Que me quer o Brasil, que me persegue?
Que me querem pasguates, que me invejam?
Não veem que os entendidos me cortejam,
E que os nobres é gente que me segue?
Com o seu ódio a canalha que consegue?
Com sua inveja os néscios que motejam?
Se quando os néscios por meu mal mourejam,
Fazem os sábios que a meu mal me entregue.
Isto posto, ignorantes e canalha,
Se ficam por canalha, e ignorantes
No rol das bestas a roerem palha:
E se os senhores nobres e elegantes
Não querem que o soneto vá de valha,1
Não vá, que tem terríveis consoantes.2
1. vá de valha: entenda-se: que o soneto vá além desses “valhas”, isto é, dessas compensações que o poeta tem (Antonio Soares Amora).
2. consoantes: rimas em que todos os sons são idênticos a partir da última vogal tônica.