XVI. O latifundiário e a chinesinha

— Tudo já passou, Quique — disse Luciano, dando um tapinha no joelho do amigo. — Agora você tem que esquecer essa história e procurar engordar um pouco. Está mais magro que espinha de peixe.

— Você acha que passou porque assassinaram esse velhaco e a Revelações acabou? — Enrique fez uma careta sarcástica. — Não, Luciano. Essa história vai me perseguir até o fim da vida. Quer saber o que mais me atormenta? Não é o mal físico e mental que fez à minha pobre mãe, nem que meu nome tenha sido jogado na lama. Não, não. O que virou uma tortura são as piadas vulgares dos amigos, dos meus sócios, até nas reuniões de diretoria. “Beleza de bacanal, meu irmão”, “Por que não nos convidou para a sacanagem, compadre”, “Pode me dizer quantas minas comeu nessa farra, velho?”. Não suporto mais essas idiotices, as piscadelas de tantos imbecis. Seria melhor que me xingassem ou parassem de falar comigo, como fizeram alguns. Por isso estou pensando em fazer uma viagenzinha com Marisa.

— Uma segunda lua de mel? A famosa viagem pelas ilhas gregas de que falamos há anos? — riu Luciano; mas logo a seguir ficou sério: — Sobre a Marisa. Você não imagina como estou contente vendo que vocês fizeram as pazes e ela já o perdoou. Realmente vocês parecem estar reconciliados.

— Estamos mesmo — assentiu Quique, baixando a voz e dando uma espiada no interior da casa de Luciano para ver quando Marisa e Chabela, que tinham ido ver se as filhinhas dos Casasbella já estavam dormindo, voltavam. — Pelo menos, é a única consequência boa desse dramalhão. Não apenas fizemos as pazes; agora nosso casamento está melhor que antes. O escândalo e essa separação fugaz nos uniram mais que nunca, velho.

Tinham jantado comida chinesa que mandaram trazer do Lung Fung e, como ainda era cedo para o toque de recolher, sentaram-se na varanda de Luciano para tomar um drinque e conversar. As duas meninas tinham ficado um pouco ali com eles, mas Nicasia já as levara para seus quartos. O jardim e a piscina azulejada estavam iluminados e viam-se dois grandes dogues alemães brincando entre as árvores. O mordomo havia trazido os uísques, o gelo e a água mineral. Era uma noite tranquila, sem vento e, pelo menos até aquele momento, sem tiroteios nem apagões. Ali voltavam, de braços dados e rindo, Marisa e Chabela.

— Contem a piada, não sejam egoístas — recebeu-as Luciano. — Para nós quatro rirmos.

— Nem morta, maridinho — exagerou Chabela, arregalando os olhos e fingindo espanto. — É uma fofoca de cornos e pancadaria, você ia ter um troço, santinho do jeito que é.

— Não confie nos santinhos — disse Marisa, sentando-se ao lado de Quique e segurando seu rosto como se o repreendesse. — Este aqui parecia outro santarrão, e veja só as barbaridades que era capaz de fazer.

Soltou uma gargalhada, e Luciano e Chabela acharam graça, mas Quique ficou pálido e fez um movimento estranho com as duas mãos.

— Desculpe, desculpe, eu sei que você não quer brincadeira com isso, amor. — Marisa passou os braços em seu pescoço e beijou-o no rosto. — Você está parecendo um tomate, nem queira saber como ficou vermelho, amor.

— Isso foi o pior — acabou entrando na brincadeira Quique. — Acabei com fama, em Lima, de mulherengo e farrista, logo eu, que sempre fui tão comportado.

— Tenho fotos que dizem o contrário, não me venha agora se fazer de bom menino, Quique — interveio Chabela, provocando uma gargalhada geral.

— Um brinde — disse Luciano, levantando seu uísque. — Pela amizade entre nós quatro. Estou cada vez mais convencido, a amizade é a única coisa realmente importante nesta vida.

— Temos que fazer finalmente aquele cruzeiro pelas ilhas gregas de que tanto falamos — disse Quique. — Antes de ficarmos velhos. Duas semanas inteiras pelo mar de Ulisses, sem ler nenhuma notícia do Peru. Duas semanas sem apagões, sem terrorismo e sem imprensa marrom.

— O que você falou sobre amor e santinhos me fez lembrar meu avô materno — disse de repente Luciano, com um sorriso nostálgico. — Já lhes contei alguma vez a história dele?

— A mim, pelo menos, não — respondeu, surpresa, sua mulher. — Acho que tampouco me contou nada sobre os seus pais. Dez anos de casados, e não sei nada a seu respeito.

— Essa história deve ter provocado todo tipo de falatórios, imagino — continuou Luciano. — Desses que os limenhos, os maiores fofoqueiros que o universo pariu, adoram.

— Logo a mim você vem dizer isso — atreveu-se a brincar Quique. — Porque eu me doutorei em fofocagem, ultimamente.

— O pai da minha mãe era um fazendeiro de Ica, dos mais poderosos, dono de várias fazendas que a Reforma Agrária do general Velasco nos tirou — prosseguiu Luciano. — E o homem mais beato que já se viu neste vale do Senhor. Eu me lembro muito bem dele, de quando era pequeno. Don Casimiro. Usava terno preto e colete com relógio de bolso para ir à igreja. Frequentava a missa diária na capela da fazenda, e ia a procissões, batizados, adorações, rogatórias etc., na igrejinha do povoado. Nos almoços e jantares, abençoava a mesa quando estávamos todos sentados.

Luciano se calou. De repente estava com uma expressão melancólica; parecia entristecido com as lembranças da sua infância em Ica; era curioso, porque as coisas que costumava contar sobre sua vida na fazenda do avô não podiam ser mais felizes, passeios a cavalo, caçadas, pachamancas, as armadilhas que ele e os irmãos preparavam para as raposas, nas quais às vezes caíam iguanas, os passeios aos domingos para o banho de mar, e as leituras em voz alta, leituras piedosas, ou de livros de aventura, Salgari, Verne, Dumas, que o avô fazia para ele e os irmãos em seu escritório, entre virgens cusquenhas e velhas prateleiras repletas de livros empoeirados.

— O que não entendo, Luciano — disse Quique, aproveitando uma pausa no relato do amigo —, é por que você fica triste contando essas coisas tão bonitas da sua infância.

Fez-se um breve silêncio. Não foi só Quique, Chabela e Marisa também olharam para Luciano esperando a resposta.

— O que me deixa triste não é lembrar do meu avô Casimiro, e sim da minha avó Laura — disse afinal Luciano, com a voz mudada. Estava muito sério. Antes de continuar, olhou para os três de um jeito estranho, entre irônico e zombeteiro. — Sabem por quê? Porque minha avó materna, na verdade, não se chamava Laura. E era chinesa.

Marisa e Quique sorriram; mas Chabela abriu os olhos, assombrada.

— Chinesa? — perguntou. — Mas chinesa chinesa? Sério, Luciano?

— Sério, amor — confirmou Luciano. — Você nunca soube porque isso sempre foi um tabu, o grande segredo da família.

— Caramba, quantas coisas vou descobrindo depois de dez anos de casada — riu Chabela. — Quer dizer que sua avó era chinesa. Chinesa de verdade?

— Bem, talvez fosse uma chinesa chola — explicou Luciano —, mas acho que era chinesa chinesa, pura. Agora vem o mais grave. Ela era filha do armazeneiro do povoadinho da fazenda.

Agora, sim, Quique parecia seriamente intrigado com a história:

— E você pode me dizer, Luciano, como é que um figurão, um latifundiário de Ica como don Casimiro, que na certa se considerava um aristocrata de sangue azul, foi se casar com a filha do armazeneiro da fazenda?

Marisa tinha encostado a cabeça no ombro do marido e este a abraçava e, de vez em quando, lhe acariciava o cabelo.

— A única explicação é o amor — disse Marisa. — Que outra pode haver, ora? O figurão se apaixonou pela chinesinha e ponto final. Não dizem que as orientais viram feras na cama?

— É, vovô deve ter se apaixonado loucamente pela chinesinha — assentiu Luciano. — Ela devia ser bonita, atraente, para que um figurão cheio de preconceitos, sem dúvida racista e autoritário como todos da sua classe, desse um passo incrível: casar na igreja com a filha de um armazeneiro que com certeza era analfabeto e nunca tinha usado sapatos na vida.

Fez uma pausa longa, e a tristeza do seu rosto foi se transformando em sorriso.

— Os dois se casaram como Deus quer, na igrejinha da fazenda, nada menos — continuou. — Existem fotos da cerimônia, a família tentou destruir, mas eu consegui resgatar algumas. Vieram muitos convidados de Lima, claro, que devem ter ficado horrorizados com a loucura do grande senhor. Deve ter sido o escândalo do século, não só em Ica, mas também no resto do Peru. Nas fotos não se vê bem o rostinho da minha avó, só que era miúda e bem magrinha. Mas aposto que também era bonita. O fato é que tinha um caráter formidável. Uma verdadeira matriarca.

— Provavelmente ele a engravidou e, sendo tão beato, sentiu-se na obrigação de casar com ela. — Chabela se virou em direção ao marido, parecendo examiná-lo: — Agora entendo por que você tem esses olhinhos um pouco puxados, Luciano.

— A partir de agora vamos chamá-lo de China — acrescentou Marisa, rindo.

— Cale a boca, é assim que chamam o Fujimori — disse Luciano, também rindo. — Prefiro Chinocholo.

— Se você ficar conhecido como Chinocholo, eu peço o divórcio — exagerou Chabela.

— Continue contando, Luciano — urgiu Quique. — Sério, adorei a história de don Casimiro.

— O que vem agora é ainda melhor que o casamento do figurão com a chinesinha — disse Luciano. E consultou o relógio. — Ainda dá tempo de chegar ao final antes do toque de recolher.

Voltou à história dos seus avós maternos explicando que nunca conseguiu descobrir o nome original da sua avó chinesa porque, antes de se casarem, o avô a rebatizou como Laura, e assim foi chamada na família daí em diante. Assim que se casou, a chinesinha começou a parir filhos — “minha mãe e três tios, dois dos quais morreram crianças” — e, pouco a pouco, foi ganhando autoridade. Insatisfeita por ser apenas uma dona de casa, começou a ajudar vovô no trabalho da fazenda.

— Quando eu era criança, os peões mais velhos da fazenda ainda se lembravam dela — disse Luciano. — De calça, bota de montar, chapéu de palha e chicote, percorrendo os campos, vigiando o regadio, a semeadura, as colheitas, dando ordens, às vezes dirigindo um impropério e até uma chicotada contra os peões frouxos ou indóceis.

Mas o que mais impressionava Luciano era que, na tradicional comemoração do Dia da Pátria, em 28 de julho, no meio da festa que seus avós ofereciam para todos os empregados e peões, com conjuntos de música, dançarinas e sapateadores trazidos de Chincha e El Carmen, sua avó Laura tirava os sapatos, ficava de pé no chão como as cholas da fazenda e dançava uma marinera com um dos peões, geralmente zambo ou preto, que eram sempre os melhores dançarinos de marinera. Uma coisa extraordinária, em qualquer caso: que a dona da casa, a esposa do grande patrão, dançasse marinera com um peão, aplaudida e incentivada por dezenas de peões, camponeses, parceiros, choferes, tratoristas e empregados domésticos. Era uma coisa que deixava frenéticos todos os observadores, pelo visto. E a aplaudiam com grande empolgação, pois, ao que parece, vovó Laura era uma grande dançarina de marinera. Essa dança anual, essa marinera em cima da terra, como se faz nos povoados mais tradicionais, era uma coisa esperada por toda a fazenda, o grande acontecimento do ano.

— Eu gostaria de ter conhecido a sua avó — disse Quique, olhando o relógio. — Sim, ainda temos algum tempo antes do toque de recolher, a esta hora se circula rápido e podemos chegar em casa em quinze minutos no máximo. Dona Laura deve ter sido uma mulher fora do comum.

— Morreu muito jovem, no parto do último dos meus tios — disse Luciano. — Vou trazer umas fotos dela, basta vê-la para adivinhar que tinha uma personalidade de dar medo. Só que…

Luciano parou de sorrir e ficou sério.

— Só que o quê? — indagou Chabela, estimulando-o a continuar a história. — Não fique assim, gaguejando.

— É que essa história romântica do figurão que se apaixona pela filha do armazeneiro — continuou Luciano, encolhendo os ombros — tem um lado um pouco truculento.

— Qual? — perguntou Marisa, erguendo a cabeça. — Deve ser o mais interessante.

— Uma vez por ano vovó Laura fazia uma viagem misteriosa. Ia sozinha e ficava vários dias fora — contou Luciano, devagar, fazendo pausas, mantendo a expectativa dos três ouvintes.

— E aonde ia? — perguntou Chabela. — Ah, Luciano, tenho que arrancar as coisas de você com saca-rolha.

— Esta é a pergunta de resposta impossível — disse Luciano. — A versão oficial é que ia ver sua família. Porque quando minha avó se casou, toda a família dela, a começar pelo pai armazeneiro e, imagino, a mãe e os irmãos, se é que os tinha, sumiram da fazenda. Sim, sim, a partir de agora tudo o que conto são suposições. Imagino que a família do meu avô, ou ele mesmo, os expulsou. Não teve qualquer problema em casar com a chinesinha. Mas deve ter sido demais para don Casimiro ver o armazeneiro e o resto da sua família ali por perto e ter que conviver com esses seus parentes políticos. Na certa eles foram mandados para o exílio, de maneira que não deixassem rastros. A coisa foi negociada, talvez. Meu avô deve ter dado dinheiro para eles se instalarem o mais longe possível de Ica. A viagem anual da vovó Laura era para visitar esses parentes exilados. Onde? Eu nunca descobri. Imagino que estavam no outro extremo do país. Na serra, na selva, quem pode saber. Ou seja, eu devo ter primos e sobrinhos em alguma aldeia perdida de Loreto ou Chachapoyas.

— Vamos soltar a imaginação — brincou Quique —, talvez seu avô ou a família tenha mandado matá-los. Uma coisa expeditiva, para que não ficasse nenhum vestígio dessa vergonha familiar. Sua avó Laura, nessa viagem anual, com certeza ia levar flores para os túmulos da parentada.

Marisa e Chabela riram, mas Luciano, não.

— Você está brincando, mas eu cheguei a pensar que naquela época não era impossível uma coisa assim. Meio século atrás, que valor podia ter a vida de uns chineses miseráveis? Talvez tenham mandado matá-los, sim. Aquela gente era bem capaz.

— Imagino que está de brincadeira, Luciano — protestou Chabela. — Que você não está dizendo a sério uma estupidez tão monstruosa.

— Um final um pouco escabroso para uma história tão romântica — suspirou Marisa. — Acho que devemos ir embora, Quique. Não quero perder a hora e ser parada por alguma patrulha. Já temos bastantes problemas, não é mesmo?

— Sim, sim, vão logo — disse Chabela. — Uma amiga minha foi abordada na rua por uma dessas patrulhas depois do toque de recolher e teve que dar um bom dinheiro para os abusados dos policiais.

— Maldito toque de recolher — disse Quique, levantando-se, de mãos dadas com a mulher. — Para dizer a verdade, eu ficaria a noite toda ouvindo a história da chinesinha.

— Pois me fez bem contá-la — disse Luciano, acompanhando-os pelo vasto jardim até a saída. — A grande vergonha da minha família materna me queimava por dentro. Sinto que resgatei minha avozinha Laura e sua família.

No portão havia uma guarita com um segurança armado que lhes deu boa-noite.

Quique e Marisa se despediram de Luciano e Chabela, entraram no carro e partiram.

— Escute aqui — disse Quique, com um jeitinho insinuante. — Na despedida você e Chabela praticamente se beijaram na boca.

— Está com ciúme? — riu Marisa. Mas ao ver que Quique freava o carro de repente, ficou alarmada. — Por que freou?

— Não fiquei com ciúme, e sim com inveja, gringuinha — disse ele. — Freei para beijar você. Me dê essa boquinha, coração.

Beijou-a com força, passando a língua por sua boca, sorvendo a saliva.

— Chega, Quique — disse ela, afastando-o. — É perigoso, podem nos assaltar. Aqui está muito escuro, vamos embora de uma vez.

— Cada dia estou mais apaixonado por você — disse ele, arrancando de novo. — Este maldito escândalo serviu ao menos para isto. Para saber que estou louco por você. Que tenho a sorte de ter me casado com a mulher mais bonita do mundo. E a mais gostosa, também.

— Não olhe para mim, olhe para a rua, Quique, vamos bater. E não vá tão rápido, por favor.

— Quero chegar logo em casa para tirar eu mesmo a sua roupa — disse ele. — E beijar seu corpo da cabeça aos pés, milímetro por milímetro, sim, sim, da cabeça aos pés. E esta noite, nada de apagar a luz. Vou deixar todas acesas, não apenas a do abajur.

— Ora, ora, não o estou reconhecendo. Você não era assim, Quique. O que aconteceu, posso saber?

— Descobri que você é a mulher mais sensual e excitante do mundo, amor.

— Vindo de um especialista na matéria, é um grande elogio, meu rei.

— Cuidadinho com essas brincadeiras que já, já eu paro de novo e fazemos amor no carro, gringuinha.

— Ai, que medo — riu Marisa. — Não dirija tão rápido, Quique, podemos bater.

Ele reduziu um pouco a velocidade e assim ficaram, brincando e zoando o resto do trajeto. Quando chegaram a San Isidro, em frente à sua casa no Golfe, faltavam dez minutos para começar o toque de recolher.

— Por que tem tantos policiais aqui? — disse Marisa, surpresa.

Havia duas viaturas bloqueando a rampa que dava acesso à garagem do edifício, e ambas estavam de faróis acesos. Quando o carro de Enrique parou à sua frente, as portas se abriram e saíram vários homens, fardados e à paisana, que se aproximaram deles e rodearam o veículo. Quique abriu a janela, e um oficial se inclinou e quase encostou a cabeça para falar com ele. Estava com uma lanterna acesa.

— Engenheiro Enrique Cárdenas? — perguntou, levando a mão ao quepe.

— Sim, sou eu — assentiu Quique. — O que está havendo, oficial?

— Boa noite, sr. Cárdenas. Vai precisar nos acompanhar. Mas antes pode estacionar o seu carro. Nós esperamos aqui, não há nenhum problema.

— Acompanhar aonde? — perguntou Quique. — Por quê?

— Quem vai lhe explicar é o dr. Morante, o promotor — disse o oficial, afastando-se para ceder o lugar a um homem à paisana, baixinho, grisalho, com um bigodinho mosca, que fez uma mesura para o casal.

— Sinto muito, sr. Cárdenas — cumprimentou, com uma gentileza forçada. — Tenho uma ordem do juiz que explica a nossa presença aqui. O senhor está preso.

— Preso! — disse Quique, assombrado. — Posso saber por quê?

— Pelo assassinato do jornalista Rolando Garro — disse o dr. Morante. — Houve uma acusação formal contra o senhor e o juiz emitiu uma ordem de prisão. Está aqui, pode ler. Espero que seja um mal-entendido e tudo se esclareça. Não o aconselho a resistir, engenheiro. Pode ser prejudicial para o senhor.