Einhorn e o hotel
Pode um homem forte, um dos vinte e dois que mantêm o mundo ainda bípede e racional, pode um desses homens estar à porta de um hotel de pouca categoria? Sim, é a resposta.
Einhorn era, então, dono de uma pequena residencial que, sem pudores desnecessários, poderíamos classificar como bordel. Tinha quartos por onde passavam dezenas de homens pela mesma cama no mesmo dia – e uma única mulher.
Einhorn estava à porta e aí dizia bom dia, discretamente. Já depois, lá dentro, atrás do balcão, recebia o dinheiro do cliente, dinheiro que mais tarde dividiria com a prostituta. Divisão desigual, claro: vinte por cento para a mulher, oitenta por cento para Einhorn que era o proprietário da pensão e tinha despesas.
Nesta noite, por coincidência, nesta noite que relatamos, Einhorn recebe uma das mais estranhas visitas de sempre àquele bordel tão pacato – a de Glasser.