(Estamos na antiga Babilônia pagã,
há um grande alvoroço.
Porque acabou de ser decretado o primeiro
código da humanidade, o Código Hamurabi,
que tenta pela primeira vez trazer justiça para
a chamada horda humana,
ou seria melhor chamá-la de horda desumana?)
Olho por olho,
dente por dente.
Dente por dente,
olho por olho.
A vingança é a origem das leis,
é das leis a primeiríssima.
Porque inaugura a procura do equilíbrio,
que é o outro nome da justiça.
Porque inaugura a procura do equilíbrio,
que é o outro nome da justiça.
Em termos acústicos e musicais
ela é a harmonia.
Que por outro lado também é deusa,
que se chama justamente deusa Harmonia.
E no entanto esta tataravó das leis
é tão arcaica que com o passar do tempo
transfigurou-se em monstro,
portal do demônio da vingança.
Filha predileta e terrível
das Erínias, que clamam por sangue.
Filha predileta e terrível
das Erínias, que clamam por sangue.
Irmã mais idosa dos crimes posteriores.
Irmã mais idosa dos crimes posteriores.
Oh! ciclo do eterno retorno
e do terrível.
(E como disse Alexandre Rousselin,
um dos membros da facção de Hébert,
líder dos Enragés,
durante a fase do Terror da Revolução Francesa:
“A vingança é a única fonte de liberdade,
a única Deusa a quem devemos oferecer sacrifícios”.
E como disse o poeta Nicolau Bello:
“Sou contra todas as leis, a começar
pela lei da gravidade”.)
Musicada por Nelson Jacobina