Herói das estrelas

(“E aqueles que viviam nas regiões tenebrosas

olharam para o céu

e viram a luz daquela estrela cintilante,

que com sua luz mostrava

o lugar e a morada

da onde nasceria a esperança.”

Isaías, séculos antes do nascimento de Jesus de Nazaré.

 

Jesus de Nazaré que disse:

“Tive fome, tive sede.

Fiquei nu, fui doente.

Era estrangeiro”.

 

E como disse Friedrich Nietzsche em Zaratustra:

“Somente aquele que tiver o caos dentro de si

Poderá dar à luz a grande estrela bailarina”.)

 

O herói tem uma capa de estrelas

e um cinto de cometas.

Mas o herói tem uma capa de estrelas

e um cinto de cometas.

 

E na testa a estrela solitária

da irmandade dos planetas.

E na testa a estrela solitária

da irmandade dos planetas.

 

Voa o seu voo noturno,

e nos dedos ele usa os misteriosos

fulgurantes sete anéis de Saturno.

E nos dedos ele usa os misteriosos

fulgurantes sete anéis de Saturno.

E tem nas mãos uma espada de luz

que um anjo astronauta lhe deu

 

quando se encontraram pelo espaço,

e ao anjo astronauta ele então respondeu:

O meu caminho eu sei

mas eu não sei qual é o seu.

No universo tudo voa,

tudo parece balão.

É que pra mim, anjo astronauta,

só me interessam os caminhos

que levam ao coração.

(E como disse Maiakóvski:

“Nos demais, todo mundo sabe,

o coração tem moradia certa,

fica aqui bem no meio do peito.

Mas comigo, ah!, a anatomia ficou louca

e eu sou todo coração!”.

 

E como disse Rainer Maria Rilke:

“Quem, dentre a hierarquia dos anjos, me ouviria

se eu por ele chamasse,

e mesmo se eu gritasse,

e um deles me ouvisse,

viesse ao meu encontro e me abraçasse,

ah! eu derreteria perante o seu ser mais forte.

Porque todo anjo é terrível,

e a beleza é apenas o início do terrível”.

 

E como disse o Charles Baudelaire:

“Oh, Satã! Oh, Satã!

Tu que és o Rei dos Anjos,

tenha piedade da nossa longa miséria”.

 

E Mallarmé, que disse:

“A carne é triste,

e eu já li todos os livros.

Mas ouve, oh! minha alma, como é linda

a canção dos marinheiros!”.)

 

(E como disse Hölderlin:

“Aqui na alegria

jamais consigo cantá-la nos meus versos.

É somente aqui,

na mais profunda tristeza,

que eu consigo cantá-la”.

 

E como disse Vinicius de Moraes:

“Eu nunca fiz coisa tão certa:

entrei para a escola do perdão.

A minha casa vive aberta,

abri todas as portas do coração”.)

 

 

Musicada por Nelson Jacobina