Dentro do centro de segurança da central hidroelétrica da Osiris, a câmara que não estava a funcionar já tinha sido detetada. O segurança de serviço tinha percorrido as opções para voltar a pôr a câmara a funcionar, e tentara tudo, desde mudar o contraste e o brilho, a ligá-la e desligá-la várias vezes. Quando viu que não conseguia solucionar o problema, chamou o encarregado.
— Que é que pensas? — perguntou ele.
— Parece-me que o sensor se queimou — respondeu o encarregado. — Nas margens ainda se conseguem ver algumas coisas, mas o resto não está a funcionar. Será que o podes substituir?
— Desde que tenhamos um novo sensor… — disse o técnico. Foi ao armário de consumíveis, remexeu nas caixas que estavam na prateleira e encontrou finalmente aquilo que procurava. — É este.
— E quanto tempo irá demorar?
— Não mais de vinte minutos.
— Então não percas tempo — disse-lhe o encarregado, sentando-se confortavelmente no lugar de comando, em frente do ecrã do computador. — Eu fico aqui. Confirma comigo quando estiveres pronto para testar o arranjo.
O técnico pegou numa série de ferramentas e já estava a sair quando a câmara voltou a funcionar.
— Esquisito — observou o encarregado. Percorreu as verificações de diagnóstico. De súbito, tudo parecia estar bem. Mas por quanto tempo?
— Em todo o caso, será melhor substituí-lo — sugeriu ele. — Se for um sensor avariado, poderá deixar de funcionar outra vez a qualquer momento.
O técnico assentiu com a cabeça e saiu. O encarregado olhou para o relógio de parede. Tinha menos de uma hora para acabar o turno, antes que os outros chegassem.
A cerca de dois quilómetros do edifício da Osiris, Edo já estava a recolher os materiais.
Dobrou o tripé e arrumou-o, colocou a tampa nas lentes do laser e do visor e pôs tudo isso numa caixa que, em seguida, arrumou no assento do passageiro para que a pudesse deitar fora, caso alguém o mandasse parar.
Empurrou o barco. Voltou a pô-lo no rio e entrou nele. Ligando o motor, colocou a alavanca a um quarto da velocidade. Não havia necessidade de chamar para si as atenções e também não haveria motivo para se apressar.
O seu plano era esperar a poucos quilómetros mais abaixo da central da Osiris. Estaria perto da margem ocidental, ancorado e com todas as luzes do barco acesas. Assumindo que os três intrusos escapavam sem problemas, iriam flutuar com a corrente do rio, vê-lo facilmente, e nadar até à popa.
Tratava-se de um plano simples, pensou. Os planos simples eram os melhores, pois havia neles muito pouca coisa que pudesse correr mal. No entanto, a parte cautelosa na sua mente começou a atormentá-lo, muito pouca coisa não queria dizer nada.
Pegou numa pistola russa que trazia no coldre de ombro e pôs uma bala na câmara. Esperava não ter de a usar, mas era sempre melhor estar preparado.