CHORA UM BEM PERDIDO, PORQUE O DESCONHECEU NA POSSE

 

Porque não merecia o que lograva,

Deixei como ignorante o bem que tinha,

Vim sem considerar aonde vinha,

Deixei sem atender o que deixava:

 

Suspiro agora em vão o que gozava,

Quando não me aproveita a pena minha,

Que quem errou sem ver o que convinha,

Ou entendia pouco, ou pouco amava.

 

Padeça agora, e morra suspirando

O mal, que passo, o bem que possuía;

Pague no mal presente o bem passado.

 

Que quem podia, e não quis viver gozando

Confesse, que esta pena merecia,

E morra, quando menos confessado.