A QUEDA

 

 

 

 

Tu te abaterás sobre mim querendo domar-me mas eu te resistirei

Porque a minha natureza é mais poderosa do que a tua.

Ao meu abraço procurarás condensar-te em força — eu te olharei apenas

Mansamente alisarei teu dorso frio e ao meu desejo hás de moldar-te

E ao sol te abrirás toda para as núpcias sagradas.

Hás de ser mulher para o homem

E em grandes brados espalharás amor ao céu azul e ao ouro das matas.

Eu ficarei de braços erguidos para os teus seios de pedra

E escorrerá como um arrepio pelo teu corpo líquido um beijo para os meus olhos

Na poeira de luz que se levantará como incenso em ondas

Descerás teus cabelos cheios para ungir-me os pés.

 

No instante as libélulas voarão paradas e o canto dos pássaros vibrará suspenso

E todas as árvores tomarão forma de corpos em aleluia.

Depois eu partirei como um animal de beleza, pelas montanhas

E teu pranto de saudade estará nos meus ouvidos em todas as caminhadas.