NOTA DOS EDITORES

 

 

Poeta e cronista de gênio, Carlos Drummond de Andrade possuía um excelente faro editorial. Consta que, durante boa parte de sua vida, escrevia os próprios textos de orelha (irretocáveis, diga-se de passagem) de seus livros. Também tinha o ouvido apurado para criar títulos lapidares: A rosa do povo, Claro enigma, Fazendeiro do ar e outros são, desde o nascimento, definitivos em sua mistura de sofisticação e simplicidade, ironia e seriedade.

Em 1969 Drummond publicou Reunião em um único volume. Recolhia, ali, dez livros a partir de Alguma poesia (1930), sua obra de estreia. Mais tarde o próprio poeta foi acrescentando outros — isso até 1983, quando trouxe a lume, já com o título de Nova reunião, dezenove títulos de sua lírica. Depois de sua morte, em 1987, os netos Luis Mauricio e Pedro Graña Drummond selecionaram trechos de outros livros posteriores ou editados postumamente. O resultado, a partir de obras integrais e trechos selecionados, traz 23 livros e é um amplo painel da obra de Carlos Drummond de Andrade, um poeta que, como poucos, atravessou boa parte do século XX dando um depoimento — lírico e político, metafísico e sensual — sobre o Brasil.

Os editores de língua inglesa têm a figura do “portable”, o livro que reúne o melhor da produção de determinado autor. É o caso desta Nova reunião. Eis um Drummond portátil para leitores brasileiros de todas as idades.