289.
Que lábios já beijei,
esqueci quando

Edna St. Vincent Millay

Que lábios já beijei, esqueci quando

e porquê, e que braços sob a minha

cabeça até ser dia; a chuva alinha

os fantasmas que rufam, suspirando,

no espelho, respostas esperando,

e no meu peito uma dor calma aninha

rapazes que não lembro e a mim sozinha

à meia-noite já não vêm chorando.

No inverno a solitária árvore assim

nem sabe que aves foram uma a uma,

sabe os ramos mais mudos: nem sei quais

amores vindos, idos, eu resuma,

só sei que o verão cantou em mim

breve momento e em mim não canta mais.