escuridão é apenas o
estampido da noite.
batucadas abrem
súbitas estradas
de luz em nosso coração
cada nota musical é
uma estrela reluzente
no céu de cada um de nós
espasmos de luz
orgasmos
azuis
uma paisagem talvez bucólica
onde o teto da casa desta imaginação
(imagem em ação miragem da
emoção) é um céu destes bem
nublados e cinzentos percorrido
por caminhões de nuvens penugens
que passam lentamente como
se fossem também, no espelho
convexo do espaço paralelo,
flocos de algodão cinza
e cinzentos e embebidos
por algum éter e/ou clorofórmio
com formas de centauros, elefantes,
unicórnios!!!!!!
perturba e não perturba ao
mesmo tempo-espaço-espaço-tempo
todos os seres e antisseres????
Não sei
de um miasma
ectoplasma
Vem o fantasma
de uma lembrança que um dia foi criança
e hoje adulta oculta
secreta dor que avança
(saudade A cidade)
chuva gelada
gostos que dançam
meus devaneios
autores sem freios
Tudo é sempre um equilíbrio flutuante.
Tudo é sempre um hoje de um só instante.
A vida é o absurdo determinado
por nossas imaginações
que nascem dos nossos desejos
que se realizam num turbilhão de beijos
e ao mesmo tempo-espaço
calmaria de beleza e harmonia
dentro da dissonância de tudo.
Nascem de faíscas de luz chamadas de sinapses
em nossos neurônios
que determinam nossos sonhos
sejam risonhos ou tristonhos
e às vezes ao concebê-los
não sabemos se são sonhos ou pesadelos.
às vezes a tristeza nos mergulha
na frieza
tão somente agora
que a gente está aqui
só para ir embora e aí voltar
de vez em quando de quando em vez
pro coração de alguém como recordação
ou então como mistério de uma doce assombração
tem o amor que é tão bonito
e tudo são cenas paralelas
em direção ao infinito
onde mora o beija-flor escondido na folhagem.
Às vezes, perder alguma coisa
é querer perder-se de si mesmo.
que lá de longe se ouvia
de lá onde era meio-dia
começou a voar pelo ar
enrodilhar como se esta melodia
fosse a serpente
oroboros amazônica
me levando
por um labirinto
de folhagens dentro de um denso nevoeiro
e quando finalmente adormeci e depois acordei
vi ao lado
o encordoamento do meu violino
todo arrebentado
a corda do sol
a corda do ré
a corda do mi
e a corda do lá
me entrelaçando
e fiquei a pensar
no maior mistério da vida.
É tudo um enigma
e a solução do enigma
tem que ser outro enigma
maior feito de um amor maior ainda.
De repente as cordas do meu violino se transformaram em serpentes
com olhar muito doce
e uma voz ao longe uivava
e era um canto que vinha da floresta amazônica.
Parece-me que era a própria natureza chorando
dizendo: macularam a água da vida e a sua fonte
com a usina de Belo Monte.
Neste instante surgiu o curupira
defensor da floresta amazônica
cantando a canção de Caetano que diz:
a lei há de chegar no coração do Pará.