13 A construção de um objeto de aprendizagem como exemplo de transposição didática de um conteúdo de Ciências

Dalva Mariana Affonso1; Wilson Massashiro Yonezawa2

Introdução

A informática educativa no Brasil tem suas raízes históricas plantadas em 1971, quando pela primeira vez se discutiu o uso de computadores no ensino de Física, em seminário promovido pela Universidade de São Carlos, com assessoria de um especialista da Universidade de Dartmouth/ USA (Moraes, 1993). Três décadas após o início da discussão do uso de computadores nas salas de aula, a informática está inserida em quase todas as esferas da educação brasileira. Atualmente, a discussão gira em torno de como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) podem e devem ser utilizados na escola.

Os Objetos de Aprendizagem (OAs) representam uma TIC. A expressão objeto de aprendizagem (learning object) geralmente refere-se a materiais educacionais projetados e construídos em pequenos conjuntos com vistas a maximizar as situações de aprendizagem nas quais o recurso pode ser utilizado (Tarouco, 2003), que, de acordo com Wiley (2002), OAs são elementos de um novo tipo de instrução computacional, com base no paradigma de orientação a objetos da ciência da computação:

Um objeto de aprendizagem é qualquer recurso que possa ser reutilizado para dar suporte ao aprendizado. Sua principal ideia é "quebrar" o conteúdo educacional disciplinar em pequenos trechos que podem ser reutilizados em vários ambientes de aprendizagem. Qualquer material eletrônico que provê informações para a construção de conhecimento pode ser considerado um objeto de aprendizagem, seja essa informação em forma de uma imagem, uma página HTM, uma animação ou simulação (Rived, 2003).

Sendo assim, os OAs como materiais pedagógicos devem ser desenvolvidos para transmitir um determinado conhecimento. E para que ocorra a transmissão ou comunicação do conhecimento, faz-se necessário que o conhecimento seja transformado. Em meados da década de 1980, emerge no campo educacional com a teoria da "transposição didática", de Yves Chevallard. Essa teoria expõe enfaticamente a distância necessária entre os saberes a serem ensinados e seus saberes de referência (Leite, 2004).

Segundo Chevallard (1991, p.31 apud Pinho Alves, 2001), a transposição didática é entendida como um processo no qual

um conteúdo do saber que foi designado como saber a ensinar sofre a partir daí, um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto para ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O trabalho que transforma um objeto do saber a ensinar em um objeto de ensino é denominado de Transposição Didática.

Moran (2002, p.24) compreende que "o conhecimento se dá fundamentalmente no processo de interação, de comunicação". Os conhecimentos científicos, à medida que são elaborados, passam por processos de codificação, sendo que os processos didáticos devem considerar os códigos científicos. Contudo, tais códigos passam por uma decodificação ou transposição para ser apreendida pelos alunos. A escola, dentre suas principais funções, tem o papel da transmissão de conhecimentos produzidos pela humanidade.

A escola é, também, uma instituição estabelecida pela sociedade para transmitir a herança cultural de um tipo específico de conhecimento construído pela espécie humana pelos séculos: as Ciências. Para muitos, esse conhecimento constitui um saber complexo e dogmático, expressado em uma linguagem difícil, estando em mãos de uma minoria, a comunidade científica, que é a única capaz de entendê-lo e progredir neste campo (Pujol, 2003).

Segundo Pujol (2003), a finalidade da educação para a Ciência no Ensino Fundamental é ser um ponto a mais na formação dos alunos como cidadãos conscientes e comprometidos com o mundo em que vivem. O Ensino de Ciências deve ir além da transmissão de conhecimentos, métodos de experimentações ou tipo de raciocínio. Supõe também oferecer elementos para ver qual o impacto das descobertas da Ciência na evolução da sociedade e na configuração de seus valores.

O propósito deste texto será apresentar o desenvolvimento do conteúdo do OA "Do alimento a digestão" (Affonso, 2008), embasado na teoria da transposição didática, utilizando-se para tal do design instrucional e da confecção de um mapa conceitual, bem como do impacto do uso do OA na escola.

Delimitação do tema: sistema digestório humano

A escolha do tema para elaboração do OA tomou como referência os propósitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que se refere ao corpo humano como um todo dinâmico e que interage com o meio ambiente, sendo que, na realidade, no processo de ensino, essa questão se constitui um obstáculo, tanto para alunos quanto para professores. Optou-se, então, por realizar um estudo mais aprofundado no que diz respeito aos limites e possibilidades de uma experiência didática com o uso do computador, para que fosse simulado o processo de nutrição, em especial a questão de absorção dos nutrientes pelo sistema circulatório.

Quando se fala em digestão, o tema nutrição tem peso importante na delimitação desse assunto. Por nutrição entende-se o conjunto de todos os mecanismos que permitem aos seres vivos adquirir energia e materiais do ambiente em que vivem para que seja possível a continuidade de sua vida (Pujol, 2003).

Segundo essa mesma autora, assim como ocorre com a reprodução e com a nutrição dos seres vivos, a função de relação dos sistemas não se apresenta de forma isolada. No processo de construção de um modelo de ser vivo, não é possível deixar de lado o papel da circulação e da respiração e suas relações com a função da nutrição. Uma visão construtivista e integradora dos sistemas fisiológicos para o ensino dos conceitos da função nutrição são propostos pelos PCN. A ideia central a ser trabalhada com os estudantes, segundo esses parâmetros, é a de que os nutrientes são a fonte da energia e das substâncias de construção para todo o corpo, os quais, associados à água, são absorvidos pelos capilares e chegam às células de todos os tecidos do corpo pela circulação, um padrão comum entre os animais com sistema circulatório. Torna-se muito importante indicar o contato dos capilares sanguíneos com o tubo digestivo e outros tecidos do corpo, seu papel na troca de substâncias entre os tecidos, constituídos por células, e o sistema circulatório, apontando-se, também aqui, os modos como diferentes sistemas se integram no corpo (Secretaria de Educação Fundamental, 1998).

Ainda segundo esses parâmetros (Secretaria de Educação Fundamental, 1998), a partir das ideias que os estudantes têm para compreender a digestão dos alimentos no seu próprio organismo, é necessária a construção de uma representação, inclusive em visão tridimensional, do sistema digestório no corpo humano, seus órgãos e anexos (glândulas salivares, fígado, vesícula biliar, pâncreas), com a ajuda de atlas e modelos anatômicos ou informática. Ao se trabalharem os alimentos e os processos mecânicos e químicos da digestão, testes e experimentos são importantes para que tais assuntos sejam vivenciados e refletidos mediante problematizações, por exemplo, sobre a composição dos alimentos, sobre o papel da saliva na digestão, entre outros.

Essa metodologia recomendada pelos PCN veio ao encontro da teoria de transposição didática, para a qual a aprendizagem escolar é o resultado da integração de novos conhecimentos na estrutura cognitiva, porém os novos conhecimentos devem ser transformados para que possam ser ensinados na faixa etária do terceiro ciclo. Chevallard parte do princípio de que o saber acadêmico é extraescolar, porém precede e fundamenta cultural e cientificamente o saber escolar (Chevallard, 1991). Assim, na teoria da transposição didática, é condição essencial a transformação do elemento saber para que este possa se tornar apto a ser ensinado.

Os estudantes conseguem identificar a digestão com o aparelho digestório, entendendo-o como um tubo pelo qual entram e saem os alimentos, mas para uma grande maioria, em seu interior os alimentos seguem caminhos distintos, conforme sejam sólidos ou líquidos. Junto a isso, a ideia mais geral é que a digestão consiste em uma separação de substâncias – o que se pode aproveitar dos alimentos passa ao sangue, e o que não, segue pelo tubo digestório é expulso. Por isso, o sistema digestório foi escolhido como tema desta pesquisa devido à visão macroscópica que os estudantes apresentam sobre esse tema. O objetivo do estudo não é apresentar funções e estruturas internas da célula, mas sim seu papel como componente fundamental dos tecidos de um modo geral, estando de acordo com os interesses e mecanismos de aprendizagem dos alunos como atores do sistema didático defendido por Chevallard (1991). Segundo esse autor, esse sistema é formado por três elementos – professor-aluno-saber –, que interagem a partir de mecanismos que lhe são próprios, que ele denomina de "funcionamento didático". Porém, o elemento saber é colocado de lado nas análises desse sistema, privilegiando apenas a relação professor-aluno (Gabriel, 2001).

Como ferramenta para o ensino desse conteúdo utilizou-se um OA. O OA construído teve como objetivo principal mostrar aos estudantes a integração dos sistemas digestório, circulatório e respiratório, pois, ao contrário das imagens estáticas dos livros didáticos, no OA foi possível a construção de uma animação explicitando essa integração (Figura 1), o que pôde melhorar a compreensão por parte dos alunos.

Figura 1: Tela da parte final da animação de OA mostrando a interligação dos sistemas: digestório, circulatório e respiratório.

Figura 1: Tela da parte final da animação de OA mostrando a interligação dos sistemas: digestório, circulatório e respiratório.

O uso de animações no OA vem mostrar o mérito do terceiro elemento do sistema didático de Chevallard (1991), o saber.

Transposição didática

Ao definir a transposição didática como sendo um movimento que traduz o processo de transformação do saber acadêmico em objeto de ensino de uma disciplina específica, Chevallard (1991) afirma que nesse movimento, a transformação do saber acadêmico em saber escolar se faz em diferentes instâncias ou etapas. Esse autor identifica dois momentos dessa transposição: a transposição externa, que se passa no plano do currículo formal e/ou dos livros didáticos, e a transposição interna, que ocorre em sala de aula no momento em que o professor produz o seu texto de saber, isto é, no decorrer do currículo em ação. O OA denominado Do alimento à Digestão constitui uma proposta de recurso didático para o Ensino Fundamental preparado tendo em vista o sistema digestório humano, exemplificando a transposição externa citada por Chevallard (Gabriel, 2001).

O OA sobre digestão enfatiza os nutrientes como fonte de energia e as substâncias de construção para todo o corpo, as quais, associados à água, são absorvidos pelos capilares. Foram abordados também temas ambientais e sociais. Foram selecionados tópicos para compor o OA objetivando-se a construção das seguintes ideias pelos estudantes: processos mecânico e químico da digestão dos alimentos; visão tridimensional do sistema digestório e seus órgãos; nutrientes como fonte de energia para o corpo; absorção dos nutrientes pelos capilares e chegada às células de todos os tecidos do corpo pela circulação; a produção dos alimentos; valor nutritivo dos alimentos consumidos; o papel da mídia no incentivo ao consumo de alimentos industrializados e desvinculados das necessidades nutricionais diárias, bem como as consequências do uso de agrotóxicos e dos aditivos alimentares para conservação e alteração das características do alimento, temas relacionados com o eixo Saúde, Trabalho e Consumo (Secretaria de Educação Fundamental, 1998).

Os textos do OA foram redigidos a partir da pesquisa bibliográfica em diversas fontes de informação, incluindo livros técnicos (didáticos e de Ensino Superior) e de divulgação científica, revistas especializadas e jornalísticas, e sites da internet. Procurou-se adequar a abordagem ao terceiro ciclo (8º ano) do Ensino Fundamental, com ênfase em aspectos conceituais. A redação do OA segue o que Chevallard denomina transposição externa, ou seja, o saber acadêmico foi transformado em saber escolar, fora da sala de aula, por outros que não o professor.

Para tal processo de transformação, utilizou-se de um design instrucional. Um projeto instrucional (instructional design) é uma análise das necessidades de aprendizagem e o desenvolvimento sistemático de instrução (Filatro, 2004). O desenvolvimento do material instrucional, na maioria das vezes, segue um modelo sequencial de cinco fases: Análise, Projeto, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação (Apdia). Entretanto, para a elaboração deste OA, as fases projeto e desenvolvimento foram realizadas ao mesmo tempo. A união dessas duas etapas facilitou a transformação do saber acadêmico em saber escolar. As fases do design instrucional do OA podem ser vistas na Figura 2.

Figura 2: Design Instrucional utilizado para transpor o conteúdo do sistema digestório para a 7ª série do Ensino Fundamental.

Figura 2: Design Instrucional utilizado para transpor o conteúdo do sistema digestório para a 7ª série do Ensino Fundamental.

Além do uso do design instrucional nas fases de projeto e desenvolvimento, usou-se um mapa conceitual para delinear o conteúdo que deveria cons-tar do OA (Figura 3). Segundo Novak (1998), o uso de mapas conceituais no planejamento ou na instrução de um assunto específico ajuda a fazer o conceito instrucional transparente para os estudantes.

Figura 3: Mapa conceitual para construção do OA.

Figura 3: Mapa conceitual para construção do OA.

A utilização desses dois recursos para transformar o objeto do saber (Chevallard, 1991), sobre sistema digestório, em objeto de ensino para o terceiro ciclo do Ensino Fundamental foi de grande ajuda, pois por meio dessas duas ferramentas foi possível utilizar não apenas a metodologia, mas também a teoria da transposição didática de Chevallard . Segundo ele, no plano teórico, a discussão remete-se para a passagem de um outro tipo de saber, o que justifica a necessidade da introdução no campo da didática de uma reflexão epistemológica que leve em conta a pluralidade de saberes. Enquanto que no plano metodológico, esse conceito permite tomar distância, interrogar as evidências, desfamiliarizar-se da proximidade enganadora entre os saberes, oferecendo, assim, a possibilidade ao pesquisador de exercer uma constante vigilância epistemológica, indispensável a esse tipo de reflexão.

Uso do OA na sala de aula

O OA foi organizado em fases. As fases e textos do OA estão listados a seguir:

a) Visão inicial: reúne o texto introdutório sobre alimentação e sua importância.

b) Obtenção dos alimentos: abrange os textos sobre o tipo de nutrição humana, o que é dieta, o que são nutrientes e como chegam até nós, com ilustrações sobre de onde vêm os alimentos.

c) "Fazendo" o prato: descreve os três principais macronutrientes, carboidratos, proteínas e lipídeos. O texto apresentado é modific ado conforme o usuário clica em um determinado tipo de alimento.

d) Almoçando: congrega os textos sobre a boca, dentes e saliva. e) Engolindo a comida: inclui os textos sobre deglutição e enzimas.

f) Digestão e absorção: compreende os textos referentes aos processos químicos e físicos da digestão no estômago e intestino delgado e a absorção dos nutrientes e sua posterior distribuição pelo sistema circulatório.

Os textos encontram-se ilustrados com imagens e animações, visando enriquecer o conteúdo e facilitar a formação de conexões não arbitrárias e substanciais na estrutura cognitiva do estudante. A estrutura do OA foi estabelecida de modo a permitir a exploração dos conceitos segundo o princípio da diferenciação progressiva, procurando favorecer o percurso de trilhas – sequências de telas –, em que se parte dos aspectos mais gerais para se alcançar os de maior grau de especificidade (Machado, 2006). Por exemplo, ativando-se os links disponíveis, pode-se iniciar a leitura sobre deglutição, passar ao estudo das enzimas, seguir para o texto sobre os movimentos peristálticos, continuar acessando informações sobre os processos químicos, conectar-se à seção sobre absorção e concluir examinando a distribuição dos nutrientes pela circulação sanguínea.

Foi observado, durante o desenvolvimento das atividades, que as alunas aplicaram, pelo menos em parte, os conhecimentos adquiridos nas leituras, especialmente naquelas que tratavam dos conceitos relacionados à finalidade dos alimentos na alimentação humana. Foi percebido que as atividades proporcionaram uma oportunidade de utilizar os conceitos científicos e integrar valores e saberes para adotar suas decisões em relação aos objetivos, conforme descrito por Zabala (1998). É claro que, para saber se estenderiam essa competência para outros campos da atividade humana, seria preciso um trabalho de investigação mais amplo, que foge ao escopo da presente pesquisa. Quanto aos conceitos, observou-se que as estudantes os empregaram de uma forma que ainda não é adequada do ponto de vista científico, notando-se uma forte influência do senso comum na explicação dos conceitos digestão e absorção.

Pode-se considerar que, após as intervenções didáticas, as concepções espontâneas dos alunos já não se sustentavam, mas devido ao tempo não foi possível detalhar esses dados. Os conceitos espontâneos foram testados, e as estudantes puderam tomar consciência de suas próprias concepções. Assim como foi evidenciado na metodologia da avaliação como regulação (Pujol, 2003), do processo de ensino e aprendizagem, a tomada de consciência de seus próprios conceitos pelos estudantes os auxilia em seu processo de aprendizagem, visto que os conceitos científicos fi cam frente a frente com os conceitos espontâneos, o que permite ao aluno ver a fragilidade de suas concepções, já que elas não se sustentam com argumentos lógicos.

O uso das animações, em particular, foi apontado pelas alunas como elemento motivador para compreensão dos conceitos. Assim como o uso das simulações, que propiciou às estudantes a visualização de como a enzima amilase, por exemplo, age nos carboidratos. A visualização traz ao estudante a concretização de temas que são de difícil abstração. As próprias alunas relataram que sempre ouviam falar sobre enzimas, porém nunca conseguiam imaginar o que eram e como funcionavam.

As estudantes consideraram que aprenderam muitas questões para as quais nunca tinham atentado em sala de aula. Quando questionadas sobre por que dessa observação, não souberam responder.

Segundo as estudantes, a maior dificuldade encontrada durante o ensino do conteúdo foi a compreensão das transformações ocorridas no bolo alimentar quando este chega ao intestino. Para elas, a absorção pelos capilares sanguíneos dos nutrientes é algo muito abstrato, já que seus conceitos sobre tecidos e células estão muito aquém do que poderia se esperar de alunos desse ciclo de ensino.

Por fim, as alunas puderam perceber a integração dos sistemas digestório, circulatório e respiratório, porém, como essa percepção ficou estabelecida não se pode afirmar.

Em face desses resultados, conclui-se que a tecnologia da informação, mais especificamente um OA digital, oferece um potencial a ser explorado para a melhoria do ensino e aprendizagem de conceitos científi cos, bem como dos saberes descritos por Zabala (1998), já que o uso do computador para trabalhar com o OA digital não precisa ser restringido a essa tarefa exclusivamente. No entanto, uma abordagem metodológica que possa integrar a tecnologia da informação como ferramenta de uso rotineiro pelo professor e para que o aluno o veja como parte de sua vida escolar mostra-se como uma alternativa viável para a melhoria do Ensino de Ciências e, também, das outras disciplinas. Assim, acredita-se que este trabalho, mesmo que de forma tímida, seja uma contribuição no sentido de apontar alguns rumos que podem ser seguidos.

Considerações finais

A partir das análises observadas na pesquisa, pôde-se inferir que o uso do OA como ferramenta de ensino foi satisfatório no que diz respeito à compreensão dos estudantes em relação ao objeto de ensino que este apresentou. Com efeito, o tema digestão humana como tema central, com o uso do OA, organizado como objeto de ensino segundo a teoria da transposição didática e pressupostos construtivistas, possibilitou a grande parte dos alunos a assimilação de ideias básicas sobre a inter-relação entre os sistemas orgânicos. Segundo a teoria de Chevallard, o sistema didático foi funcional, pois satisfez algumas condições que são impostas pela própria prática pedagógica. Essas condições impostas ao elemento "saber escolar" como a diferenciação entre os saberes acadêmico e escolar, os saberes específi cos das Ciências Naturais, as funções sociais, a relação com o saber empírico e os interesses dos alunos sobre sua aprendizagem conteúdo foi fundamental para a compreensão do objeto de ensino. Conforme se apurou, a oportunidade de participar de aulas interagindo com o computador foi valorizada pelos estudantes, em virtude do emprego da máquina ter apoiado a aprendizagem e constituído um diferencial em relação às aulas tradicionais.

O emprego da multimídia para representar o conteúdo em diferentes formatos pode ter implicado maior facilidade entre os conceitos a serem assimilados e a estrutura cognitiva.

As observações das atividades realizadas e as informações fornecidas pelas estudantes indicaram que certas opções metodológicas para o Ensino de Ciências adotadas no OA e nas aulas com o apoio dessa tecnologia trouxeram contribuições para a aprendizagem. Exemplo disso é a simulação.

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