238.
Deixemo-nos agora,
meu amor: mas não

Philip Larkin

Deixemo-nos agora, meu amor: mas não

seja amargo desastre. Houve no passado,

muito luar a mais e autocompaixão:

acabemos com isso: já como nunca é dado

agora ao sol audaz atravessar o céu

e nunca aos corações deram mais ganas

de serem livres contra mundos, florestas; eu

e tu não os detemos, nós somos as praganas

a ver o grão partir e é para outro uso.

E tem-se pena. Sempre se tem alguma.

Mas não demos às vidas laço escuso,

como barcos ao vento, de luz molhada a crista,

desferram do estuário e cada um lá ruma:

separam-se acenando e perdem-se de vista.