Nos meus passados mais antigos reluz sempre a mesma cena naquela paisagem.
São palmeiras que se repetem ao longo do espaço que é azul e infinito ao mesmo tempo.
Durmo convulso entre folhas e cadernos,
estou destruindo pequenos pedaços de papel.
sou o médico e o monstro
eu vivo na sombra na praia
a esmo
sou cobaia de mim mesmo
Tenho a mania de enxergar tudo
como se fosse a coisa mais linda e bela.
Como, por exemplo, olhando
um velho escarrando da janela
vejo uma gota de luz
resplandecente
caindo no chão
escarrada pelo ancião
porque chorava
e que saiu da boca sorrateiramente
daquele ancião que chorava lágrimas quentes
de saudades do amor do seu coração.
não me explicou por que eu me
tornei energia pura!!!! Saí
de dentro da matéria mantendo
a minha energia compacta sem
dispersar uma fagulha vivendo
sem as limitações do corpo!!!!
Eu viagem-viajante aeronave!!!!
Eu Marte, eu marciano.
Eu parti no oceano da arte no engano.
Sinto a infinita noite da melancolia
caindo sobre mim mesmo durante a luz do dia
provocando essa triste melodia
bem no meio da meia-noite
que apareceu no meio do meu meio-dia.
Como resplandece e quem não se esquece,
como brilha a filha da agonia.
A alma se acalma.
Só guerra sem paz
onde aliás
eu me encontro
desde a meia-noite dentro do meio-dia.
falo um poema agora.
A vida tem um só problema
que é a nossa vigésima quinta hora.
Adoro e moro e habito no infinito
olho do ciclone. Onde não tenho nome
nem sobrenome. Onde tudo se come
e se consome e onde como num esconde-esconde
só eu fico imóvel
e tudo gira ao meu redor
e assim fico lá
pensando e refletindo.
Ah! se o mundo não tivesse inventado o automóvel.
não me interessa a coisa imensa
só me interessa o mais pequeno
é que eu vivo na presença
do menino Nazareno
minha vida não é uma epopeia
vivo só no meu cantinho
com Jesus da Galileia
rezando para ele bem baixinho
e através da oração
a minha dor se reduz
e sem mágoa
É como se eu fosse banhado
com a mais doce
alegria dos encantos
do sol do meio-dia
da Bahia de Todos
os Santos ressuscito
no amor da luz de Jesus
que tem a cor de todos os azuis
das águas marinhas!!!!
Aquele que ouve é macaco.
Aquele que canta é macaco.
E aquele que constrói também é.
Macaco, todo mundo sabe,
várias cores tem,
muitas belas pernas, coxas, pés,
raças, caras, covas, pragas, enfim
aquele homem no espaço
naquela nave espaçonave
que vem e vai brincando o que não sei
além da volta da dimensão,
que dimensão?
Trazendo-me a paz
na onda azul espuma
na vela da caravela
a mão do
macaco fez sinistro?
O registro, todo passado
é dele,
é ele,
ele é você,
ele sou eu.
Eu li nos jornais: a hora era dos marginais.
Fui acusado em flagrante.