Passei o resto do dia com um olho nos usuários da biblioteca e o outro planejando a nossa viagem. Matt tinha me dado total liberdade. Esta obviamente não seria a sua primeira vez em Paris, então ele estava disposto a ir para qualquer lugar. Mas lá estava eu, quase afogando em tantas possibilidades. Quase.
Paris era uma cidade dos sonhos! Havia cafés onde sentar e observar as pessoas, vinhedos para se visitar, museus para se tirar selfies... E, claro, bibliotecas.
Meu navegador estava cheio de abas abertas com bibliotecas parisienses. Grandes. Pequenas. Abri todos os links que eu encontrei, e o seu número excessivo fazia o velho computador da biblioteca trabalhar dobrado.
Claro, havia a Bibliothèque Nationale e a Shakespeare and Company (ok, ok, esta é uma livraria, não uma biblioteca. James Joyce tinha passado por lá! Como eu poderia perder esta chance?), mas tinha também a linda sala de leitura rococó da Sorbonne e a biblioteca escondida dentro do Musée de l'Opéra National. Eu sonhava em ir até a Fondation Dosne-Thiers, mas eu precisaria de uma recomendação de um membro do Institut de France, portanto ver a enorme coleção de livros do primeiro império francês era apenas uma fantasia.
A minha mente já estava imaginando uma escapadela romântica para nós dois. Só Matt e eu sozinhos na cidade do amor. Sem mães. Sem irmãs. Só nós dois (além de muito vinho, champagne e livros).
Eu estava tão perdida no meu planejamento que eu quase nem percebi que a biblioteca estava fechando. Na verdade, se não fosse por Linda, eu poderia ter ficado lá até que as luzes fossem desligadas.
"Olhe para você", disse ela, "tão ocupada sonhando acordada que nem se preparou para sair ainda. Vamos lá, está na hora de ir embora! Eu não vou deixar você ficar trancada aqui novamente!"
"Ha, ha, engraçadinha", eu disse.
Depois de desligar o computador e verificar se não havia clientes retardatários vagando pelas pilhas, nós subimos para o andar de cima juntas. Linda me encheu de perguntas sobre Matt e a viagem.
"Então, onde vocês vão ficar? O Hilton? Ritz? Algum palácio?"
"Na verdade, eu não sei", eu respondi.
"Oh, ele tem uma casa lá?" Perguntou Linda.
"Eu não sei..."
Eu me foquei tanto em lugares para visitar que não tinha pensado nas coisas mais básicas. Meu estômago se revirou um pouco. Eu nem sabia se ele tinha uma casa em Paris ou não. Não era esse o tipo de coisa que uma namorada deveria saber?
Linda deu uma risada desconfortável e pendurou a bolsa no ombro.
"Não se preocupe com isso", ela disse: "Eu só estou sendo intrometida. Você vai descobrir em breve!"
Forcei uma risada: "Sim, você está certa."
Nós andamos pelo andar central da biblioteca e abrimos as grandes portas de entrada. Quando a luz do sol se pondo bateu em nossos rostos, nós paramos. Esta definitivamente não era uma cena que eu esperava ver.
Hastings estava lá com um buquê de rosas, de pé na frente de um Mercedes-Benz preto elegante.
"Boa noite, Srta. Hart", disse ele com uma pequena reverência. "Estas flores são para você. Agora, posso levá-la até o Monsieur Dufour?"
Linda se virou para mim com as sobrancelhas levantadas, "Você conhece esse cara?"
"Sim, ele é o..."
O que era ele? O criado do Matt? Mordomo? Eu não tinha ideia de qual título era o correto.
"Ele é como o Alfred... Você sabe, do Batman," eu disse finalmente.
Poderia ter sido a minha imaginação, mas eu podia jurar que vi Hastings sorrindo por apenas um segundo.
"Certo...", disse Linda. Ela começou a se afastar. "Bem, você parece ocupada, então... a gente se vê por aí!"
Ela fugiu antes que eu pudesse pedir para ficar.
"Srta. Hart?" Hastings disse. "Vamos?"
***
Fiquei com borboletas no estômago durante todo o passeio. Não fazia sentido, mas eu continuava torcendo para Matt não mudar de ideia quando me visse novamente. Uma parte de mim ainda parecia estar pendurada em um fio de seda. A qualquer momento ele poderia se arrebentar, e eu cairia das nuvens deste mundo dos sonhos.
Hastings tinha me dado o buquê de rosas, e quando chegamos ao destino, diversas pétalas estavam espalhadas pelo interior do carro. Eu estava tão nervosa que acabei brincando inconscientemente de "Ele me ama, ele não me ama." Poucas rosas foram poupadas.
Eu tentei esconder os caules, mas Hastings abriu a porta traseira antes que eu pudesse juntar todas as pétalas. Eu olhei para ele com as mãos cheias de flores inocentes destruídas, e ele olhou de volta com choque em seus olhos. Mas, claramente, Hastings era mais controlado do que eu, porque ele simplesmente tomou as rosas restantes de mim e me guiou para fora do carro.
"Por favor, Srta. Hart, deixe-me cuidar disso", disse ele. "Acredito que já saiba o caminho sem mim?"
Eu balancei a cabeça. Eu não podia sequer dizer uma palavra, meu constrangimento era tão grande. Ele me entregou a chave do elevador, e eu a aceitei como se fosse um presente. Minhas orelhas queimavam, mas eu tentei andar pelo hotel como se eu não tivesse acabado de destruir um buquê de rosas. Claro. Gente, como eu sou idiota. Uma palerma total. Por que diabos eu faria uma coisa dessas com um buquê de rosas vermelhas enormes, cheirosíssimas, estonteantes e claramente caras?
Ainda bem que eu tinha Hastings para me ajudar.
Quando o elevador apitou e as portas se abriram, três pessoas entraram no elevador ao lado de mim. Cada um de nós apertou apertamos nossos botões, e todos olharam para mim quando eu acenei a chave de Matt na frente do scanner. Não havia dúvidas sobre onde eu estava indo, mas eu podia ver outras questões se formando em suas mentes. Seus olhos varreram o meu corpo de cima abaixo.
O que era essa neguinha ia fazer na cobertura? Ela nem é bonita. Ela é gordinha. Aposto que ela roubou a chave. Provavelmente é falsificada. Quem ela pensa que é?
Ou eu poderia estar sendo paranoica. Apertei minha mão no cartão e tentei respirar. Imaginei alguém pressionando o botão de emergência no elevador e chamando a polícia, dizendo que uma pessoa suspeita estava tentando subir para a cobertura. Então Matt teria que vir e me salvar. Ele teria que explicar por que eu estava lá, embora eu não me "encaixasse".
Eu tentei ignorar a sensação de seus olhares queimando a minha pele. Eu queria gritar para eles: “O que, você nunca viu uma pessoa negra antes? Não tem nada melhor para encarar?”
Mas fiquei quieta. Mordi o lábio e olhei para os números na tela do elevador, enquanto subiam mais e mais alto.
Será que eu nunca pertenceria a este mundo? Ou seria sempre assim?
O elevador apitou e o homem e uma das mulheres desceram. Isso me deixou sozinha com a última mulher, bastante elegante, com saltos pontiagudos e uma camisa bem passada. Eu tive vontade de me encolher em um canto. Não é como se eu não me esforçasse para parecer arrumada, mas eu não me esforçava tanto quanto ela, especialmente para ir ao trabalho.
Seu cabelo e maquiagem eram impecáveis, não havia um único fio fora do lugar. E eu? Bem, digamos apenas que é quase impossível pegar o metrô para o trabalho e não ficar um pouco bagunçada.
Ela abriu a boca e eu prendi a respiração. Por favor, não diga nada. A mulher fechou os lábios, e eu relaxei. Mas então ela tentou novamente.
"Eu acho que nunca a vi por aqui antes", disse ela com um sorriso branco perfeito. "Você é nova?"
Eu tentei forçar um sorriso, "Pode-se dizer que sim."
Ok, pare por aí. Isso já basta para uma conversa no elevador entre estranhos. Pelo menos, é o que eu pensava. Mas evidentemente, essa garota não concordava.
"Então, você está indo para a cobertura?" ela perguntou, tentando disfarçar seu interesse.
Onde mais eu estaria indo com essa chave?
"Sim."
Depois disso, ela não disse mais nada. Deixei escapar um suspiro. Graças a Deus, foi só isso. Voltei a observar os números na tela de elevador, ficando com a impressão de que ela estava com inveja. Sim, minha querida, a pobrinha estava com o bilionário.
"Não quero me intrometer, mas-"
O elevador a interrompeu antes que pudesse terminar a frase. Tínhamos chegado ao último dos pisos "comuns". Ouvimos um sino e as portas se abriram, mas ela não saiu. Parecia que ela estava esperando por algo. Talvez para ver se eu realmente ia subir até a cobertura.
"Este não é o seu piso?", eu perguntei.
A mulher piscou e olhou para o número do andar.
"Ah, você está certa!"
E então ela se foi. Quando as portas do elevador se fecharam de novo, eu me recostei contra a parede e suspirei. Pelo menos não havia mais andares em que parar. Eu subiria direto para o Matt. E só o pensamento já fazia o meu coração disparar ainda mais.
Eu pensei no que eu diria para ele, mas não houve tempo o suficiente. Antes que eu percebesse, o barulhinho do elevador apitou novamente e as portas se abriram.
E lá estava ele, parado na frente da saída, seus olhos grudados nos meus. Então ele sorriu aquele sorriso dele, e meu coração se derreteu. Não importava quantas vezes eu o visse sorrindo, eu sempre me sentia dessa forma, como se fosse a primeira vez? Era como se eu me apaixonasse por ele de novo e de novo.
A campainha do elevador apitou e as portas começaram a fechar. Eu apertei o botão para abri-las novamente, mas já era tarde demais. Matt correu entre o espaço rapidamente, e antes que eu me desse conta, ele me tinha prendido contra a parede do elevador.
Suas mãos estavam apoiadas nos meus lados, me prendendo entre elas. Matt então se inclinou e apertou meus lábios com os seus. Ele tirou meu fôlego. No início, eu estava chocada demais para fazer qualquer coisa, mas logo comecei a beijá-lo de volta.
Mesmo que estivéssemos sozinhos e o elevador não se movesse, algo sobre esta situação parecia meio proibido. Logo no outro lado da porta estava o apartamento privativo e confortável de Matt, mas neste lado nós estávamos em um dos elevadores que todo o edifício utilizava diariamente. Provavelmente havia até mesmo uma câmera de segurança olhando para nós.
Hum, mas no momento isso realmente não importava tanto.
O corpo de Matt se pressionava contra mim. Eu podia sentir seus músculos através da camisa, e ele enfiou a mão por baixo da minha. Meu corpo todo tremia enquanto seus dedos tocavam a minha pele, deixando um rastro de fogo pela minha barriga, movendo-se lentamente para cima...
Prendi a respiração. Os dedos de Matt permaneceram do lado de fora do meu sutiã. Eles esfregaram o tecido, fazendo cócegas na pele exposta acima. Tudo o que ele tinha que fazer era puxá-lo para baixo...
O elevador fez um barulho e de repente começou a se mover para baixo. Matt parou o que estava fazendo e pegou a chave do bolso, passando-a no leitor antes que tivéssemos descido demais. Em seguida, o elevador subiu na outra direção, acelerando até a cobertura, e parou no topo.
Desta vez, meu bilionário me puxou para fora do elevador em seus braços. Ele enfiou os dedos no meu cabelo e esmagou meus lábios novamente, desta vez ainda mais intensamente. A maneira como ele me segurava tão firmemente me dava a impressão de que nunca queria me largar. Eu também queria ficar ali para sempre.
Ele deslizou a língua entre meus lábios e me provou. Suas mãos entraram debaixo da minha camisa de novo, e puxaram na parte de trás do meu sutiã. Então, de repente, elas pararam. Matt pausou o nosso beijo.
"Hastings disse que estaria bem atrás de você, não foi?" Matt perguntou.
"Sim."
Ele riu.
"Provavelmente era ele tentando chamar o elevador. Ainda bem que eu tenho prioridade, ou seríamos pegos!" Matt disse. Então ele me deu um outro olhar. "Mas onde estão suas rosas?"
Minhas orelhas esquentarame novamente. Eu olhei para o lado.
"Com o Hastings."
"Ótimo", disse Matt.
Ele pegou minha mão e me levou até o sofá.
"Espere aqui", ele disse, "Eu já volto."
Sentei-me nas almofadas macias e olhei para a mesa na minha frente. Havia um e-reader e iPhone novinhos, das melhores marcas e modelos, ainda em suas caixas ali. Havia também três capas diferentes para o celular: uma fofinha, uma que parecia que poderia sobreviver a um treinamento militar, e uma que lembrava uma velha capa de livro de couro.
Quanto dinheiro foi gasto nestes itens?
"Ei!" Gritei para Matt.
"Sim?"
"Por que você comprou um celular novo? O seu está ótimo."
Um momento depois, Matt saiu da cozinha. O aroma floral de chá Earl Grey misturado com algo doce encheu o ar. Ele estava olhando para mim, segurando um bule e um prato cheio de... bolachas?
"Você pareceu gostar do chá que eu fiz antes, então pensei em tentar algo um pouco mais avançado", disse Matt. "Estes são biscoitos de chá."
"Você fez isso para mim?" Perguntei.
Peguei um dos biscoitos marrons. Ele nunca parava de me surpreender, não é? Eu nem sequer sei cozinhar, um fato que minha mãe citava toda vez que comentava sobre o porquê de eu ainda não estar casada.
Matt serviu o chá de cor âmbar na xícara e o colocou na minha frente. Um vapor subia dela, e eu podia sentir o calor sem sequer tocar a porcelana.
"Não espere muito. Eu nunca assei nada antes, e eu acho que eles estão um pouco queimados."
Mordi o biscoito crocante. Ele estava certo. Um gosto amargo invadiu minha boca e eu o forcei para baixo com o chá, que queimou minha língua. Assim que eu tinha engolido, explodi em gargalhadas.
Matt sentou-se ao meu lado e empurrou o prato para o lado.
"Viu, eu disse", comentou ele.
Eu me senti um pouco mal. Ele tinha se esforçado para fazer tudo isso para mim. Quando foi a última vez que alguém, exceto a minha mãe, tinha feito isso? Papai não conseguia nem ferver água. Bem, ele podia, mas era melhor para todos se não o fizesse.
Peguei outro biscoito e o enfiei na minha boca. A amargura ainda estava lá, mas não foi tão chocante quanto a primeira vez.
"Não, são ótimos!" Eu disse. "Um gosto adquirido."
Matt se inclinou e deu um beijo nos meus lábios. Ele lambeu as migalhas dali e sorriu para mim.
"Eles estão totalmente queimados", disse ele, balançando a cabeça.
"Você tem certeza? Talvez devesse verificar de novo", eu disse.
Ele sorriu de novo e passou a mão em volta do meu pescoço. Ele me puxou para perto e me deu um beijo profundo. Matt separou meus lábios com a sua língua quente, deslizando-a na minha boca. Eu provei o chá. Açúcar. Meu coração acelerava no meu peito. Eu não queria parar. Quem se importava se o Hastings estivesse chegando? Isso não fazia parte da sua descrição de trabalho?
Matt se afastou de mim.
"Sim, tenho certeza", disse ele. "Esses biscoitos definitivamente foram queimados."
Depois ele se recostou no sofá ao meu lado e pegou um dos biscoitos em questão. Ele o deslizou em sua boca e fez uma careta antes de engolir.
"Ah, e esse celular não é meu, é para você", explicou ele.
Meus olhos se arregalaram. "O quê? Você não tem que fazer isso. Eu não pedi..."
"Eu sei que não", disse Matt com um sorriso. "Você não faria isso. É por isso que eu o escolhi para você. Ah, e antes que você me diga que não pode aceitá-lo, lembre-se de que o seu celular CDMA não vai funcionar quando chegarmos à França. Além disso, Eu não quero que você se perca e desapareça no meio de Paris, então é bom usar a função GPS deste iPhone! "
Eu fiquei sem palavras.
Minha boca quase se abriu automaticamente para pedir que Matt o devolvesse. Poderíamos comprar um celular europeu descartável simples quando chegássemos a uma loja de conveniência em Paris. Mas, então, me lembrei das palavras de Kiara.
Ele está lhe comprando coisas úteis. Ele gosta de você.
Engoli em seco e respirei fundo, pegando o celular e sentindo suas linhas lisas em minhas mãos. Isso era meu. Um presente do meu namorado porque ele queria facilitar as coisas para mim. E não havia nada de errado com isso. Na verdade, isso era uma coisa boa.
"Obrigada", eu disse finalmente, um sorriso verdadeiro no meu rosto. Pronto. Isso foi tão difícil? Eu realmente sabia ser boba, às vezes.
Matt olhou para mim com um sorriso no rosto.
"Sabe, eu tinha quase certeza de que você acharia alguma desculpa para não aceitá-lo", ele riu.
Eu lhe dei uma cotovelada e Matt levantou as mãos em sinal de rendição.
"O quê? O que eu disse de errado?"
Eu lhe dei um soco de leve no ombro e Matt agarrou minha mão. Ele aproveitou a oportunidade para dar um puxão no meu pulso e me trouxe para mais perto dele. Meu corpo estava todo pressionado contra o seu.
"De qualquer forma, estou feliz que você não tenha dito não", disse Matt, "Eu quero fazer tantas coisas por você. Eu quero banhá-la em ouro, mas eu sei que você nunca me deixaria fazer isso. Então este é o mínimo que posso fazer".
Minhas bochechas queimaram e o meu coração acelerou. Ouro? Realmente? Por que Matt tinha que continuar falando coisas assim? Ele não podia simplesmente terminar com um: "De nada?"
Eu coloquei o celular de volta na mesa e ri para diminuir meu desconforto.
"Wow, vamos devagar. É melhor você parar de falar assim, antes de eu mudar de ideia e devolvê-lo! Eu sei usar um mapa, sabia?"
"Tudo bem, tudo bem!" Matt disse. "Mas só mais uma coisa: eu escolhi o e-reader para você também Você me parece o tipo de garota que certamente vai ultrapassar o limite de peso de bagagem com seus livros. Eu não me importo de pagar a taxa, mas pode ser... complicado arrastar todo esse peso ao redor."
Eu peguei o e-reader da mesa. Era fino e preto, cheirando vagamente a plástico. Quando eu abri a tampa, ele cintilou à vida quase como um mini tablet em preto e branco. Essa pequena coisinha deveria substituir os meus livros? Hum...
"Eu não sei bem...", eu disse. "Quero dizer, o que acontece com a sensação de folhear as páginas? O cheiro de tinta velha?"
Matt pegou o leitor de mim e começou a tocar a tela.
"Eu não disse que ele ia substituir seus livros. Pense nisso como... Uma adição. Uma adição de alta tecnologia que pode enviar quase qualquer livro no planeta até você em questão de segundos."
Ele o entregou de volta para mim e a tela estava cheia de livros que ele tinha acabado de baixar. Títulos antigos. Novos. De literatura clássica. Romance moderno. Eu tenho que admitir, era tentador. Mas ainda assim...
"Só dê-lhe uma chance. Está anexado à minha conta, então você pode comprar o que quiser. Confie em mim, antes que perceba, você estará viciada."
Eu não tinha tanta certeza, mas não ia rejeitar um presente que ele parecia ter dado de coração.
"Obrigada", eu disse.
"Por nada", respondeu Matt.
Só então, o elevador apitou. As portas se abriram para revelar Hastings entrando no apartamento. Ele estava segurando um buquê que parecia idêntico ao que eu tinha destruído. Ele se aproximou de mim e me entregou as flores como se nada tivesse acontecido. Minhas bochechas queimaram de vergonha, mas sorri amplamente e arregaleir meus olhos para ele, tentando transmitir com a minha expressão o quão grata e sem graça eu estava.
Hastings educadamente devolveu o sorriso.
"Você precisa de mim, Monsieur Dufour? Vejo que você já tem chá e biscoitos preparados."
"Não", Matt disse, "Eu acho que podemos nos virar."
"Muito bem. Então vou continuar com as preparar para a sua viagem."
Hastings nos deixou e desapareceu em um outro aposento no apartamento. Estávamos sozinhos novamente.
"Falando da viagem -"
Matt começou a falar, mas foi interrompido pelo seu celular tocando. Rapidamente, ele olhou para a tela e ignorou a chamada.
"Como eu estava dizendo, falando da viagem, eu estava pensando que podíamos ficar na casa da minha família em Paris. Não é um hotel cinco estrelas nem nada, mas eu acho que é muita boa. O único problema é que tudo foi guardado, pois ninguém vai lá há algum tempo. Eu posso pedir para que arrumem a casa toda, mas eu pensei que seria melhor para eles só organizarem alguns quartos, já que vamos ficar tão pouco tempo", disse ele.
Matt passou a mão pelo seu cabelo e alguns cachos caíram para o lado.
"Poderíamos ter um quarto para cada um, ou nós poderíamos... usar um só..."
Os olhos de Matt olharam diretamente nos meus, mas eu desviei o olhar. Minha pele estava quente, como se alguém tivesse ligado um aquecedor. Eu olhei para os meus dedos por um segundo.
Por que é que eu estava ficando sem graça? Não era como se ele nunca tivesse me visto nua. Não era como se já não tivéssemos...
"Um quarto!" Eu meio gritei, meio falei.
Uma expressão de choque apareceu no rosto de Matt e, em seguida, ele se derreteu em um sorriso.
"Um quarto é mais fácil de arrumar, certo?" Eu disse, tentando soar mais calma. "Eu não preciso de muito espaço."
"Não comigo, você não precisa", disse ele, chegando mais perto.
Ele me empurrou para baixo no sofá e pairou sobre mim. As mãos de Matt estavam em cada lado da minha cabeça, e os seus joelhos seguravam os meus quadris no lugar. Eu não tinha para onde ir. Fechei os olhos.
"Que tal isso?" Matt perguntou.
Ele se inclinou e eu podia sentir sua respiração quente no meu pescoço. Lentamente, ele arrastou beijos quentes pela minha pele. Eu suspirei. Cada beijo deixava uma marca fervente no meu corpo, uma trilha que levava até a parte inferior da minha camisa. E quando ele chegasse a essa fronteira, o que aconteceria? Meus dedos dos pés se curvaram em antecipação.
"Estou perto demais para você? Você precisa de mais espaço?"
Eu respirei fundo.
"...Não", eu disse.
Matt apertou seus lábios contra o meu pescoço novamente e mordeu a pele de leve. Eu respirei fundo.
"Que bom", disse ele.
Em seguida, houve uma vibração. Seu celular. Nós o ignoramos no início, mas depois de tocar mais de 10 vezes, o clima já era. Matt sentou-se no sofá e olhou para a tela, franzindo a testa.
"Eu já volto, ok?"
Eu balancei a cabeça e Matt foi até seu escritório. Assim que a porta se fechou, eu ouvi a voz dele falando com a pessoa do outro lado da linha. Sua voz estava elevada. Eu não conseguia entender o que ele estava dizendo, mas o que quer que fosse, Matt não estava feliz.
Sentei-me ali, desajeitadamente esperando Matt voltar. Era estranho, mas eu nunca tinha ouvido Matt bravo antes. Parecia que eu estava descobrindo uma parte escondida dele. Um que eu não tinha certeza de que eu gostava. Será que ele era violento?
Depois de um tempo, Hastings voltou até a sala. Ele parou quando me viu.
"Srta. Hart, que o jovem mestre a deixou sozinha?" ele perguntou.
Fiz um gesto na direção do escritório, "Ele está no telefone."
Naquele mesmo momento a voz de Matt se ergueu o suficiente para que o escutássemos. Eu me encolhi um pouco.
"Gostaria de mais chá?" Perguntou Hastings. "Este deve estar frio."
Ele estava certo. O chá que Matt tinha feito não soltava mais vapor. As duas xícaras estavam paradas ali, inacabadas e com anéis de chá circundando o fundo.
"Não, obrigada", eu disse.
Sem dizer outra palavra, Hastings levou as xícaras e o bule embora. Antes que eu pudesse argumentar, ele já estava na cozinha, e os sons da água fervendo encobriam parcialmente a discussão de Matt.
Ouvi Hastings abrindo um armário para pegar o chá e, em seguida, a chaleira assobiou. Finalmente, quando ele o serviu, eu podia sentir o cheiro do chá chegando até mim. Era muito agradável. Só de ter algo mais para ouvir já era o suficiente para me fazer relaxar no sofá.
Poucos minutos depois, Hastings reapareceu com um bule de chá fumegante e uma xícara limpa para mim. Ele colocou o pires sobre a mesa e serviu o chá amarelo pálido com o que pareciam ser anos de prática. Nem uma única gota foi derramada.
"Camomila", disse Hastings. "Me parecia a melhor escolha."
Peguei a xícara e soprei antes de tomar um gole. O líquido quente derramou na minha garganta e começou a derreter a minha ansiedade.
"Obrigada", eu sorri para ele.
"O prazer é meu", disse Hastings.
Ele começou a caminhar de volta para a cozinha, mas então ele fez uma pausa.
"Monsieur Dufour sempre trabalhou muito duro. Às vezes, ele nem sequer dorme. Eu acredito que ele nunca tenha sequer tirado um dia inteiro de folga do seu negócio ", disse Hastings. Em seguida, um leve sorriso surgiu no canto da boca. "Isto é, até que você apareceu. Este é o máximo que eu o vi relaxar desde que era um garotinho. Ele não se importa em tirar folga agora, se é para passar mais tempo com você, mas parece que nem todos na sua empresa estão felizes com isso".
Hastings olhou para a porta do escritório e então de volta para mim.
"Aproveite o seu chá, Srta. Hart."
Ele desapareceu atrás da porta, e eu estava sozinha novamente. Meu peito estava apertado. Eu envolvi minhas mãos em torno da xícara de chá, deixando o calor escaldar as palmas das minhas mãos.
Matt estava tirando folga só para mim? E ele nunca o tinha feito antes? Tomei outro gole de chá quente e deixe um sorriso vir aos meus lábios.
Só para mim.
O meu corpo parecia quente. Eu não tinha certeza se era por causa do chá ou a minha alegria. Talvez fosse ambos. Havia algumas pitadas de culpa no meio, também. Mas todo mundo merecia um descanso de vez em quando, não é?
Um momento depois, Matt abriu a porta de seu escritório. Ele se apressou na minha direção e me pegou em seus braços. Seus lábios se pressionaram contra os meus com tanta força que ele literalmente me tirou o fôlego. Matt passou a mão no meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, inclinando meu rosto na direção dele.
Ele então quebrou o beijo.
"Agora, onde é que estávamos?", Ele perguntou antes de esmagar seus lábios contra os meus novamente.
Eu queria me perder nele outra vez, mas eu não conseguia afastar a sensação de estar sendo observada. Hastings estava no aposento ao lado, e poderia entrar a qualquer momento. Ele não faria isso, mas isso não importava. Era como se a minha mãe estivesse por perto.
"Mais tarde," eu disse. "Em Paris."
A mão de Matt deslizou sob a minha camisa e esfregou meu mamilo duro através do meu sutiã. Um suave gemido escapou dos meus lábios e meus joelhos começaram a tremer.
"Você tem certeza? Ainda vai demorar", disse Matt, estendendo a outra mão para desenganchar o sutiã. Eu me empurrei contra seu peitoral e ele fez uma pausa.
"Tenho certeza", eu disse. "São só mais alguns dias. Acho que você consegue esperar até lá, não é?"
Eu me afastei dele, apesar do meu corpo estar gritando para ficar.
"Talvez, mas será que você consegue?" perguntou Matt.
Houve um rosnado em sua voz que fez meu estômago (e outras partes) se apertar. Eu respirei fundo e me levantei.
"Espere até Paris", eu disse. "Por enquanto, vamos voltar ao planejamento, ok?"
Matt olhou para mim. Ele não estava nem mesmo tentando esconder o desejo em seus olhos. Ele deu um passo para a frente, na minha direção.
"Paris", eu repeti.
Matt parou, ficando ali sem dizer nada por um momento, e então ele suspirou.
"Paris, ok", ele disse e voltou a se sentar no sofá. "Vou cobrar isso de você."