AGONIA

 

 

 

 

No teu grande corpo branco depois eu fiquei.

Tinha os olhos lívidos e tive medo.

Já não havia sombra em ti — eras como um grande deserto de areia

Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.

Na minha angústia eu buscava a paisagem calma

Que me havias dado há tanto tempo

Mas tudo era estéril e monstruoso e sem vida

E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.

Eu estremecia agonizando e procurava me erguer

Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.

Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma
Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.

 

Depois foi o sono, o escuro, a morte.

 

Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente

Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.