À uma você fuma,
às duas vai pras ruas
e às três telefona pra Inês.
(Alô? Benzinho? Vem correndo
que eu guardo uma surpresa pra você, é!)
Às quatro você faz cena de teatro,
às cinco fecha a porta com o trinco
e às seis o problema é de vocês.
(Eu falei pra você não falar nada pra ele
nem nada pra ela, você falou, agora o problema é todo seu
resolve, resolve, quero vê!)
Às sete você vira um travesti vedete,
às oito você fica um chuchu biscoito,
às nove você ama e se comove,
às dez eu te faço cafunés com os pés,
às onze você faz cara de pau olhos de bronze,
às doze você faz aquela pose.
(Você quer uma rosa ou uma rose?
Ou quelque chose?
Eu vou imitar um avião, hein!
Nhrrrrr… Tá-tá-tá-tá…)
(Eu te falei não fala pra ele, não fala pra ela
tu falou, agora o problema é todo teu!)
(Quer uma rosa ou uma rose?
Olha, ouve só a sirene da ambulância
ela vem pegar você uááá uááá
Eu fico triste olhando as violetas desse quarto
E o cabrito? E o cabrito como é que faz?
Bééé bééé
E o boi faz miúú miúú
E o gato miau miau
E o cachorrinho?
Au au au
E o ser humano?
O ser humano faz créacatal créacatal
Você tem visto demais televisão, Stella,
você tem visto demais televisão
Ai, meu Deus, “O mistério do crime”
Mas a telenovela é a educação sentimental
da classe média nacional
Eu não quero mais saber,
eu estou com os nervos partidos e destruídos
desde que você viajou para os Estados Unidos
Tá-tá-tá-tá
Você reparou como batucada parece
ruído de metralhadora?
Ai, que coisa mais louca
Tudo parece, tudo parece
Tic-bum tic-bum
Voam para o Oriente
todas as sombras
Voam e se deitam no poente
todas as pombas
Piu piu piu)
Musicada por Nelson Jacobina