Das mais hediondas e aterrorizantes raízes
das dores da escravatura,
surgiu o oposto,
surgiu o contrário.
De gosto itinerário,
como aquela flor do lodo,
mas ao invés das flores de lodo,
que são brancas,
eram corações de cravos, rosas e rubis vermelhos,
pulsantes dentro de corpos negros de ônix azuladas,
de tanto negror da noite infinita.
Estrelada apenas com o brilho das estrelas dos teus olhos
com fulgor de gás neon,
trazendo sussurros de elétrons,
que se avistam daqui.
O trio eletrônico fabrica atômico
adrenalina como um tônico
pra felicidade que vê
toda vertigem e a viagem da velocidade.
Idiota,
segundo os gregos, é aquele que fica parado num canto.
Lá do rio Amazonas vêm os defensores da floresta que nos resta...
Daí se vê, saci-pererê,
daqui odara, a capivara
e no escuro delira o curupira.
E do além vem alguém que pula,
é a mula sem cabeça.
Na terra do candomblé,
sob teto de Oxum e Olorum,
viva Cologé, Odara,
Amém, Mobatala.
É o século XXI,
Mobatala.
Todo o ouro de Oxum,
Mobatala.
É o século XXI,
Mobatala.
Odara, Odara.
Musicada por Da Ghama, Toni Garrido, Bino Farias e Lazão e gravada por Cidade Negra no álbum Enquanto o mundo gira (2000)