Tabanidae ou Mutucas*

O papel das mutucas na transmissão de micróbios e parasitos maiores não é provavelmente tão insignificante quanto a princípio se acreditava. Já está estabelecido que a Filaria loa e transmitida por espécies africanas de Chrysops que servem de hospedeiros intermediários e o mesmo podia bem se dar com outras espécies de filárias. As mutucas podem inocular a “surra” como mostrou Mitzmayn, e transmitem provavelmente a “peste de cadeiras” e talvez uma outra espécie de tripanossomo, pouco virulento, mas muito espalhado nos bovinos. Verificou-se ultimamente no estado norte-americano de Utah uma septicemia de roedores (principalmente coelhos e lebres) que foi chamada Tularaemia e se parece com a peste bubônica, podendo ser transmitida por tabanídeos a outros animais e ao próprio homem. Parecem os transmissores habituais, mas verificou-se experimentalmente que pulgas, percevejos e piolhos também podem inocular a infecção por picada, além de serem as fezes deles contaminantes, até depois de muito tempo. Isto vem apoiar a idéia de que o carbúnculo e outras doenças bactéricas do gado possam ser veiculadas pelas mutucas, que tanto perseguem os animais domésticos maiores.

Sistemática

Sobre a sistemática dos tabanídeos publiquei uma série de artigos nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e em alguns outros jornais científicos. Nas Memórias encontram-se descrições e boas figuras de grande número de espécies, das quais muitas eram novas. A minha classificação e chaves para a determinação encontram-se no Brasil Médico, 1913, n.45 e em separados deste artigo. Cerca de sessenta pangoninas e crisopinas brasileiras foram discutidas nos Zoologische Jahrbücher, 1909, Supplement X, Heft 4. Quase todas são representadas em estampas coloridas e acompanhadas das descrições originais, quando as espécies já eram conhecidas, ou de descrições inéditas, quando se tratava de espécies novas. Sete espécies novas foram descritas no Anexo 5 da Publicação da “Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas” (Rio de Janeiro, 1912).

A classificação se baseia principalmente sobre as fêmeas, obtidas muito mais facilmente. Os machos conhecidos têm os olhos holópticos, com um segmento de facetas maiores, geralmente na metade superior do olho. Neste segmento costumam faltar os desenhos de cor que podem existir nos olhos das fêmeas correspondentes. Os palpos mostram um certo dimorfismo sexual, sendo o segundo artículo palpal do macho virado para cima. Na tromba faltam as mandíbulas e a extremidade posterior do abdome pode mostrar algumas diferenças características, mas as cores e desenhos são geralmente tão parecidos que o conhecimento da fêmea com raríssimas exceções basta para determinar o macho. As fêmeas das espécies hematófagas são facilmente apanhadas em cavalos e outros animais maiores que procuram picar. As fêmeas de algumas espécies e os machos das mesmas ou de outras podem ser apanhadas algumas vezes em flores, como crisântemos e orquídeas, mas o fato é raro. Apenas uma espécie de Stachytarpheta promete resultados melhores, mas somente em certos lugares e por um número limitado de espécies. Os machos podem ser observados parados no ar, conforme as espécies, perto do chão ou numa altura de vários metros acima deste. Colhi os machos de algumas espécies menos raras nas janelas de habitações rurais ou em cercas, outras foram obtidas de larvas, mas há muitas espécies, nem todas raras, cujos machos são completamente desconhecidos. Tudo isso explica a conveniência de fazer a classificação pelas fêmeas, que oferecem caracteres bastante distintos.

Entre nós, todos os dípteros braquíceros que sugam sangue e têm o terceiro artículo antenal segmentado pertencem aos tabanídeos. Oito subdivisões do mesmo e um esporão duplo nas tíbias das pernas de trás caracterizam as pangoninas, cinco subdivisões, olhos com festões verdes sobre fundo escuro, asas claras, atravessadas por uma faixa vertical escura, e tamanho pequeno são próprios das nossas crisopinas. Estas subfamílias, aliás pouco relacionadas, constituem as Opisthacanthae; as outras subfamílias representadas em nosso país têm as últimas tíbias inermes, o que caracteriza as Opisthanoplae. Entre estas as Diachlorinae se aproximam das Chrysopinae pelo tamanho pequeno e pelo desenho dos olhos, mas a falta de esporões nas tíbias posteriores as distingue imediatamente. As Lepidoselaginae formam um grupo um tanto heterogêneo, caracterizado pelo corpo de cor preta lustrosa, geralmente glabro, às vezes com escamas verdes, pelo espessamento de um ou mais pares de tíbias e por escovas de cílios nas pernas. As asas mostram geralmente um desenho bastante típico escuro sobre fundo mais claro. Todas as outras Opisthanoplae pertencem à subfamília Tabaninae, da qual dou uma chave.

As pangoninas brasileiras são moscas grandes, pesadas, com poucas exceções crepusculares e muito ávidas de sangue. Contudo algumas espécies, mais ou menos semelhantes a himenópteros, são apenas floríssugas. O gênero Pangonia falta ao Brasil onde predominam espécies do gênero Erephopsis Rondani. Este e alguns gêneros vizinhos têm o lábio muito comprido, com a parte basal enrolada dentro da cabeça que mostra uma forma cônica. O terceiro artículo antenal é fusiforme, a bifurcação da terceira nervura da asa não tem apêndice retrógrado maior e (com uma única exceção, aliás inconstante) a primeira célula da margem posterior é fechada. Sendo esta completamente aberta, a tromba comprida e o corpo muito pequeno, temos o gênero Micropangonia com apenas duas espécies conhecidas. O gênero Diatomineura Rondani tem a trompa curta e a primeira célula posterior muito aberta. O gênero Scione Walker (sul-americano, mas ainda não observado no Brasil) tem três células da margem alar posterior fechadas.

O gênero Esenbeckia tem os olhos sem pelinhos, a célula primeira da margem alar posterior fechada, a bifurcação da terceira nervura com apêndice constante e bastante comprido, o último artículo antenal chanfrado em cima, o segundo segmento palpal em forma de bainha de sabre e um aspecto que mais lembra as tabaninas, das quais se distingue pelos esporões das tíbias de trás. Há muitas espécies no interior do Brasil, mas só uma espécie no litoral do estado do Rio de Janeiro.

As crisopinas contêm apenas o gênero Chrysops com muitas espécies que se podem pegar nas orelhas dos cavalos e burros. Como algumas Pangoninas atacam algumas vezes o homem.

Também as Diachlorinae têm apenas um gênero, com muitas espécies e vários tipos de desenho nos olhos. No litoral e nas margens dos rios as espécies bivittatus , distinctus , flavitaenia e alguns outros perseguem os viajantes com bastante insistência.

Das Lepidoselaginae ou Hadrinae deve-se conhecer a Lepidoselaga lepidota, antigamente conhecida pelo nome de Hadrus lepidotus. É uma espécie do tamanho de uma mosca, coberta com escamas verde-douradas, muito conhecida no Norte pelo nome de “cabo verde”. Ataca o homem, procurando principalmente os pés. Outra espécie, o Selasoma tibiale, chamado às vezes de “mutuca preta” por causa de sua cor escura, é muito espalhada e freqüente, mas nem sempre notada porque aparece quase à noite e se senta na barriga dos animais.

A subfamília Tabaninae contém o maior número das espécies indígenas. Os gêneros distinguem-se principalmente pela forma do terceiro artículo antenal, o desenho dos olhos, as calosidades intra-oculares, as nervuras das asas e os desenhos observados nelas.

O gênero Acanthocera parece-se com marimbondos indígenas. O corpo é estreito castanho ou preto, o abdome estrangulado perto da base, os olhos são marcados por três listras verdes sobre fundo escuro. O terceiro artículo antenal tem normalmente um dente lateral na base, mas este pode ser muito reduzido ou faltar completamente em algumas espécies, de modo que as antenas se assemelham às das vespas do gênero Polybia. Ocasionalmente essas mutucas picam gente, principalmente a Acanthocera anacantha. Perto da Capital Federal ocorre a espécie longicornis, denominada por Fabricius.

O gênero Dichelacera contém muitas espécies menores com galho lateral na base do terceiro artículo antenal, palpos com segmento terminal estreito e arcado, olhos com duas faixas verdes, estreitas ou largas, e asas variadas por manchas e faixas amarelas ou pretas. Dichelacera januarii deve seu nome ao Rio de Janeiro onde é comum, como a alcicornis na região de São Paulo. Ambas ocasionalmente sugam sangue humano.

Outro gênero, bem caracterizado pelos olhos que têm a metade inferior de um verde claro e brilhante, é o gênero Catachlorops. Muitas espécies mostram nas asas uma grande mancha escura, às vezes fenestrada, e manchas claras triangulares no dorso do abdome. Têm um galho curvado na base do terceiro artículo antenal, o segundo artículo palpal estreito e arcado e o calo frontal prolongado em crista estreita e comprida. São comuns nas serras onde perseguem cavalos e mulas picando-os de preferência na barriga. Algumas vezes atacam o homem. As espécies mais comuns chamam-se capreolus e fuscipennis.

O gênero Amphichlorops se parece muito com o anterior, mas a cor verde brilhante se estende sobre todo o olho.

Os outros gêneros com galho lateral nas antenas têm os olhos unicolores, geralmente verdes, com ou sem brilho esverdeado, às vezes castanhos ou de cor de tijolo escura.

No gênero Stibasoma as fêmeas têm os olhos unicolores, galho curvado na base do terceiro artículo antenal, um ou mais pares de tíbias espessados e munidos de escovas e o corpo muito grosso, copiando assim himenópteros dos gêneros Bombylus, Xylocopa e Euglossa. Há poucas espécies que são geralmente bastante raras.

O gênero Cryptotylus tem a calosidade frontal coberta por pelinhos e o galho antenal anguloso. A espécie unicolor é crepuscular e muito espalhada.

No gênero Dicladocera entram muitas espécies com olhos unicolores, galho antenal comprido e curvo e calo frontal alongado, que os autores colocavam ora em Tabanus, ora em Dichelacera. Habitam de preferência as matas das serras e têm freqüentemente desenhos vistosos nas asas. As espécies potator, guttipennis e macula são freqüentes e características.

O gênero Chelotabanus contém espécies muito grandes, que se parecem com as de Tabanus. O galho antenal não é curvo e parece um dente alongado.

O resto das nossas espécies pertence ao antigo gênero Tabanus, tendo o terceiro artículo antenal inerme ou apenas com pequeno dente na base. As que têm duas ou três listras verdes nos olhos entram pela maior parte no gênero Neotabanus; algumas pertencem a Macrocormus (que compreende espécies grandes com tubérculo linear e apêndice comprido no ângulo da terceira nervura longitudinal) ou a Stenotabanus, que contém espécies miúdas com três calosidades e corpo geralmente estreito. Poecilochlamys tem o corpo coberto de pêlos variados e as nervuras transversais com tarja escura. A primeira célula da margem alar posterior pode ser aberta ou fechada na mesma espécie.

Quanto às espécies com olhos unicolores, coloco provisoriamente em Tabanus as espécies de corpo alongado, asas hialinas e falta de distintivos especiais. Algumas formas muito miúdas entram nos gêneros Microtabanus e Melanotabanus. Stictotabanus se distingue por uma tarja nas nervuras transversais. Chlorotabanus tem o corpo e o sangue verde, pigmento vermelho nos olhos e carece de calo frontal. Aqui entra a espécie mexicanus L., com hábitos crepusculares e área de dispersão enorme.

Dou, em seguida, uma chave para a determinação dos gêneros, a qual contém os caracteres principais de cada um:

Tabaninae Schistocerae

Tabaninae Haplocerae

(Artículo terminal das antenas sem galho lateral; sendo este artículo claviforme, a espécie entra na Acanthocera, n.1 da chave anterior)

No uso desta chave deve-se lembrar o seguinte:

Schizocerae e Haplocerae devem ser consideradas como duas séries de evolução paralela. Entre os gêneros da primeira há dois que contêm algumas espécies nas quais o processo lateral fica muito reduzido ou mesmo desaparece. O último caso se dá apenas no gênero Acanthocera, sendo então as antenas claviformes, como nos himenópteros, que servem de modelo de mimetismo. Há algumas Dichelacera com o processo reduzido a um simples espinho, mas essas espécies têm no resto os caracteres do gênero: asas com faixas escuras, palpos estreitos, olhos com duas listras verdes, calo frontal arredondado etc. Quando o dente antenal é um pouco alongado, mas direito, e os palpos bastante largos, deve-se procurar nas Haplocerae; em casos duvidosos, consultem-se as duas chaves. Estas exce-ções não devem ser consideradas como depreciando a nossa classificação, resultante de observações extensas e prolongadas reflexões, correspondendo também às afinidades naturais. Seria difícil substituí-la por outra melhor. Apenas o desenho dos olhos podia ser preferido, como caráter primitivo, mas isso, além de dificultar mais a determinação de exemplares antigos, só alteraria a ordem numérica dos caracteres. A cor nos desenhos dos olhos é sempre verde na vida e em exemplares frescos, mas pode alterar-se ou desaparecer completamente em exemplares velhos e conservados a seco, de modo a não reaparecer mais na câmara úmida. Lembrando-se desses fatos no uso da nossa chave, será fácil determinar os gêneros antigos e novos.

Evolução e biologia

Os ovos das nossas mutucas devem ser depositados na terra ou em outros lugares onde pouco aparecem. Nunca me foi possível observar as posturas em folhas de plantas aquáticas ou terrestres. Nas primeiras, contudo, são freqüentes as posturas de Leptidas que muito se parecem com as de tabânidas, de modo que a princípio julguei tratar-se de formas um pouco aberrantes destas. Nos Estados Unidos as posturas de alguns tabanídeos são encontradas em plantas determinadas onde formam manchas, a princípio brancas, mas enegrecendo gradualmente. Contêm ovos alongados subfusiformes em camada simples. As larvas se desenvolvem rapidamente e deixam-se cair na água ou no chão, onde se escondem. O mesmo se dá no caso das Leptidae.

Para se conhecer os ovos das nossas espécies se pode retirá-los da barriga de fêmeas grávidas. Na catividade não se obtêm posturas naturais.

As larvas das nossas espécies são terrestres ou, quando muito, semi-aquáticas, de modo que raramente são encontradas entre a fauna das águas paradas. Vivem geralmente no fundo ou ao lado destas e aqui podem ser obtidas lavando o lodo ou a terra em cima de uma peneira, mas esse trabalho, além de demorado, é pouco rendoso. O Neotabanus obsoletus, limitado ao litoral, cria-se no lodo do mangue de onde é isolado com bastante dificuldade. O desenvolvimento é sempre lento e na maioria das espécies há uma só geração anual, aparecendo geralmente as imagos no tempo de calor durante algumas semanas ou meses. As espécies mais comuns e abundantes têm, contudo, mais de uma geração anual e aparecem voando em qualquer mês do ano.

As larvas que consegui achar e identificar pertenciam a espécies de Chrysops e Neotabanus. Têm a aparência de larvas de moscas, mas dimensões maiores, alcançando três centímetros de comprimento. A forma é cilíndrica, com as extremidades arredondadas, mostrando a anterior ganchos maxilares castanhos ou pretos, suportadas por peças compridas e longitudinais de quitina escura. Formam uma espécie de esqueleto da parte cefálica que, por músculos especiais, pode ser retraída e rotada ao modo de uma broca. Algumas espécies mostram um par de ocelos muito pequenos e simples. Na extremidade caudal percebem-se os estigmas e um segmento escuro dos grandes troncos traqueais que nascem nestes, o que dá aos anéis terminais a aparência de um tubo respiratório curto.

A larva é muito ativa e dotada de grande força. Caminha com igual facilidade para diante e para trás por meio de saliências achatadas. Estas e as margens dos segmentos são guarnecidas de fileiras de espinhos curtos que ajudam a locomoção. Distinguem-se onze segmentos que, na parte média, pouco diferem entre si. A cor geral, devida principalmente ao corpo gorduroso, é creme, mas o integumento é completamente hialino, deixando perceber perfeitamente os órgãos internos. Os troncos traqueais aparecem com brilho de seda e o intestino mostra a coloração do conteúdo.

As larvas alimentam-se com os líquidos orgânicos de pequenos animais de corpo mole que atacam e perfuram com os ganchos maxilares. Preferem moluscos, vermes e larvas de dípteros. Tratando-se de quetópodos muito finos, podem também engolir fragmentos do corpo. A transparência dos tecidos permite acompanhar todo o processo de alimentação quando as larvas são criadas num meio diáfano composto de ágar puro e água em proporção de 1-1,5% do primeiro, conforme indiquei num trabalho publicado na Folha Médica de 1920, n.3. O ágar aqui não serve para a alimentação, apenas de ambiente adequado que permite a observação contínua. Escolhendo para alimentação animais de sangue vermelho como Planorbis, minhocas, pequenos quetópodos, encontrados no lodo, ou larvas de Chironomus, pode-se observar o conteúdo intestinal, vermelho na parte superior e tornando-se preto na parte inferior em conseqüência da digestão. A larva que se move com facilidade nesse meio, que se fecha atrás dela, deixa nele não somente as fezes, mas também a pele antiga na ocasião da muda. Usando pequenos cristalizadores pode-se acompanhar com poder fraco, de preferência com microscópio binocular, todos os processos de alimentação, respiração e locomoção. As larvas conservam-se imóveis durante muito tempo, o que é sinal de bem-estar. A alimentação é repetida apenas em intervalos bastante longos, dedicados à digestão.

De vez em quando a larva muda de pele. As exúvias podem ser procuradas no ágar e servem para preparações microscópicas. Depois de algumas mudas a larva se transforma em casulo muito mais curto e grosso, mas com a mesma cor e transparência de larva, que pela forma e mobilidade lembra os casulos lepidópteros. Antes da transformação esta se aproxima da superfície. Em câmara úmida obser-va-se bem a metamorfose. Primeiro aparece o pigmento dos olhos e o sexo pode ser diagnosticado já bastante tempo antes da ecdise, pela conformação dos olhos. A imago sai por uma fenda longitudinal do dorso do tórax.

A família das tabânidas é muito numerosa e bem representada na América. A fauna brasileira contém perto de trezentas espécies e difere muito da fauna de outros países não americanos. Excetuando-se algumas pangoninas, são todas hematófagas, mas na maior parte pouco perseguem o homem, principalmente se está montado. Há todavia algumas espécies do gênero Diachlorus que são muito ávidas de sangue humano, e outras, como Lepidoselaga lepidota, Tabanus cayennensis e alguns Chrysops, podem incomodar bastante. Algumas pangoninas do gênero Erephopsis perfuram mesmo a roupa, se não for muito grossa. A picada é geralmente bastante dolorosa e produz uma pápula inflamatória, excepcionalmente uma infiltração edematosa mais extensa.

Nos cavalos nota-se que muitas espécies se localizam de preferência em certas regiões, como as orelhas, a barriga e os pés, acima do casco. Perseguem mais na sombra das matas e quando o sol está menos alto; algumas espécies são francamente crepusculares. O mesmo se pode dizer das pangoninas, excetuando algumas espécies, geralmente de cores vistosas.

As mutucas não se dão bem em cativeiro e a experimentação com elas é difícil, porque geralmente se recusam a picar ou a pôr ovos. Também a criação é geralmente muito difícil pela falta de material e a evolução lenta. As que se prestam mais a estudos de transmissão pertencem ao gênero Chrysops.