Yeshua Ben Joseph

Sei que existo em plena solidão,

por isso me alisto na escola do perdão.

E da luz que brilha destas páginas,

sinto Jesus, que enxuga minhas lágrimas.

 

E depois ele pega minha mão

e me leva com seu doce sorriso

para um tempo que fica muito antes,

mas muito antes da expulsão do paraíso.

 

Sei que existo todas as manhãs

numa eterna, moderna, felicidade

com Jesus Cristo nas bodas de Canaã

para todo o sempre, para toda a eternidade.

 

Sou o que sou porque sou da legião

dos iluminados e dos escolhidos.

Sou o que sou porque sou da religião

dos humilhados e dos ofendidos.

 

(Yeshua Ben Joseph, Jesus filho de José

para Leon Trótski foi a primeira revolução da humanidade,

talvez a maior,

pois era a igualdade do homem perante Deus.

 

Vestido de púrpura no Sermão da Montanha ele disse:

“Amai-vos uns aos outros” e

“Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros”

 

Ele ressuscita Lázaro, seu amigo, ressuscita uma menina

e diz “Menina, levanta” em aramaico é: “Talita kume”

 

Antes de morrer e ressuscitar ele mergulha

na terrível angústia do desespero da derrota

e diz:

“Eli, Eli, lama sabachthani?”

“Pai, pai, por que me abandonaste?”

 

Ele dizia para perdoar o inimigo,

para amar o inimigo, mas ele também dizia:

“Se alguém fizer mal a um desses pequeninos que me acompanham,

melhor seria que amarrasse uma pedra ao redor do seu pescoço

e se jogasse no fundo do mar”.

 

O Brasil é um país-continente

com 30 milhões de crianças abandonadas.

A maior nação católica do mundo

não estará pecando contra Yeshua Ben Joseph?

 

Quando ele chegou ao lado da mulher adúltera

enfrentou os linchadores que com pedras nas mãos

queriam linchar de acordo com a leitura

sectária e dogmática da lei mosaica

aquela mulher adúltera.

Ele ficou ao lado dela dentro de um círculo,

e encarando os linchadores disse:

“Atire a primeira pedra aquele que dentre vós nunca pecou”.

 

Adonai, adonai, adonai, adonai.)