Este livro não poderia ter sido escrito sem o estímulo intelectual e o empenho de muitos colegas e amigos.
Em primeiro lugar, houve conversas inspiradoras com dois dos melhores historiadores econômicos do mundo: Carlota Perez e Bill Lazonick. A obra de Carlota e nossos constantes diálogos sobre o papel do Estado nas diferentes fases das revoluções tecnológicas me obrigaram a refletir profundamente sobre as mudanças do papel dos diversos tipos de “capital” — financeiro e produtivo — ao longo do tempo, e sobre o papel do Estado na orientação para fins produtivos e não meramente especulativos. Mas é claro que a inovação requer um pouco de especulação — que Bill tomou o cuidado de diferenciar de “manipulação”. Sua análise incisiva não deixa nenhuma palavra no ar: ele toma o cuidado, por exemplo, de distinguir negócios e mercado, o que a maioria de nós confunde quando usamos o termo “setor privado”. A obra de Bill sobre as mudanças na estrutura da produção capitalista e sua relação com mercados de trabalho e dinâmica financeira deveria ser leitura obrigatória para todos os estudantes interessados em teoria da empresa e todos os formuladores de políticas interessados na reforma financeira para tornar a produção capitalista mais inclusiva e sustentável.
Também agradeço a Bill por me apresentar a dois de seus alunos mais brilhantes: Oner Tulum e Matt Hopkins, que me deram a melhor ajuda que alguém pode ter com a pesquisa. Oner usou seus métodos cirúrgicos de análise dos relatórios de empresas para ir fundo na ajuda concedida pelo Estado à Apple, tanto em termos de tecnologias utilizadas quanto nos estágios iniciais do financiamento; o capítulo 5 não poderia ter sido escrito sem ele. E Matt aplicou sua compreensão aguda e apaixonada da tecnologia limpa — algo em que é um especialista em termos acadêmicos, mas também politicamente comprometido; os capítulos 6 e 7 não existiriam sem ele.
Sou grata ainda a Caetano Penna e a Caroline Barrow pela laboriosa assistência editorial. O conhecimento de Caetano tanto em economia heterodoxa (e o sistema do “Outro Cânone”) como em estudos de inovação — e sua revolucionária tese de doutorado sobre a “transição” exigida nos automóveis — fizeram dele uma caixa de ressonância e um revisor incomparável e estimulante. Carolina, que mergulhou na edição e formatação do original assim que entrou para a Unidade de Pesquisa de Políticas Científicas e Tecnológicas (SPRU — Science and Technology Policy Research Unit) da Universidade de Sussex, nunca perdeu a paciência e ainda ofereceu insights interessantes sobre o papel do setor público nas artes, devido à sua experiência como bailarina profissional.
Por fim, agradeço pelo financiamento que possibilitou meu afastamento para me dedicar inteiramente à escrita do manuscrito. Uma bolsa do Reforming Global Finance, da Fundação Ford, dirigido por Leonardo Burlamaqui, foi duplamente útil devido ao próprio trabalho de Leonardo para entender as formas como a “governança do conhecimento” pode “moldar” os mercados. Na verdade, foi o trabalho de Leonardo na Ford que inspirou as primeiras reuniões e o trabalho que acabaram levando a outro projeto de pesquisa, financiado pelo Institute for New Economic Thinking (INET ), no qual Randy Wray e eu estamos atualmente empenhados: um projeto para descobrir como reunir o pensamento de Joseph Schumpeter sobre inovação e de Hyman Minsky sobre finanças para entender até que ponto as finanças podem ser transformadas em um veículo para a destruição criativa em vez da atual obsessão com a criação destrutiva do tipo esquema Ponzi.
Entre outros amigos e colegas que proporcionaram inspiração por meio de conversas e feedbacks, quero citar Fred Block, Michael Jacobs, Paul Nightingale e Andy Stirling, estes dois últimos do SPRU , meu novo lar acadêmico. Criado por Chris Freeman, o SPRU é um dos ambientes mais dinâmicos em que já trabalhei — um lugar onde entendem que a inovação está no centro da competição capitalista e onde, em vez de mistificar o processo, ele é estudado “criticamente”, tanto em relação a seu ritmo quanto sua direção.
Nos últimos dois anos tive a sorte de trabalhar com diversos estrategistas políticos de todo o mundo dispostos a ouvir vozes “diferentes” sobre economia. No Reino Unido, foi particularmente gratificante trabalhar com o secretário de Estado David Willets; com Chuka Umunna, Shadow Business Secretary; Chin Onwurah (agora no Cabinet Office), Shadow Science Minister; e Andrew Adonis. Na Comissão Europeia, o trabalho com Peter Droell (chefe da Unidade de Inovação da DG RTD ) sobre como pensar a inovação no setor público (tanto “dentro” como “através”) me motivou a falar não apenas do potencial papel “empreendedor” do governo, mas a pensar concretamente sobre como construir organizações “empreendedoras” no setor público.
É claro que nenhuma das pessoas citadas aqui tem qualquer responsabilidade por meus próprios erros, exageros, provocações e às vezes opiniões muito apaixonadas expressas neste livro.