seus parentes, e na verdade, no passado, a linha da realeza tinha vindo a eles, não através de seus pais, mas através de suas mães.

Lianae lhe lembrava uma rainha. Como um veio de ouro, seu olhar era atraído para ela.

Ela estava sentada em cima de um alpendre arruinado, aquecendo as mãos com o calor de sua respiração, embora o olhar dela permanecesse em direção da fogueira. De vez em quando, ela espreitava por cima do ombro para a floresta escura, atrás dela, mas ela retornava para olhar ansiosamente para as chamas.

Jovem teimosa, ele pensou novamente.

Cheia de orgulho e muito teimosa, ela preferia congelar a se juntar a seus homens ao lado do fogo. Bem, ela não vai a lugar nenhum, ele percebeu. E ele tinha deixado bem claro aos seus homens que eles deveriam deixá-la em paz. Uma vez que a garota estivesse com bastante frio, ela iria procurar a cama dele, ele não tinha dúvidas. Ela não lhe parecia estúpida ou tola, e em noites como estas, tanto os homens quanto as bestas sabiam muito bem que era melhor não dormir sozinho. Até os cavalos estavam amontoados debaixo da lona e seus homens estavam amontoados um debaixo do outro, com as paletes contíguas que ajudava esquentar o corpo e os cobertores. Juntos num amontoado de membros, Keane tinha a certeza de que nem um único deles iria reclamar sobre pés vagando sob os cobertores hoje à noite. Na verdade, ele estava certo de que os pontos mais cobiçados para se colocar os dedos eram abaixo do rabo de outro homem — não que ele quisesse alguém perto dele.

E ainda assim não tinha sido por isso que ele tinha levado a palete dele para tão longe dos outros. Ele teve duas razões para isso: agora que ele tinha tomado seu lugar como líder deles, era importante ter a certeza de que todos os homens soubessem seus lugares. Anteriormente, ele e Cameron tinham feito uma frente unida, forte, que os reforçava sempre que eles estavam inseguros. Mas a segunda razão, e para ele a mais importante, era simplesmente que ele ficaria muito mais acessível, deitado separadamente de seus homens. Por esse motivo, ele tinha escolhido um lugar meio escondido do resto das paletes, que deveria dar-lhes um pouco de privacidade. Não importava que eles próprios se acreditassem iguais, suas irmãs — todas as três — nunca tinham tido muito interesse em dormir perto dos homens. Nem mesmo Lael, que se considerava igual a Keane e acima da maioria dos homens, não baixaria sua guarda o suficiente para dormir confortavelmente no meio de homens adultos. Só Kellen já tinha merecido uma parte de sua palete — principalmente porque Aidan se recusou a dividir sua cama com um garoto de cinco anos, e de alguma forma Kellen tinha conquistado Lael mais do que o resto de suas irmãs assim que ele chegou a Dubhtolargg. Frequentemente Lael sempre achava um lugar para colocar sua palete e ficar sozinha.

Virando-se de costas, Keane colocou uma mão atrás da cabeça para olhar a noite estrelada, e ficou pensando sobre o filho de Lìli. Ele teria agora dezesseis anos, mas ele não via o rapaz há cinco anos — não desde o dia que Keane deixou o vale. De todos, ele sentia saudade de sua irmã Cailin acima de tudo. Durante grande parte de sua vida, os dois tinham sido inseparáveis.

A noite estava calma, mas havia um aviso no ar que prometia que o tempo ficaria mais frio ainda. Flocos de neve caíam em cima de seus cílios, mas ele particularmente não se importou. Pensando de volta no vale, e quantas vezes ele tinha passado noites como esta... e ele se perguntou o que sua irmã Cailin diria se ela pudesse lhe ver agora... dormindo em um monte de escombros, quando ele costumava dormir no aconchego da sua família.

Em seguida, ele pensou em Meara, a jovem que uma vez ele acreditou que amava. Ele tentou imaginar o rosto dela. Ele não conseguia, depois de tanto tempo. Ela tinha 14 anos quando morreu de febre por causa de um poço contaminado e ela se foi tão rápido que Keane mal teve tempo para piscar. Um dia ela estava rindo, espionando-o na Caoineag Pool e no dia seguinte, ela estava deitada sobre uma pira.

"Posso?" perguntou uma voz suave e feminina, interrompendo o seu devaneio.

Keane piscou os olhos, se virou para encontrar, não Meara, mas Lianae a alguns pés de distância. Não havia nada semelhante sobre elas. Meara tinha um lindo cabelo escuro e os olhos verdes brilhantes, enquanto Lianae lhe lembrava um ídolo brilhante. Com os braços cruzados e tremendo ferozmente, ela olhava para ele ansiosamente — ou melhor, não olhava para Keane, mas para seu cobertor.

Todos os pensamentos de Meara desapareceram rapidamente.

Sorrindo, Keane levantou o cobertor em boas-vindas.


(29) knucklebones - jogo com valetes e dados

(30) Breacan: abreviação de breacan-um-feileadh, ou grande kilt

(31) palete - palavra de origem inglesa (pallet) que significa um estrado de madeira

(32) Vikings - pessoas pertencentes à raça escandinava que viajavam por mar e atacaram as partes norte e sul da Europa entre os séculos 8 e 11, e muitas vezes ficaram vivendo nestes lugares.

(33) Runas são pedras (símbolos) de origem milenar e um dos primeiros oráculos que surgiram no mundo. O alfabeto rúnico é composto por letras, e cada uma possui uma magia e um significado diferente.