263.
Carta de navegação
Bernardo Pinto de Almeida
Talvez além do que tu vês
não esteja nada
nem a alada criatura com que sonhas
sequer a sombra da sombra de uma sombra
Talvez nisso que vês só haja espelho
de um desejo sem rosto e sem esperança
que toda a vida (às vezes) seja apenas
esse deserto crescendo à tua volta
Aprende a não amar o amor
a nada querer
não desejar o desejo
nada ter.