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Querido Carlos,
No século VII, o bispo Ferreolus de Grenoble excomungou um pão, que imediatamente ficou preto e duro como um pedaço de carvão.
Que teria o pão feito para merecer tal destino?
A lenda de Ferreolus não nos dá essa resposta. Mas porque qualquer tipo de pão, seja em que século for, só pode ser ele próprio, o crime deve ter residido na sua própria natureza – a sua panidade.
Não é preciso fazermos nada para sermos condenados neste mundo. Era essa a mensagem que o bom do nosso bispo quis passar aos cristãos de Grenoble. Um homem, tal como um pão, pode ser castigado – até mesmo condenado à morte – em virtude da sua natureza.
Ou pode ser obrigado a esconder o seu amor até ao fim da vida, como um leproso em que ninguém ousa tocar.
Estou a falar de ti, Carlos.
Perdoa-me se isto te parece exagerado. Tenho andado a emborcar ouzo o dia todo. E recordo-me da expressão chocada de um tipo que apunhalei há umas horas. Não fui a correr atrás dele. Ao fim de algum tempo, a única coisa que me preocupou foi a mancha de sangue que deixou no fofo tapete azul onde limpamos os pés assim que transpomos a porta.
Não, não o conheces.
Não creio que vá à Polícia, porque ele é como tu. Mas posso estar enganado.
Tinhas a certeza de que eu nunca mais te contactaria, não tinhas? Acho que tenho andado a brincar às escondidas com as palavras. Sei, claro, que não vais querer nenhuma delas, a menos que te dê alguma coisa em troca. Por isso, aqui vai… Lembras-te de como andavas sempre a querer saber quais os segredos íntimos que partilhava com o meu irmão? Ora aqui tens a tua oportunidade de descobrir; segue em anexo a carta que lhe escrevi há quase um ano, logo após a minha última ida a Nova Iorque; a mesma carta que gerou uma discussão tão amarga entre nós, só porque me recusei a deixar que a lesses. Gostarás de descobrir que nela falo brevemente de ti, logo no primeiro parágrafo. Por isso, faz-me um pequeno favor e continua a lê-la. Aqui vai…
Monsaraz, Portugal
Querido Harold,
Acabo de ter um estranho e fascinante encontro que me deixou verdadeiramente feliz pela primeira vez em vários meses – desde que o Carlos começou a afastar-se de mim, penso. Tudo começou esta manhã por volta das dez, quando dei com um velhote na entrada principal de Monsaraz. Encontras esta vila no mapa que te dei, uns sete a oito centímetros para a direita de Lisboa, mesmo ao pé da fronteira com Espanha. Tinha-me levantado pouco depois do cantar do galo, deixando o Carlos a dormitar na cama, e resolvi ir dar um passeio pelos campos circundantes. Estava mesmo a regressar à vila quando me deparei com ele. Era um desses camponeses idosos que inspiram os romances italianos: minúsculo, peito largo e arqueado, mãos enormes e crestadas pelo sol. Tinha as unhas sujas, uma barba de vários dias nas faces redondas, e o cabelo grisalho, cortado rente, espreitava-lhe por trás das orelhas. O casaco escuro do domingo e as calças de lã apresentavam vestígios de terra. Não tinha gravata, mas a camisa branca estava abotoada até ao colarinho. Trazia na mão um chapéu de feltro cinzento com uma larga fita preta, já fora de moda, e caminhava com movimentos lentos e desajeitados, balançando-se de um lado para o outro, como se estranhasse a liberdade dos ombros.
Parecia saído de uma fotografia do Portugal profundo do virar do século.
E os olhos! De um verde-claro, lindos, encovados na pele tisnada, mais jovens e vivos do que o resto do corpo. Olhos que deviam ser de um santo. Parecia ter cerca de setenta anos, mas os camponeses envelhecem cedo sob o peso das charruas medievais que ainda se usam aqui em Portugal. Talvez tivesse mesmo uns cinquenta e cinco anos, ou à volta disso.
Quando eu ia a passar sob o arco de pedra que guarda a rua principal da vila, acenou-me com o chapéu. Estava sentado num muro baixo que delimitava uma casa onde desabrochavam rosas de um vermelho-sangue. Cumprimentei-o no meu português com sotaque carregado. Ao levantar-se, apercebi-me de que tinha as calças muito apertadas. Não parecia nada envergonhado com isso, o que achei bastante comovente. Sabes, é como se fosse um indício da vida de aldeia – como se as pessoas aqui fossem aceites com todas as suas excentricidades. Talvez não passe de uma ilusão; talvez até seja mais difícil ser diferente e vulnerável numa terra do fim do mundo como esta. Mas o facto é que o seu súbito sorriso desdentado me pareceu benevolente e generoso. Com um gesto largo de mãos, apontou para o outro lado da rua, dizendo qualquer coisa que não entendi bem. A sua voz rouca chegou até mim como uma rajada de vento sobre um monte de pedras.
– Donde é? – perguntou, quando viu que eu não entendera o que tinha dito.
– Dos Estados Unidos, Nova Iorque – respondi.
– Ah, Ronald Reagan – disse ele, anuindo com ar entendido. Pronunciou o primeiro nome do nosso ex-Presidente «Runal».
– Exatamente – respondi.
– A minha aldeia – disse o camponês, varrendo o ar com a mão em arco. Fechou os olhos por um instante, como se uma recordação difícil a isso o obrigasse, mas a seguir fez que sim com a cabeça e sorriu-me.
Começámos a caminhar juntos, devagar, a minha cabeça pairando bem acima da sua. Descemos em silêncio a rua, sem olharmos sequer um para o outro, até que ele parou para oferecer a mão a uma borboleta vermelha e amarelo-âmbar que abria e fechava as asas no topo de uma erva que se atrevera a romper por uma fissura entre as pedras da calçada. Ajoelhou-se lentamente, estendendo a mão devagar e com cuidado. Quando parou junto à folha onde a borboleta resolvera pousar, o inseto fechou as asas e passou as patas aguçadas e pretas para o seu novo pedestal. Era como se a criatura sentisse que ele era uma alma bondosa. Ou como se se conhecessem e fossem amigos.
O camponês levantou o seu visitante até à altura dos meus olhos.
– Uma borboleta – sussurrou com uma certa gravidade, como se naquele momento segurasse a réplica minúscula do feiticeiro da aldeia. Lentamente, estendeu a mão na minha direção. No momento, porém, em que se aproximou da minha, a borboleta levantou voo. Ficámos a vê-la adejar as asas até desaparecer no céu. Ele riu-se, baixou a mão e encolheu os ombros.
Foi realmente um grande momento. Eu e ele ali de pé, juntos e em silêncio, a ver uma borboleta deixar-nos para trás. Mas era apenas o começo.
Desculpa. Acabo de perceber que me precipitei com o entusiasmo. Deixa-me descrever-te Monsaraz, para poderes imaginar-me lá junto do camponês.
Pensa numa aldeia de pedra branca, uma excêntrica coroa de marfim pousada numa almofada de musgo – a colina mais alta e, em redor, quilómetros a perder de vista.
Consegues vê-la?
Ou, então, imagina um fresco de Giotto, uma daquelas vilas no cimo de uma colina da tua tão amada Umbria. Agora pinta todas as casas de branco. (Sim, parece-me ser uma imagem melhor para ti.)
De longe, ao regressar do meu passeio da madrugada, eu tinha imaginado miúdos a jogar futebol nas ruas, velhas a conversar à janela. Mas, depois de entrar na orla da coroa de marfim, caminhando ao lado do camponês, percebi que a vila estava vazia. Suponho que já todos estivessem na igreja. Ou, então, ainda a dormir. Afinal, era domingo de manhã, e os portugueses dormem até tarde ao fim de semana. Não se pode dizer que as ruas estivessem completamente desertas. Cães hirtos, minúsculos e de focinho peludo passavam por nós, desconfiados. Um rafeiro castanho com uns olhos pretos ameaçadores parou e pôs-se a ladrar, até o meu guia o acalmar com pedidos meigos: «Não ladres… chiu… vá lá… chiu… está tudo bem. Isso… isso mesmo… vai brincar com os teus amigos.»
Enquanto ele falava, pus-me a espreitar por entre as ameias da muralha que rodeia a vila. Várias dezenas de metros abaixo de nós estendiam-se campos verdes e dourados, rumorejantes de oliveiras e sobreiros. Algures ao longe, sob o halo violeta do horizonte, a fronteira espanhola. O céu era do azul profundo dos verões sonhados. Uma brisa meiga vinda de leste trazia até nós um perfume de orvalho e de azeite.
O velho camponês guiou os meus passos pela rua de um branco ofuscante, ladeada por casas térreas, todas encimadas por telhados de um laranja-acobreado. Detalhadamente, apontando com um dedo grosso e de pele curtida, falou da cooperativa das lãs, da igreja, do café, da praça de touros – todos os pontos de referência construídos com tantos anos de trabalho e esforço. Levou-me até casa dele, ao fundo da rua, mesmo à entrada da praça de touros. Junto da fachada, cresciam sardinheiras cor-de-rosa e ao lado da porta pendia um cesto de verga cheio de papoilas vermelhas.
– Entre… seja bem-vindo – disse. Ante a minha hesitação, acrescentou: – Faça favor.
Tive de me curvar para passar por baixo do lintel de granito da entrada. Lá dentro, ele pendurou o chapéu no gancho de um bengaleiro de madeira feito com uma canga de boi e recebeu um beijo de uma mulher nova com um avental escuro. Imaginei que andaria pelos trinta anos; tinha olhos melancólicos e trazia o cabelo apanhado sob um lenço de linho preto. Não conseguia vê-la muito bem porque estava escuro, e os meus olhos ainda não se tinham adaptado à penumbra do interior.
Deu-me as boas-vindas com um sorriso. Encontrávamo-nos num corredor de teto baixo. Dava a impressão de que tínhamos entrado num mundo em miniatura, como se o espaço tivesse encolhido. O velho camponês fez-me sinal para ir atrás dele, abrindo em seguida uma porta lateral, num gesto que mais parecia uma carícia, e convidando-me a entrar num quarto ainda mais escuro. Hesitei, mas a jovem assentiu com a cabeça, como quem diz: «Não há problema. Entre, vá atrás do meu pai.»
No quarto, em cima da cama feita com cuidado, jazia o corpo minúsculo de uma mulher idosa. Tinha um xaile de malha de lã castanha a cobrir-lhe a cara e o cabelo, e estava toda vestida de preto, à exceção dos pés nus, morenos e encarquilhados. Como raízes arrancadas da terra. Três velas brancas numa pequena mesa de madeira lançavam um jogo de luz e sombra sobre mim, o velho camponês, as paredes, a mulher morta. Tive a sensação de que não deveria estar ali. Mas, por outro lado, parecia-me certo. Como se também a morte fosse uma das razões para eu visitar aquela vila.
A face do camponês era nostálgica enquanto contemplava a mulher, o tipo de nostalgia que, suponho, advém de meio século de desgostos e alegrias partilhados. Daí deduzi, claro, que deveria ser a mulher dele – quero dizer, não uma irmã ou outra parente. Procurei palavras de consolo em português. Mas o meu anfitrião levou o dedo aos lábios e assentiu com a cabeça, indicando que não era preciso dizer nada. E deixou-se ficar de pé junto à cama.
E agora vem a parte que me deixou estupefacto. O camponês juntou os polegares e, com as mãos, imitou um bater de asas acima do peito da mulher. O movimento pareceu libertar-se de amarras e depois subir lentamente no ar até pairar bem acima da cabeça dele. «O corpo é só um casulo e, ao morrer, a alma volta para Deus como…» Enquanto falava, aproximou as mãos de mim, pondo-as em concha como se transportassem uma minúscula oferenda. Sussurrou, como se de um segredo sagrado se tratasse: «… uma borboleta.»
Depois, sentou-se na cama junto da mulher, de costas vergadas, a rezar. Enquanto o contemplava, tive a sensação de que a ideia de haver uma alma era perfeitamente óbvia e indiscutível, tão indiscutível como eu estar naquele momento numa pequena vila de Portugal. Todos temos uma borboleta dentro de nós à espera de voar e ser livre, pensava. (Para ti, cristão praticante, este conceito metafísico pode parecer um lugar-comum e a metáfora em si soar-te-á a cliché, mas, como te disse, eu nunca penso nesse tipo de coisas.)
Enquanto o homem rezava em silêncio, fui assaltado por dúvidas, questionei-me sobre a razão por que me teria ele levado a sua casa e mostrado a mulher. Sentia-me zangado. Teria ele visto qualquer coisa na minha expressão que lhe dissesse que precisava de fé? Que direito tinha ele de interferir comigo, de me fazer ver a morte, ouvir o seu sermão sobre as almas?
Apetecia-me reaver a distância do turista. Mas sentia-me paralisado ali. Finalmente, depois de uns dois ou três minutos a vê-lo rezar, senti que o seu convite era uma dádiva íntima que eu não merecia. Era como se tivesse atravessado um limiar invisível para uma paisagem mágica, transposto uma fronteira de que andara à procura sem o saber. E que tanto tu como ele me tinham levado até lá.
Isto faz-te algum sentido?
Talvez aches que estou louco, mas comecei mesmo a pensar se aquele homem não seria na verdade uma espécie de santo da aldeia. Olhando para ele – os pelos grisalhos nas faces, as mãos enormes, as costas curvadas –, senti um arrepio profundo, como se o calor da minha existência me tivesse sido roubado.
De repente, a filha dele pegou-me pelo braço e amparou-me até à porta. Quando ia a sair do quarto, o velho camponês fez-me um aceno e sorriu-me de novo. «Uma borboleta», repetiu, desta vez apontando para o meu peito.
Era uma espécie de advertência. Aquilo que eu precisava de ouvir há tanto tempo, desde que soubemos que tinhas sida, talvez mesmo antes – e também aquilo que tenho tido medo de ouvir. (Será mais difícil deixar de descrer do que deixar de crer? O que têm a dizer sobre isto os teus filósofos cristãos?)
Regressado à estalagem, sentia-me prestes a romper em lágrimas, acabrunhado pelo peso da responsabilidade. Era como se todos os relógios do mundo tivessem subitamente parado e estivessem à espera de que eu pronunciasse um encantamento para voltarem a contar o tempo. E, contudo, era como se regressasse a casa. Como se estivesse na Maplewood Road, a caminho da casa da mãe e do pai. Como se estivesse prestes a encontrar segurança e proteção.
Será essa a essência da fé – a certeza irracional de que estamos em segurança e de que alguém vela por nós?
Qual será a grande responsabilidade que vem com este tipo de fé?
E outra coisa. Sei que vais compreender, porque partilhamos a mesma atração infantil pelo mundo das cores, mas juro-te que havia outra borboleta vermelha e amarelo-âmbar pousada nos degraus brancos que conduzem à entrada da estalagem. Mesmo no degrau mais alto, a abrir e a fechar as asas. Talvez haja muitas por aqui e nesse caso a coincidência não seja assim tão extraordinária. Mas antes de levantar voo e desaparecer pareceu-me tão bonita contra o fundo branco do degrau – uma figurinha de vidro colorido que tivesse adquirido vida –, que tive vontade de me enfiar naquele corpo minúsculo.
E é tudo. Não sei quais serão as consequências disto a longo prazo, só sabia que precisava de te escrever. Sobre a morte e a fé e as borboletas portuguesas.
P.S. Porque será que me ocorrem os piores pensamentos nos melhores momentos? Agora mesmo, ao acabar esta carta, cometi o erro de olhar para o espelho atrás da secretária a que escrevo. A minha própria cara, especialmente a profundidade translúcida dos olhos, assustou-me. Será que me atrevo a escrever-te sobre isto? Hesito em fazê-lo, porque não preciso de mais terror na minha vida. Mas, se quiser cumprir o acordo que fizemos naquele dia, no teu quarto do Hospital Mount Sinai, de falarmos de tudo o que é importante, então precisas de saber o que sinto.
Aquilo que sei agora, claro, é que a metáfora da borboleta não serve de nada, tal como aquelas drogas «promissoras» com que os médicos te encharcavam. Mas há um medo mais fundo. Porque, mesmo que o camponês tenha razão, mesmo que todos tenhamos no centro de nós uma alma-borboleta, a mulher dele era velha. Era tempo de a alma deixar o seu casulo. Mas não era para ti! Foi simplesmente abusivo da parte d’Ele pedir-te para te ires embora. Um homem de trinta e nove anos? O meu irmão? Ainda estavas no princípio da tua metamorfose. As tuas asas ainda não se haviam formado completamente. Como poderias tu voar até Deus?
«Para com as poesias e não sejas melodramático!», ouço-te dizer. «A borboleta é apenas uma metáfora. A minha alma não se perdeu no caminho.»
Tinhas sempre tanta certeza na voz quando falavas destas coisas.
E talvez seja verdade. Não sei. Mas sinto uma dor crescer no estômago quando me lembro da tua face descarnada no hospital, e que não é metáfora nenhuma. E quando agora olho para o espelho e vejo o teu reflexo nos meus olhos cinzentos e cansados, sinto regressar todo o horror dos últimos dois anos. Meu Deus, como somos parecidos, mesmo que separados por cinco mil quilómetros e a eternidade!
O mesmo cabelo castanho encaracolado, o mesmo nariz comprido e direito. O mesmo meio-sorriso quando lutamos contra a tristeza, como se tivéssemos passado a vida a lutar contra o peso de um inevitável destino de destruição.
Nunca te contei isto, mas, quando éramos miúdos, às vezes punha-me a olhar para ti a meio da noite, a ver-te dormir. Enroscado na cama, com a cabeça pousada na almofada de flanela do Homem-Aranha, não te parecias nada com o inimigo com quem discutia por causa dos brinquedos, dos livros de quadradinhos… de praticamente tudo. Não, estavas reduzido àquilo que era essencial: um rapazinho a sonhar – o meu irmão mais velho.
E desejava que me deixasses amar-te como te amo agora.
Por vezes, imaginava que ficava igual a ti quando deitava a cabeça na almofada. Éramos dois rapazinhos a fazerem juntos a mesma jornada.
E esse é o terror mais profundo. Ponho-me a pensar até que ponto seremos parecidos nos anos que aí vêm, agora que já cá não estás e eu continuo a avançar para os quarenta, cinquenta, sessenta anos… vou deixar-te para trás, perder mais de ti a cada ano que passar, talvez deixe de te ouvir na minha voz, de te ver dormir à noite quando pouso a minha própria cabeça na almofada. E a tua alma também vai voar para longe. O espaço que ela ocupa em mim vai mirrar. A memória encontrará um recanto seco e oco. E o espelho refletirá apenas a minha própria face abandonada.