Os marcianos

Os marcianos estão aqui,

e eu só falo porque eu vi.

 

E a tristeza que eles têm,

a gente tem também.

 

O cavaleiro alado,

em seu cavalo que é de fogo,

pelo céu cavalgou e veio anunciar

que o mundo novo já chegou.

 

E as crianças abandonadas

será que ainda serão abandonadas

lá pelo ano 2000?

Oh, Meu Deus, o que será

das crianças do meu Brasil?

 

Tem o Dom Quixote que é de La Mancha,

e tem o pixote que é uma mancha

na consciência nacional.

Mas eu vou parando por aqui,

ao som e ao toque do berimbau.

 

(O unicórnio verde cavalgava por entre estrelas,

suas patas eram diamantes faiscantes.

Lá ao longe, dentro da floresta amazônica

o unicórnio alado celestial viu

as araras, o tamanduá-bandeira e o boto cor-de-rosa,

que o saudou com prenúncio de alegria cósmica.

 

Lá no fundo do oceano,

uma estrela do mar bem pequenina,

amiga dos peixes e dos caramujos,

estabelecia um namoro astral através de ondas telepáticas

com outra estrela.

Só que uma estrela lá do céu,

aquela mais brilhante da constelação do Cruzeiro do Sul.

 

O saci-pererê,

que sorriu para o curupira,

e ficou na mata afagando as costas da mula sem cabeça,

que com seu pescoço cuspidor de fogo

estava gargalhando e tramando entre chamas e labaredas infernais,

que saíam do seu pescoço de mula sem cabeça.

Ali, bem ali, no meio da mata verde-esmeralda do país-continente,

uma nova e incrível travessia.)