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Capítulo 25

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É sempre de manhã em algum lugar.

—Henry Wadsworth Longfellow

Era quase de manhã e Calum não estava rindo. Ele estava na biblioteca diante de uma janela aberta. Ele jogou fora a água de um balde. Era apenas um dos muitos espalhados aleatoriamente pela sala. Ele colocou o balde no chão e foi pegar outro. Ele passou pela cadeira onde Amy estava enrolada e dormindo. Ela estava dormindo desde que o teto tinha parado de vazar. Cerca de meia hora atrás.

Ele parou para observá-la pelo que deve ter sido a décima vez. Ele não sabia por que se sentia inclinado a olhar para ela. Ele apenas queria.

Ele pegou mais dois baldes, atravessou a sala ejogou a água fora. Ele fechou a janela e virou o trinco, mas ele não se mexeu.

Ele esfregou a mão sobre os olhos cansados, depois enfiou as mãos nos bolsos e olhou para fora, numa tentativa de provar a si mesmo que podia olhar para outra coisa.

Tinha sido uma noite infernal. Graças a Deus estava quase no fim. Lá fora, a cor do nevoeiro estava mudando. O sol estava chegando; transformando a cortina cinza escura da névoa em uma cor clara, branca e brilhante.

Esse era o tipo de neblina que entrava e saía das ilhas, fazendo com que parecessem pequenos países independentes. A maioria dos habitantes do continente pensava nas ilhas como lugares onde as pessoas eram solitárias e estavam presas. Como se estivessem em prisões.

As pessoas que viviam nas ilhas pareciam estrangeiras para aqueles que viviam no continente, onde podiam se locomover de um local para outro, de uma cidade para outra, algo que eles confundiam com liberdade.

Mas Calum tinha sangue Highlander fluindo em suas veias. Ele gostava da solidão. Do isolamento. Aqui ele tinha liberdade, e ele podia fazer o que quisesse. Ele estava livre para caçar ou cavalgar, correr ou andar sobre a terra que era sua.

Para ele não era uma prisão, mas um refúgio.

Mas de repente ele se sentia confuso e desconfortável em sua própria casa; era como acordar e descobrir que ele não se encaixava. Ele tentou organizar seus sentimentos e se encontrouolhando para Amy novamente.

Ela ainda estava dormindo naquela cadeira.

Em algum momento nos últimos anos, ele chegou ao ponto de parar de olhar para as mulheres, a menos que elas o incomodassem. Ele tinha se tornado um homem frio e tinha medo delas. Ele nem sabia quando isso aconteceu.

Mas ela não o incomodava. Ela o fascinava. Ela até o fez esquecer que ele não gostava particularmente de mulheres.

A porta se abriu e bateu com força contra a parede. Calum estremeceu. Era a entrada favorita do seu irmão.

Ele se virou eEachann entrou na sala com sua musa pendurada no ombro.

Qualquer pessoa poderia ouvi-la em Boston.

Os sentimentos de Calum sobre as mulheres voltaram como um raio. Ele se aproximou e fechou a porta novamente.

Eachann largou a megera em uma cadeira vazia e apoiou as mãos nos braços dela, imobilizando-a.

"Deixe-me levantar, MacIdiota."

“Sua amiga estásã e salva. Ela está bem ali, George."

A megera ergueu o queixo. "Ela é apenas uma conhecida." Ela se virou para Amy. "Não—" Ela parou e de repente virou a cabeça.

Calum percebeu que ela estava olhando para ele.

"O que você fez com ela?"

Ele olhou para Amy, depois de volta para a megera chamada George. "Nada."

"Eu vejo de maneira diferente." Ela tentou se levantar. "Deixe-me levantar."

"Não." Eachann não se moveu.

Ela olhou de volta para Calum. "Eu sei que você ameaçou machucá-la."

"Eu nunca machuquei uma mulher na minha vida."

"Isso é uma mentira! Quando estávamos na caverna, ela me contou o que você tentou fazer."

"Se meu irmão fosse machucá-la, George, ele não a teria resgatado."

"Ha!"

Calum estava mais confuso do que nunca. A moça ainda estava dormindo. Ele não estava surpreso. Ela tinha que estar exausta. Ele tentou lembrar o que ele tinha dito ou feito para queessa mulher dissesse algo tão ridículo. Se ele bem se lembrava, ele tentou tirar o medo dela, e não fazê-la ficar com medo.

Ele podia sentir George observando-o. Isso o deixava nervoso, o que tornava difícil para ele pensar. Ele andou por um momento, olhando para o tapete molhado.

Antes Amy tinha tido medo dele, medo suficiente para nocauteá-lo com um copo de uísque. Mas ele não achava que ela tivesse mais medo dele agora. Ele arrumou os óculos no nariz e se virou. "O que ela te disse?"

"Ela disse que você ia violentá-la."

"Violentá-la?" Calum estava perplexo. Ele começou a pensar. O que diabos ele tinha dito a ela?

"Calum?" Eachann deu uma gargalhada.

"Amy não mentiria para mim."

"Calum não poderia violentar uma mulher," Eachann disse a ela.

"Eu pensei que ela estava cansada, então eu disse que era hora dela ir para a cama."

O queixo da megera se levantou. "Viu."

"Eu não quis dizer juntos." Calum passou a mão pelo cabelo. “Eu pretendia ir dormir. Sozinho."

"Eu não acredito em você." Ela olhou para Amy. “Ela nem está se movendo. O que você fez com ela?"

"Nada. A pobre moça está exausta. Deixe-a se levantar, Eachann. Ela não vai acreditar em mim até ver por si mesma."

Eachann se endireitou e recuou. A megera se levantou na mesma hora. Ela foi até Amy e se ajoelhou ao lado dela. “Amy. Acorde."

A moça não se mexeu.

"Amy." Ela pegou a mão a esfregou e sacudiu. “Amy. Acorde."

Amy abriu os olhos e olhou para eles com olhos aturdidos.

"Você está bem?"

"Umm-hmmm." Amy se mexeu na cadeira, então estremeceu. "Estou tão cansada e dolorida."

“Calum não poderia machucá-la. Eu te falei."

"E eu devo acreditar em você? Desculpe-me, MacIdiota, mas você não tem credibilidade."

Calum olhou de um para o outro. Ele estava ficando tonto.

"Meu irmão salvou a vida dela."

"E você arruinou a minha!"

"Você acha que não se casar com Tom Cabbage vai arruinar a sua vida, George?"

"O nome dele é John Cabot."

Calum nunca tinha visto nada assim.

George levantou-se e colocou as mãos nos quadris. "Você nos sequestra e nos mantém prisioneiras e eu devo acreditar que você não vai nos machucar?"

Ela tinha razão.

Eachann estava quase cara a cara com a mulher. "Eu tive minhas razões."

Seu irmão era muito teimoso. Calum ouvira o suficiente. Ele os deixaria brigar. Ele foi até a cadeira onde Amy estava e a pegou em seus braços. "Eu não vou te machucar e não vou machucar a Amy. Mas acho que ela precisa dormir em uma cama." Ele deu a George um olhar aguçado. "Em uma cama,sozinha."

"Meu Deus..." Foi tudo o que George disse.

Ele olhou para ela, mas ela não estava olhando para ele.

Ele ouviu Eachann murmurar uma maldição.

Calum seguiu seu olhar de horror para a cadeira de Amy. Todo o lado direito estava manchado de sangue.