19.

O NAVIO APORTOU na capital da Jamaica e, no convés, Jessica alterou o ângulo do para-sol a fim de ver melhor o ho­­mem corpulento que acenava freneticamente enquanto subia a prancha de embarque.

— Seu administrador — explicou Alistair, que caminhava ao lado dela. — Reginald Smythe.

— O que pode me dizer sobre ele? — Ela ergueu a mão na direção do funcionário que tanto se esforçava por chamar-lhe a atenção.

Havia intensa atividade no cais. Os aromas de alcatrão e de café se confundiam, irritando-lhe as narinas, e os gritos das gaivotas se misturavam aos dos estivadores.

— Sujeito correto e com certeza competente. Calypso possui quase duzentos escravos, mas bem tratados, e por isso altamente produtivos. Mas Reginald ainda é antiquado quanto à presença de mulheres no mundo dos negócios.

— E você se acha mais evoluído, suponho.

— Em minha experiência, as mulheres podem ser mais objetivas e implacáveis em matéria de finanças. Compensa negociar com elas.

— Imagino que elas façam a você mais concessões do que a outros empresários — provocou Jess, não sem base lógica.

Alistair olhou para ela, os olhos sombreados pelo chapéu de palha.

— Talvez… — respondeu, misterioso, provocando um largo sorriso em Jess. A proximidade de Alistair intensificava sua alegria por estar quase chegando à ilha verdejante que lhe despertava boas lembranças. A memória colorira a paisagem com cores vivas, mas suaves. À frente de Jessica, o oceano era límpido como um aquário, e as montanhas esmeraldinas ao longe adicionavam beleza ao lugar. Um paraíso, tinha comentado com o marido Benedict. E lucrativo, ele respondera.

— Com licença, sr. Caulfield. — O administrador englobou o casal no cumprimento com o chapéu. — Espero que tenha feito boa viagem, milady.

— Não poderia ter sido melhor, sr. Smythe — disse Jess, pensando em como Alistair havia mudado desde que ela embarcara no navio dele. Começara a jornada como viúva, conformada com a solidão pelo resto da vida. Terminava-a como a amante feliz de um homem admirável em todos os aspectos, desde que bloqueasse seu passado. Refletiu sobre o que diria à irmã Hester, por carta ou pessoalmente.

Alistair levou de propósito os dedos ao ombro desnudo e receptivo de Jess, para que Smythe visse e entendesse que aquele era um território já ocupado. O administrador indicou a ela o ponto em que sua charrete se achava estacionada no cais.

— Se esperar um pouco, lady Tarley, já poderemos levar as bagagens. Tenha um bom dia, sr. Caulfield. — O homem despediu-se dizendo que marcaria uma reunião em poucos dias.

Jess olhou para seu companheiro de seis semanas no mar, durante as quais florescera um relacionamento especial. Aquela era a primeira separação dentro desse período; ela iria para Calypso, a duas horas do porto por estrada de terra, e ele, para sua residência na propriedade vizinha, porém mais tarde, depois de supervisionar o reabastecimento da embarcação. A troca apreensiva de olhares ressaltou a mesma questão: como se portariam em meio a estranhos e diante das regras da pequena sociedade local? A reação de Jess mostrou-se mais do que razoável. Ela queria estar sempre ao lado de Alistair, em público ou em particular. E assim seria, se ele concordasse.

Jess expressou-se com sentimento.

— Sei que tem muitos compromissos aqui, sr. Caulfield, mas se quiser jantar conosco, será um grande prazer.

Smythe piscou, espantado, antes de se afastar. Alistair sorriu com certo esforço, pensando na previsível batalha pelo controle das plantações. Mas meneou a cabeça afirmativamente, dizendo que o prazer seria todo dele e que chegaria por volta das seis horas.

No final da tarde, Jess o esperou no portão. Tão logo entrou, Alistair propôs que subissem juntos a pequena colina ao lado da entrada da propriedade. Dali poderiam avaliar melhor a extensão das terras e as explicações dele seriam bem-vindas, além de necessárias. O sol ainda brilhava, mas o vento ajudava a refrescar a temperatura.

Enveredaram então pela trilha poeirenta, repleta de buracos e pedregulhos. No trajeto, Jessica erguia com as mãos a barra da saia longa. Educadamente, Alistair a guiava e segurava para que não caísse ou topasse com alguma pedra. Mas não deixava de espiar as pernas dela, para ver até onde a saia subiria. De mãos dadas, pareciam um par de namorados em busca de um local bucólico em meio aos arbustos e às árvores baixas.

No alto da colina, Jessica teve uma surpresa... Lá estava um coreto rústico, feito de madeira e tijolos, que despertou nela fortes lembranças. Parecia-se muito com o mirante próximo à Mansão Pennington, na Inglaterra, palco de cenas no mínimo eletrizantes entre Alistair, ou Lucius, e suas generosas parceiras de ocasião. No centro da construção havia um estrado provido de almofadas e cobertas. Ali poderiam descansar e observar a paisagem. Graças ao piso elevado, dava para avistar impressionantes campos de cana-de-açúcar, que se estendiam até a orla.

— Já viu um canavial desses ardendo em chamas? — Ele, sem querer, a distraiu de suas lembranças. — Na época das queimadas, permitidas quando se trata do preparo do solo, providenciarei uma janela de vidro capaz de barrar a fumaça e o cheiro. Apesar do perigo e da destruição, é uma cena imperdível.

— Quero apreciá-la com você. Aliás, quero ver tudo a seu lado.

Sentaram-se no estrado e Alistair colou o corpo dele ao de Jess. Fingindo alheamento, suspendeu a saia dela até a cintura e deslizou os dedos pela pele alva e lisa. Depois abaixou o calção de baixo de Jess e beijou todos os pontos da virilha dela. A resposta trêmula demorou muito.

— Você preparou tudo isto? No horário certo? — Ela simulou contrariedade, mas seus sentidos já estavam em alerta.

— Em parte... Gostou daqui?

— Comoveu-me seu esforço para me seduzir quando mal chegamos à Jamaica.

— É que não aguento nem mais um dia sem seu corpo, seu perfume...

— Deve pensar que o sexo substitui a comida e a bebida — constatou ela.

— Somente se envolver você. — Ele foi taxativo. — Isso a acalma?

— Só tenho medo de estar sonhando — afirmou Jess, ajeitando-se no estrado para facilitar a Alistair o contato oral no qual ele insistia em se demorar.

— Já disse que a amo. Sempre vou dizer. Muitas e muitas vezes.

Sensível a tais palavras, Jess experimentou uma elevação em sua carga hormonal, que já não era pequena. Acima da predisposição física, o claro afeto de Alistair a atingia como uma bomba. Ele emudeceu, levantou-se e se desfez das calças. Exibiu a Jess o membro ereto, como fizera no passado, em outro coreto. Na ocasião, tinha possuído profissionalmente uma senhora, sempre olhando para Jess, escondida no arbusto, como se ela fosse o alvo real de suas carícias.

O coração dela disparou em sintonia com a explosão de sensualidade, que pedia para ser liberada. Recordações vivas e a fantasia reprimida por anos agiram juntas na criação de momentos de delírio amoroso, depois que ela se deitou e abriu-se à iniciativa de Alistair. Mesmo empenhada em uma conjunção carnal intensa, Jess pensou por um átimo se naquele dia especial, ou em outro qualquer, ele cogitaria gerar um filho. Com ela, naturalmente. De qualquer modo, libertava-se de um fantasma erótico do passado.

Só depois de saciada Jess se deu conta do perigo de terem sido vistos ali, praticando um ato íntimo e privado, mas ruidoso pela dupla sucessão de gemidos. Meio improvável. O que mais a torturava era imaginar Alistair dando atenção a debutantes, viúvas ou senhoras infiéis que lhe pagavam em troca de prazer. Na verdade, já sofrera por vê-lo flertar com jovens bonitas, convidá-las para dançar e escoltá-las em seguida à mesa de jantar. Com determinação, dando tempo ao tempo, Jess descartara de sua vida esse tipo de tormento. Nenhuma daquelas mulheres, que aliás Alistair não encorajava, seria capaz de dar-lhe verdadeiro afeto nem uma nova família.

Nos salões de Londres, ele a fitava de forma furtiva, um pouco envergonhado, mas demonstrando que sabia administrar seu lado público. Não era ou não devia ser um homem possessivo, de modo a não comprometer seus rendimentos. Contudo, parecia ter orgulho de Jess ao vê-la brilhar em seu elemento natural. Agora, estava bastante mudado. A ponto de gritar, no auge do orgasmo, que a amava de verdade.

De pé após o breve repouso, ele procurou no bolso das calças, largadas entre folhas e gravetos, uma caixinha de joias. Não a entregou a Jess. Ele mesmo a abriu diante dela, revelando um rubi quadrado e cercado de diamantes, prova do poder financeiro de quem o tinha comprado. Uma prova de amor também? A gema era quase comum pelo tamanho e pela palidez da cor, mas isso não importava. Se o casamento de Jess com Alistair não bastasse para mostrar ao mundo como e quanto ele havia se transformado, o anel com certeza cumpriria essa tarefa.

— Sim — sussurrou ele ao tomar a mão de Jess e introduzir o anel em um de seus dedos. — Vou me casar com você. O mais cedo possível. No fim desta semana, se conseguirmos.

Ela agarrou afetuosamente o rosto dele e afagou-lhe os cabelos escuros.

— Não. Será mais apropriado fazermos isso em Londres. Com as proclamas devidamente lidas e nossas famílias presentes na igreja. Desejo que todos saibam, especialmente você, que pensei bastante neste passo. Sei o que faço, Alistair. Sei o que desejo.

— Por mim, nos casaríamos antes de voltar à Inglaterra.

— Esteja certo de que não vou faltar com você — anunciou Jess, conhecendo a preocupação de Caulfield.

— Não pode. Eu não permitiria. — Com delicadeza, ele prendeu os pulsos dela. — Mas haverá mulheres que vão me reconhecer e odiar...

— Está falando de Lucius, seu outro nome? — questionou Jessica. — São pessoas que não conhecem você, não como eu. E nunca conhecerão. — Curvando-se, Jess deu um beijo na testa crispada dele.

— Querida, você parece crer que ninguém é capaz de amá-la de maneira incondicional, mas eu sou assim. Não abro mão disso. Com o tempo, verá que as mudanças que provocou em mim são irreversíveis. Hoje, sou como sou por sua causa, e sem você posso parar de existir.

— Eu também — redarguiu Jess —, no tempo que ficarmos sepa­rados.

— Separados? Por quê?

— Recebi uma carta de Hester. Ela deve tê-la enviado logo depois que parti de Londres, talvez no mesmo dia. Conta que já sabia estar grávida, mas escondeu o fato para não atrapalhar meus planos.

— Sua irmã espera um filho?

— Ela deve acreditar que eu voltaria somente após o parto, mas eu vou voltar antes, inclusive porque Hester não vinha passando bem.

— Iremos juntos. Com sorte, conseguirei um navio para daqui a quin­­ze dias.

— Não posso pedir-lhe isso. Veio à ilha por motivo de negócios.

— Sim, por você, o grande negócio da minha vida. Não fazia sentido permanecer em Londres enquanto você ficava longe, e acho que a recíproca é verdadeira.

Jess gelou de surpresa, lembrando-se da noite em que ambos conversaram no convés do Acheron e ela imaginara que ele viajava ao encontro de uma mulher. Descobrir que ela era essa mulher era bastante impressionante. E muito comovente.

Alistar notou a expressão de felicidade no rosto de Jessica.

— Meu desejo era ardente, você sabe. Não diria que se tratava de amor, mas ia além da atração física. A atração por você me deu a esperança de voltar a encontrar alegria no sexo, de me satisfazer não só fisicamente. Tinha de conquistar você, Jess, a todo custo.

Ela fixou o olhar nele, refletindo por que ele não admitia que era amor. Talvez não pudesse. Talvez apenas correspondesse ao que Jess esperava dele. Após um instante de contemplação, ela decidiu que o que recebesse em troca seria o bastante. Amava-o o suficiente pelos dois.

Livrando as mãos, Jess reclinou-se no estrado, afofando os travesseiros e assumindo uma posição convidativa. Queria Alistair de novo dentro dela. Se a necessidade básica daquele homem era a parte que ele podia lhe dar, ela a desfrutaria de bom grado. Assim, ele se deitou e Jess utilizou suas habilidades com a boca a fim de excitá-lo. Depois ofereceu-lhe os lábios úmidos, que foram selados por um longo beijo.

A distância, ela escutou os gritos das gaivotas e as vozes dos lavradores da fazenda. Ninguém poderia vê-los ali, no pequeno morro, e isso acentuou a sensibilidade de Jess, que abraçou Alistair pelo pescoço, tirando o máximo prazer do beijo.

— Pensei — murmurou ele no ouvido dela — que teria de convencê-la a se casar comigo, o que levaria algum tempo... semanas, meses, talvez anos. Reformei minha casa de fazenda de modo a agradá-la e impedir que fugisse durante o processo.

— Audiência cativa. — E ela sorriu. — Como me impediria de fugir?

— Não sei. Talvez escondendo suas roupas ou tornando-a sexualmente dependente de mim. Também trouxe uma caixa do seu vinho preferido. Você fica mais receptiva depois de uma ou duas taças.

— Criatura malvada! — Jess percebeu a veia do pescoço dele pulsando forte. — Faça o pior que puder, senão eu revogo minha aceitação do seu pedido de casamento.

— Ah, mas você não disse “sim, aceito”. Fez ressalvas. Eu aceitei — comentou Alistair, passando o nariz pelo rosto de Jessica. — Não imagina quanto eu gostaria que concordasse comigo.

— Ainda pode me mostrar. — Os dedos dela deslizaram pelas costas de Alistair do modo que ele apreciava.

Escorregando para o lado dela, ele pediu:

— Venha por cima. — E sob a pressão dos dedos dele em suas ancas, Jess moveu o corpo, antecipando novos momentos de deleite. Mas teve de parar um pouco a fim de tirar de vez o calção de baixo, peça inadequada diante do apetite sexual que ambos dividiam.

— Quero que compre um enxoval completo. Incluindo um bom robe sem botões. Aliás, sei que Tarley foi bom para você, mas aposente os trajes de luto quando se casar comigo.

Jess adorou tais palavras, e mais ainda os toques de língua que recebeu nas coxas, com Alistair forçando a postura de modo a aproximar a boca de sua virilha.

— Vai querer me ver provando um vestido novo no ateliê da modista?

— No momento, quero vê-la totalmente nua.

Ela preferiu levantar-se para tirar o resto da roupa e aproveitou para exibir-se de corpo inteiro, acariciando-se nos seios, em pose insolente, como Caulfield fazia. Sabia que ele gostaria disso, e que acresceria pontos à sua lascívia. A quantidade de almofadas coloridas no estrado lembrou Jess da história absurda de aventura no deserto que havia contado a ele dias atrás, a fim de testá-lo.

— Você me resgataria de um sultão atrevido? — perguntou ela.

— Depende. Se o valor do resgate compensasse o prazer que pode me dar...

— Pois experimente...

Jess conhecia bem o fascínio de Alistair por desafios. Posicionou-se sobre ele, sentindo-lhe as mãos espalmadas sobre os seios. Percebeu que Alistair usava os dedos para guiar o próprio pênis até que ficasse reto e se encaixasse diretamente no alvo. Jess então desabou por cima dele. Foi bom, pois o atrito sólido contra o clitóris a levou a paragens celestiais. Ele não tardou, porém, em inverter as posições e possuir Jess num ritmo arrebatador, impedindo-a até de respirar, a não ser por curtos e sibilantes momentos.

A surpresa de Alistair com a reação exarcebada daquela mulher lhe impôs silêncio. Ela se mostrava perita e ele oscilou entre o júbilo e o receio de tê-la corrompido de uma vez por todas. Talvez Jess quisesse deixar claro que não desejava a submissão dele na cama.

— Continue a se mexer — disse Alistair depois, estreitando os olhos. — Daqui a pouco vou lhe dar um prazer que ainda não conheceu. E não precisarei esperá-la terminar.

Jess acelerou o movimento dos quadris e a tensão compartilhada chegou a um nível incomensurável, até que o orgasmo simultâneo e profundo fiz que ambos estremecessem, e, em seguida, serenou-lhes os ânimos.

Os afagos manuais prolongaram a sensação de êxtase. Alistair abraçou e beijou Jess de maneira possessiva, colhendo também os seios. Ela acomodou a cabeça no ombro dele antes de interrogá-lo:

— Você teve muitas concubinas felizes por manterem relações com um homem tão viril. O que será de mim quando a novidade acabar?

— Está subestimando meu desejo por você. — Ele utilizou a ponta da língua para acariciar a orelha de Jess. Então dirigiu uma das mãos dela até sua virilha, onde jazia a evidência de uma nova ereção. — Sente o que é capaz de fazer comigo? Nunca me cansarei de você.

— No navio, antes do ataque dos piratas, já sonhava comigo? Imaginava como iria me possuir?

— Imaginava quando. Todas as noites — murmurou ele bem sério, os dedos procurando os mamilos rijos de Jessica.

Girando a cabeça, ela pressionou seu rosto contra o dele.

— Mostre-me. Ensine-me todos os modos de satisfazê-lo.

De imediato, Alistair pousou a mão no baixo-ventre de Jess, entre as pernas dela, e novamente tocou-lhe o botão secreto, adiantando o carinho pelo qual ela ansiava.

— Quer apagar esse fogo que corre nas minhas veias?

— Somente o seu, de ninguém mais. Empolgada pelos toques nos mamilos e no clitóris, Jess estava pronta para mais uma repetição, o que parecia já fazer parte de seus encontros. Rolando no estrado, ela acessou com os lábios o membro masculino. Alistair prosseguiu com o atrito íntimo, agora usando dois dedos. Ela precisou de uma pausa para respirar.

— Por favor… — pediu ela.

— Fique curvada em cima de mim — disse ele em tom quase de ordem, ajudando-a a se ajeitar. Jess não queria aprender tudo? Adotaram uma postura difícil, com os corpos em sentidos opostos, um sobre o outro, as respectivas bocas nos alvos visados. A sucção mútua e enlouquecedora compensou a estranheza da posição. Praticaram sexo oral simultaneamente, sem outros intervalos, em um requinte de lascívia que pouca gente tivera a oportunidade de descobrir.

O mais penoso na cena, por si só voluptuosa, era segurar o clímax. Alistair solucionou o problema depois de deslizar as mãos sobre os glúteos de Jess. Virou-a pela cintura e ambos voltaram à posição normal, mas ele, deitado de lado, continuou massageando o sexo dela com uma das mãos.

— Ainda quer algo mais sólido dentro de você? — perguntou.

— Sempre — foi a resposta sucinta que transportou o órgão viril ao portal da intimidade feminina, preenchendo o vazio dolorido. Vulnerável como estava, ela prendeu Alistair contra si pelas nádegas, intensificando a penetração. Gemendo, Jess acusou o prenúncio do prazer máximo.

— Pode sentir como estou fundo em você?

Ela estendeu os braços, já fechando os olhos e começando a gritar, enquanto ele lhe dava o tempo implícito naquela posição comum. Movimentou o pênis nas profundezas dela e retirou-o lentamente, voltando a penetrá-la no mesmo ritmo, com a mesma competência. Repetiu o gesto algumas vezes, até liberar seu jorro vital em sincronia com o gozo de Jess. As pernas fraquejaram e ela desabou no estrado, consumida, e só então entoou os sons que ele já conhecia bem e representavam o aval de sua conquista.

— Você está toda molhada — percebeu ele, disposto a enxugá-la.

— Deixe-me assim mais alguns minutos! — o corpo dela ainda vibrava com breves espasmos. Alistair a abraçou a fim de apressar-lhe o relaxamento. Não que também não experimentasse uma maravilhosa languidez, que somava qualidade ao seu prazer. Jess o surpreendera com uma entrega total, desinibida, sem exigências nem questionamentos. Ele havia adorado essa atitude, que dispensava qualquer nova lição de amor.

Alistair reduziu a força do abraço e passou a estudar em minúcias a pele suave e cálida da companheira: ombros, braços, pernas, tórax, abdome, coxas... De repente, uma sombra lhe marcou o rosto e acentuou-lhe a voz chocada:

— O que é isso? O que são essas marcas na sua pele?

Jess franziu o cenho, aborrecida por ele ter visto as cicatrizes rosadas nas nádegas e no alto das coxas. À luz do sol, seriam invisíveis, mas ambos estavam na penumbra. Detestava admitir a verdade, porém não podia negá-la ao homem amado.

— Não reconhece sinais de chibatadas?

— Misericordia! — rugiu Alistair, dobrando-se sobre ela, em um gesto protetor e obstinadamente reconfortante. Abraçou-a como se empregasse o próprio corpo como bandagem ou curativo. — Tem mais cicatrizes?

— Já não significam nada, querido.

— Como não?! — Alistair exaltou-se. Ela vacilou, pensando apenas em superar aquela situação que a remetia a um passado doloroso. — Onde, Jessica?

— Não escuto nada com meu ouvido esquerdo, como sabe — declarou ela suavemente.

— Resultado de tapas fortes e seguidos? Vindos de Hadley, seu pai, quando você era criança? — Ele encostou o rosto nas costas dela.

— Prefiro não pensar nisso agora.

— Pois pense enquanto está comigo e acabamos de fazer amor — pediu ele, percorrendo a espinha dela com a língua, tomado de revolta. Depois apalpou-lhe os seios por trás. — Posso fazê-la esquecer.

Ao ouvir isso, Jessica soltou um murmúrio de alívio, mas...

— Mas eu nunca esquecerei.