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Capítulo 52

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“Se sete empregadas com sete esfregões,

Varrerem por meio ano,

Você acha,” a Walrus perguntou,

"Que elas poderiam limpar isso?"

"Eu duvido," disse o Carpinteiro,

E derramou uma lágrima amarga.

—Lewis Carroll

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Os filhos de Eachann eram espertos. Durante os dias que se seguiram, eles ficaram em seus quartos fazendo suas lições e se comportando como perfeitos anjos.

No entanto, Georgina declarou guerra, assim como os guerreiros de rosto azulado. Ela já tinha aguentado o suficiente. Ela não aguentava mais a desordem da casa de Eachann.

O azul no rosto dela estava desaparecendo lentamente. Se ela se mantivesse ocupada, não ficaria propensa a se olhar no espelho, o que era mais seguro para todos os envolvidos, particularmente para Eachann MacLachlan e seus filhos.

Ela começou a arrumação como se estivesse se vingando. Na sala principal ela varreu as cascas de noz que eram suficientes para preencher a cama de Eachann — que foi ondeas colocou. Ela passou uma tarde inteira apenas empilhando revistas e jornais de equitação. O homem não jogava nada fora. Ela encontrou jornais, duas selas, uma bota — ela nunca encontrou o par da bota — camisas, meias, sabãoe rascadeiras (35).

Em um canto da sala tinha uma caixa de madeira cheia de porcas, parafusos, pregos e cavilhas de madeira, arame e algumas coisas de metal que pareciam enormes fivelas de cintos. Tinha tiras de couro e metal, cinco estribos, algo que parecia um avião de madeira, duas colheres — uma arranhada — uma lima, um martelo, cinco ferraduras, um pedaço de metal prateado que parecia a porta da grelha de um fogão a lenha, três maçanetas e alguns canos.

Quando Eachann a pegou arrastando a caixa pelos degraus da frente, ele a parou. "O que você está fazendo com isso?"

Ela colocou a mão nas costas e se endireitou. "Estou me livrando disso."

"O que? Você não pode. Isso é meu!"

“Mas aqui não há nada que valha a pena guardar. Eu nem sei para o que serve metade disso. O que você pretende fazer com isso?"

"Essa é a minha caixa de peças."

"Não entendi. O que você quer dizer?"

"Estou guardando essas coisas para quando um dia eu precisar," ele repetiu com firmeza. "Se algo quebrar ou se perder, eu terei nesta caixa, uma peça para substituição."

Ela olhou para a caixa e balançou a cabeça. “Então leve para algum lugar. Não tem que ficar dentro da casa."

Ele resmungou alguma coisa, pegou a caixa como se estivesse cheia de tijolos de ouro e saiu.

No dia seguinte, ela limpou todos os quartos, menos o dele. Ela passou uma noite inteira apenas reorganizando os móveis. Ela moveu a cadeira estofada para mais perto da porta e o sofá para perto da lareira.

Todas as mesas estavam em lugares absurdamente inconvenientes e nenhuma das cadeiras se encontrava no local correto. Não tinha uma área para a família se sentar e conversar. Tudo tinha sido empurrado contra qualquer parede que estivesse disponível.

O quarto estava tão bagunçado que ela achou um piano que não sabia que estava lá.

Quando Eachann entrou na sala, Georgina estava sentada ao lado do fogo, admirando a sala. Ela o observou deixar um rastro de desordem — seu casaco, suas luvas e um chicote de equitação,pelo chão atrás dele. Ele esvaziou os bolsos e despejou todo o conteúdo em um vaso de cristal delicado que ela tinha encontrado recheado cheio de meias sujas.

Ele se virou, deu dois passos e correu até a cadeira. "O que diabos isso está fazendo aí?" Ele fez uma careta para o piano. "O que você fez?"

"Eu apenas arrumei um pouco a sala."

Ele ainda estava olhando em volta. “De onde veio esse piano?”

"Eu não sei," ela disse. "Eu o encontrei naquele canto."

E a partir deste dia, a semana piorou. Ele chegou uma tarde, foi até a cozinhae voltou. "Eu me esqueci de te contar. Mandei David para o continente."

Ela tinha acabado de se sentar porque estava com uma dor de cabeça forte. "Tudo bem," ela disse esfregando as têmporas.

"Não tem jantar."

Ela esperou pelo resto da frase. Quando não veio, ela abriu os olhos e olhou para ele.

"Você precisa cozinhar alguma coisa."

"Eu? Eu não sei cozinhar."

"O que vamos comer?" Ela se levantou, atravessou a sala e fezuma pausa. "Talvez você devesse ter pensado nisso antes de enviar David para o continente." Ela estendeu a mão para uma tigela na mesa. “Aqui, coma uma maçã. Não precisa ser cozida.”

Na noite seguinte, ela tentou cozinhar alguma coisa para as crianças. Ela encontrou um livro de receitas com instruções básicas. Durante todo o tempoela se lembrou de todas as vezes que tinha repreendido um dos empregados, uma das criadas ou a cozinheira. Ela não sabia como esse trabalho era duro, até agora.

Eachann mandou dizer que uma égua estava pronta para cruzar, então ele não ia jantar, mas ela estava sentada na mesa da cozinha com seus filhos.

Eles passaram cinco minutos discutindo qual deles ia receber a primeira porção. Ela passou mais de uma hora descascando ervilhas e agora Graham estava soprando-as pelo nariz.

“Graham, pare com isso agora mesmo! O seu pai não lhe ensinou educação?"

O menino apenas deu de ombros.

Kirsty deu um leve suspiro, depois olhou para Georgina. "Graham peidou."

Georgina deixou cair o garfo e olhou para a criança. "Estou tão feliz que você tenha compartilhado isso comigo."

Kirsty parecia um pouco desconfortável. "Eu só pensei que você gostaria de saber."

Ela jogou o guardanapo na mesa. "Por quê? Por que eu iria querer saber? A razão pela qual você disse é a mesma razão que você diz e faz tudo. Você quer me ofender." Ela se levantou. "Vá para o seu quarto. E Graham, se você soprar mais uma ervilha do seu nariz, você vai com ela."

Kirsty continuou sentada.

"Eu disse para você ir para o seu quarto."

"Eu não quero."

“Você tem um minuto para se mover ou..."

Ela podia ver que Kirsty estava esperando para ouvir a gravidade de sua ameaça. Georgina demorou cerca de um minuto para encontrar uma boa. "Se você não for agora para o seu quarto, vou deixar Graham ser o primeiro em tudo por uma semana."

Um segundo depois, Kirsty subia as escadas.

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(35) Rascadeira - pente de ferro usado para limpar o pó do pelo do cavalo.