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Algumas horas mais tarde, regressaram ao Nilo, começando a subir o rio num barco a motor que um amigo de Edo lhes emprestara. Tinham conseguido arranjar equipamento de mergulho para os três e um laser montado num tripé.

A noite já espalhara um lençol negro pela região e o rio tinha muito menos movimento do que durante o dia. A Lua ainda não surgira, mas as luzes das janelas nos edifícios de apartamentos mais altos e nos hotéis extravasavam para o rio.

Ao aproximarem-se da central da Osiris, Kurt olhou para norte. — A água na extremidade do canal está agora a mover-se suavemente.

— Devem estar a gerar menos energia — sugeriu Renata.

— Isso é um bom sinal — acrescentou Joe.

— Ainda há uma coisa que não me faz muito sentido — retorquiu Kurt. — Mas as águas calmas irão facilitar muito a nossa entrada no canal e a nossa abordagem à costa.

Joe tinha uns óculos de visão noturna apontados ao canal da água. — Parece que os portões estão abertos e bem encostados às paredes. Marquem um ponto para a lógica.

Edo guiou-os mais para sul do rio, antes de terem mudado de rumo e virado para a margem ocidental. Ao pôr o barco na posição correta, Kurt, Joe e Renata aprontaram-se para mergulhar.

Eles já estavam a usar fatos pretos de mergulho, por baixo das suas roupas normais, mas tinham de pôr o colete de compensação de flutuabilidade, ligar as garrafas de oxigénio e verificar os reguladores. As garrafas de oxigénio de aço inoxidável eram baças e estavam molhadas, de modo a não refletirem muito a luz. Os fatos eram completados por barbatanas, bolsas impermeáveis e luzes de mergulho de baixa intensidade que lhes iriam permitir não se perderem de vista uns dos outros.

A única coisa que não tinham eram propulsores para os ajudar a avançar e um sistema de comunicação subaquático. Teriam de usar os sinais de mãos padronizados.

— Estão em posição — disse Edo.

Kurt assentiu com a cabeça. A seguir, ele e Joe entraram na água e seguraram-se aos lados do barco. Renata verificou o computador uma vez mais, antes de se juntar a eles.

— Ainda tem dúvidas? — perguntou-lhe Kurt.

— Não — disse ela. — Só me queria certificar de que o nosso alvo ainda não tinha saído do edifício antes de nos darmos ao trabalho de lá entrarmos.

— Assumo que o telefone dele ainda esteja morto, não é verdade? — perguntou Kurt.

Ela assentiu com a cabeça.

— Assim sendo, de que estamos à espera? — disse ele. — Vamos.

Pôs a máscara de mergulho no rosto, mordeu o tubo do regulador e desviou-se do barco.