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Díaz, o ditador mexicano, durante uma coletiva de imprensa com a revista americana Pearson’s Magazine declarou que já realizara esforços suficientes de modernização e crescimento econômico no México e que agora era o momento de passar o cargo para um sucessor, principalmente levando em consideração sua debilidade física.

— É de braços abertos que eu receberia o surgimento de um partido de oposição na República do México. Se surgisse um partido assim, não o consideraria um pecado, e sim uma bênção... Não tenho planos de continuar na presidência. Tenho setenta e sete anos de idade, já basta.

Ele estava esperando que, quando declarasse que não buscaria a reeleição, gritos de “por favor, reconsidere!” varreriam todo o México sem demora. Porém, o resultado foi exatamente o oposto. Ele abrira uma caixa de Pandora. Os liberais de toda a nação se reuniram ao redor de Francisco Madero e não demorou muito para que Madero emergisse como opositor político de Díaz. Houve até mesmo quem, no próprio partido da situação, levasse as palavras de Díaz ao pé da letra. A briga pela sucessão se acirrou. Díaz repensou seu erro de confiar demais nas pessoas e imediatamente tomou providências. Ordenou que seus capangas organizassem um movimento para opor­-se à decisão dele de não concorrer à reeleição, depois oprimiu com crueldade toda e qualquer tentativa de cumprir à risca sua declaração de não concorrer à presidência.

Sim, as pessoas logo descobriram as verdadeiras intenções do ditador, mas as ambições políticas já tinham sido libertadas. Políticos como Aquiles Serdán não se acovardaram com a opressão de Díaz. Serdán liderou a oposição à reeleição do ditador. Organizou um clube liberal chamado Luz y Progreso, cujas atividades tinham como base sua cidade natal, Puebla. Compareceu a uma convenção do partido dos Antirreeleicionistas e lançou de bom grado seu voto para indicar Francisco Madero como candidato à presidência.