PARIS. A cidade luz. A cidade do amor.
Rabisquei as palavras em um bloco de notas, circundando-as de novo e de novo. A biblioteca estava tranquila, e como de costume a minha seção de pilhas estava praticamente vazia. Isso me dava bastante tempo para sonhar acordada.
Eu estava animada só de pensar na viagem. Desde que eu liguei para o Matt para dizer que eu concordava em ir com ele, a minha cabeça estava cheia de ideias românticas. Imaginei nós dois passeando pela boulevard, com uma música de acordeão de serenata e o pôr do sol no horizonte.
Ok, eu mesma sabia que isso era brega, mas eu não podia evitar. Paris era o lugar onde as pessoas pediam as outras casamento, onde iam para sua lua de mel, onde comemoravam anos de casamento, onde grandes histórias de amor aconteciam. Era tão errado pensar que talvez, apenas talvez, algo pudesse acontecer comigo também?
A Srta. Hamilton até pareceu aliviada quando eu perguntei se podia tirar alguns dias de folga.
"Eu estava começando a pensar que você era algum tipo de robô", disse ela. "Você é a única pessoa que está aqui há tanto tempo e nunca tirou um só dia de folga ou de doença. Acho que se passasse mais um pouco, eu ia ter que forçá-la a descansar um pouco."
E então, eu estava livre. Três dias depois de termos conversado pelo telefone, Matt disse que ele já tinha o meu novo passaporte em suas mãos. Tudo o que eu tinha que fazer era ir buscá-lo depois do trabalho. Fácil assim. Quase fácil demais.
Uma luz se acendeu e o barulho de passos quebrou o silêncio. Eu fechei o meu caderno e comecei a minha lengalenga de sempre.
"Olá, eu sou a bibliotecária responsável por este setor, Penelope Hart. Como possa ajud-" quando eu finalmente percebi quem estava na minha frente, minha voz parou.
"O quê? Por que você não termina?" Linda me disse, antes de se acabar em um ataque de risos.
"Ha, ha, ha. Muito engraçado."
"Ah", disse ela, "não é minha culpa que você está tão perdida nos seus próprios pensamentos que nem percebeu que eu não era uma cliente. Mas devo dizer que estou chocada ao ver alguém como você distraída no meio do trabalho, Srta. Perfeição!"
"Eu odeio esse apelido!" Eu disse, rindo. "Eu simplesmente gosto de meu trabalho! Isso é tão errado?"
Linda puxou a cadeira ao meu lado e sentou-se, aproveitando o recurso bem a capacidade reclinável do móvel.
"Sim, todas nós gostamos de nossos trabalhos aqui. Bem, talvez exceto o Daniel. Ele sempre vem trabalhar parecendo que está entrando em um campo de batalha ou algo assim..." Linda começou a mudar de assunto, mas então voltou ao original. "De qualquer forma, o que eu estava dizendo era, você até exagera um pouco. Mas ouvi dizer que a senhorita vai tirar alguns dias de folga! Qual é a ocasião?"
Eu não consegui controlar o sorriso estúpido que surgiu no meu rosto, "Eu vou para Paris com o meu namorado."
A boca de Linda despencou.
"Paris? Namorado?" disse ela, com os olhos arregalados. "Quem é? É alguém daqui? Não, nenhum de nós ganha o suficiente..."
"É aquele cara que estava preso comigo aqui durante a tempestade", disse eu.
"O bilionário?"
Logo quando eu pensava que os olhos de Linda não poderiam se arregalar mais, ela me surpreende. Ela parecia que ia desmaiar de choque. Eu não a culpo. As palavras ainda eram estranhas na minha boca. Quem jamais esperaria que Penelope Hart conseguiria namorar um milionário, e muito menos um bilionário? Nossa, eu já teria ficado feliz de ter encontrado um cara com um bom emprego sólido.
"O bilionário tem um nome", disse eu, "e é Matt."
"Ah, sim... Matt..."
"E eu tenho que agradecer a você! Se não tivesse ido para casa mais cedo naquele dia, eu nunca o teria conhecido", eu expliquei.
Linda olhou em volta, como se estivesse um pouco confusa: "Eu? Eu ajudei?"
Eu sorri, "Sim, você ajudou."
"Bem, eu-" Linda foi interrompida pelo zumbido de seu celular. Ela o pegou e pulou de sua cadeira.
"Parece que eles me acharam", disse ela. "Tenho que ir!"
Ela me deu um abraço e subiu as escadas correndo. Antes que eu percebesse, eu estava sozinha novamente, com apenas o barulho do ar condicionado me fazendo companhia.
Mesmo depois dela ter subido, a expressão chocada de Linda ainda ficou na minha cabeça. Essa coisa toda era muito estranha, não é? Na minha mente, eu ficava alternando entre essas duas ideias: de que era totalmente normal, e completamente insano.
Lentamente, Matt estava se tornando apenas Matt para mim. Não Monsieur Dufour. Não um jovem e gostoso bilionário. Só o meu Matt. Meu namorado. Mas não era assim que todo mundo o via, não é?
Por um segundo, toda aquela velha ansiedade voltou para a minha mente.
Ele é bom demais para mim. Provavelmente só está me enrolando. Quando se cansar de mim, vai me trocar por uma nova garota. Um bilionário jamais se interessaria em alguém como eu.
Mas então a voz dele ecoou em meus pensamentos.
Confie em mim.
Eu prestei atenção em suas palavras. Na sua voz forte, profunda. Era como se os seus braços fortes estivessem me envolvendo. Como eu poderia não acreditar em um tom de voz tão caloroso?
É isso mesmo, eu preciso confiar nele. Eu não devia me preocupar. Não importava o que os outros dissessem. Ele era meu.