PENSADOR COMPULSIVO
Nada em mim é simples. Nem dor de dente. A dor de cabeça. As cócegas. Tudo, absolutamente tudo, é o Everest. É exagerado. É exorbitante. É estratosférico. É desmedido. É sem limites.
Tento o tempo todo me fazer de positivo, de bom moço, daquele ser humano que tem certeza absoluta do que quer, de onde pretende chegar, de como fazer para conseguir tudo. Mas, dentro de mim, as coisas crescem numa proporção absurda. Quando noto, já senti, já sofri, já me envolvi, já me rendi, e aí, meu amigo, é tarde demais. Já estou submerso. Já estou me afogando em pensamentos. Já existe uma tonelada deles. Por todos os lugares. Por cada pedaço de mim. E é difícil voltar atrás. É difícil até respirar.
Me perco num mundo só meu, que só quem mora dentro de mim consegue acessar. É trancafiado por fora, disfarçado no olhar. Sou, por dentro, um emaranhado de sentimentos confusos, intensos, inversos, verdadeiros, absurdos, impossíveis e tão bravos quanto um animal selvagem faminto. O alimento dele, infelizmente, são as minhas horas de calmaria.
Quando abro a caixa de Pandora da memória, já foi. Já fui. Até daqui a algum tempo. Bem que me disseram, uma vez, que até dentro de um tornado existe calmaria. Bem no olho dele. Talvez essa seja a melhor definição para a minha cabeça. Confuso, eu sei.
Muito prazer, sou um pensador compulsivo.