2.9. Na Livraria Martins Editora

O nosso homem está crescendo. Justamente agora ele me perde. Vai sentir a minha falta, modéstia à parte. Mas que fazer? (Edgard Cavalheiro)1



Edgard Cavalheiro atua na Livraria Martins Editora, fundada em 1940, por cerca de dois anos, dirigindo o departamento editorial. Segundo Mário da Silva Brito, “atendendo a tudo e a todos com fidalguia e senso de realidade, sempre cheio de entusiasmo, de planos, possuído por sua alegria criadora”2.

De acordo com José Fernando de Barros Martins, “Cavalheiro contribuiu para trazer para o catálogo da editora a obra de Mário de Andrade, que, a partir de 1941, foi exclusiva do selo Martins. O próprio Mário de Andrade organizou [...] todo o planejamento da obra”3. Edgard Cavalheiro também levou Jorge Amado, então exilado pelo Estado Novo, da José Olympio Editora para a Martins4, autor que foi importante para o êxito comercial da casa2.9.15. Além de outros autores já atestados por diversos veículos, Fernando Martins também supõe que foi Edgard Cavalheiro o responsável pela ida do romancista José Geraldo Vieira, de A quadragésima porta, para a Livraria Martins e também para a Livraria do Globo, em decorrência da grande amizade existente entre Cavalheiro e Vieira6.

Edgard deixará a Martins em 1943 para ocupar o cargo de gerente comercial da Livraria do Globo, do Rio Grande do Sul, quando esta abre filial na capital paulista.



1 Carta a Nelson Werneck Sodré. SODRÉ, N. W. Em defesa da cultura. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988, p. 288.

2 BRITO, Mário da Silva. Martins: 30 anos. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1967, p. XIX.

3 MARTINS, José Fernando de Barros, op. cit., p. 178.

4 MARTINS, José Fernando de Barros. Entrevista concedida a Silvio Tamaso D'Onofrio. São Paulo, 17 jul. 2010.

5 HALLEWELL, op. cit., p. 412.

6 De passagem por São Paulo, José Geraldo Vieira visitou a redação da Folha da Manhã em companhia de Edgard Cavalheiro. EM TORNO do recente lançamento de “A quadragésima porta”. Folha da Manhã, São Paulo, 4 jan. 1944.