Opinião – O Globo/Agência O Globo, 14/7/1996
Por causa de um episódio sem maior significância, o ministro da Cultura, Francisco Weffort, resolveu dispensar um dos principais articuladores de sua pasta, o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, que vinha fazendo um trabalho magnífico à frente da Biblioteca Nacional.
Há seis anos, a Biblioteca Nacional era uma instituição em plena decadência, com o patrimônio ameaçado por goteiras e infiltrações, além de desconhecimento sobre a valiosa documentação lá arquivada. Affonso Romano de Sant’Anna soube buscar parcerias não só para a recuperação do histórico prédio-sede na Cinelândia – que voltou a ser uma das referências urbanísticas do Rio – como ampliou consideravelmente o raio de ação da Biblioteca: o acervo da Biblioteca está acessível para todo o Brasil através do uso de microcomputadores, por exemplo.
O setor público tem atualmente sua eficiência comprometida por falta de pessoas capacitadas e bons colaboradores. Abrir mão de alguém como Affonso Romano de Sant’Anna, sem que haja motivo relevante para isso, é um tremendo contrassenso.