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—Tem a certeza de que é uma boa ideia trazer estes fulanos? — perguntou Renata, apontando para os homens que agora estavam amarrados na parte da frente do convés. Viajavam a alta velocidade para o encontro.

— Prometemos-lhes uma troca — sublinhou Kurt. — Teremos, pelo menos, que lhes mostrar a mercadoria.

— Que pensas que irá acontecer quando eles descobrirem que apenas capturámos homens para a troca e que não temos as placas? — perguntou Joe.

— Tiros, explosões e um perfeito caos… — respondeu-lhe Kurt.

— Bem… o costume — concluiu Joe.

— Apenas mais um dia de trabalho — disse Kurt.

Joe começou a rir-se, mas Renata mostrava apenas um sorriso amarelo.

— Eis o verdadeiro problema — disse ela, por fim. — Mesmo que tivéssemos as placas para trocar, eles poderiam não nos dar os D’Campion, especialmente se estes souberem do que aqueles fulanos andam mesmo à procura. Os artigos no museu vieram da coleção D’Campion. Estes escavaram o Sophie C há alguns anos. Isso quer dizer que, para eles, os D’Campion representam um perigo tão grande como os próprios artefactos.

Kurt olhou para o mar, com os seus brilhantes olhos azuis a semicerrarem-se devido à intensidade da luz. Tinha uma dura tarefa pela frente e todas as piadas que dissessem não iriam mudar essa situação. — Temos de os apanhar de surpresa. Com que armas e com que pessoal poderemos contar?

Joe tinha estado a verificar a reserva de munições em espingardas que eles tinham retirado aos prisioneiros. — Duas AK-47 e uma espingarda APS — disse ele. — Mas não temos cargas extra, temos apenas noventa balas para dividir entre três armas de fogo.

— Eu tenho uma Beretta de nove milímetros com uma carga completa de oito balas — acrescentou Renata.

— E eu tenho uma carga de C-4 — admitiu Kurt.

— Isso cobre as armas. Que tal quanto ao reconhecimento?

Renata usou o seu telemóvel para carregar uma imagem satélite da área. — Este foi o lugar que eles escolheram.

Era fácil ver a imagem da baía, em forma de lágrima e rodeada de escarpas de pedra calcária. No seu círculo mais interior, havia uma praia de areia. A água transparente adquiria um tom turquesa ao sol da tarde.

— Que é isto? — perguntou Kurt, apontando uma área da imagem.

Renata aumentou-a. — Edifícios — observou ela. Estavam construídos sobre as escarpas, parecendo ter vários andares e varandas. Uma ponte estreita cortava parte da baía.

— Trata-se de um hotel abandonado — disse ela, arranjando mais informação acerca do local. — Este é o edifício principal. Esta ponte foi desenhada para levar os hóspedes do hotel até à praia.

— E essa ponte está sobre a água, como nas estâncias do Bali? — perguntou Joe.

— Não me parece — disse ela. — Parece ser mais alta para que os barcos possam passar por baixo dela. De acordo com alguma informação que consegui arranjar, deve parecer-se com a Janela Azul, uma formação natural muito famosa que fica a sul desta costa.

Kurt vira essa Janela Azul há alguns anos. Um arco de cortar a respiração, com uma altura de cerca de cinquenta metros, que entrava pelo mar. Alguns viciados em adrenalina, com quem ele viajara, queriam mergulhar lá de cima. Kurt limitara-se a referir-lhes que informaria os familiares mais próximos acerca das suas mortes.

— A ponte vai ser um problema — disse Kurt. — Do mesmo modo que as escarpas em volta da baía. São bons poleiros para os atiradores furtivos e, tal como já vimos, eles têm um ou dois entre eles.

— Talvez os possamos surpreender por trás — sugeriu Joe. — Entrarmos pela parte mais alta, para variar.

Renata pôs-se a examinar as margens da imagem. O hotel era uma massa no meio do nada, muito longe da próxima povoação e ligado a esta apenas por uma estrada de terra batida. Não haveria maneira de chegarem à estrada vindos do mar, exceto subindo umas frágeis escadas que ziguezagueavam ao lado do hotel.

— Podíamos talvez usar estes fulanos como escudos humanos — alvitrou Renata, friamente.

— Adoraria — disse Kurt. — Mas eles não hesitam em alvejar os seus homens. Talvez até nos viessem a agradecer…

— Nesse caso, que é que os irá impedir de nos alvejarem, usando um lança-foguetes, e de darem cabo deste barco, logo que entrarmos na baía?

— Na verdade, nada — observou Kurt, dando-se rapidamente conta dessa verdade. — Especialmente se eles ainda não tiverem decidido se irão ficar com os artefactos imaginários ou destruí-los pura e simplesmente. Mas estou a contar com o facto de eles quererem ver o que temos, pois, se nos afundarem ou nos fizerem explodir, nunca irão saber se os temos a bordo. Precisamos apenas de estar prontos para nos defendermos logo que eles saibam que não temos nada.

— Alguém tem ideias? — perguntou Joe.

— Tu é que és o génio mecânico — observou Kurt. — Que podes tu fazer com tudo isto?

Joe deu uma vista de olhos pelo convés. Tinham garrafas de oxigénio, mangueiras, um gancho de barco e algumas cordas. — Não temos lá muito que possamos usar — retorquiu ele. — Mas hei de pensar em qualquer coisa.