AGRADECIMENTOS

Foi só quando comecei o verdadeiro processo de escrever este livro que percebi o quanto eu estava esperando do assunto do meu livro. Quando escrevi minhas duas primeiras biografias, sobre o Echo & the Bunnymen e sobre o R.E.M., no fim dos anos 1980, o processo pareceu relativamente fácil. Na época, eu não entendi que isso se devia, em parte, ao fato de os dois grupos serem entidades em total funcionamento, com integrantes seguros na companhia uns dos outros a ponto de apenas me contarem sobre os demais o que gostariam de ouvir sobre si mesmos, e suficientemente jovens para não serem especialmente protetores com seus legados ou terem deixado para trás qualquer lembrança ruim. Quando, mais tarde, escrevi uma enorme biografia sobre Keith Moon, personagem complicado e polêmico, eu estava mais determinado a escrever um relato o mais fiel possível de sua vida e tinha o ponto de vista histórico ao meu dispor. Mas eu também tinha a meu favor o (triste) fato de meu personagem estar morto havia vinte anos — e pessoas que poderiam não ter falado livremente sobre ele logo após sua partida sentiram que podiam fazê-lo tanto tempo depois, com o conhecimento acertado de que ele não voltaria a este mundo para puni-los.

Com os Smiths, o processo foi muito mais complicado. (Para começar, felizmente, ninguém da banda morreu.) Embora o olhar para o passado tenha suas vantagens e o passar do tempo apenas aumentado o legado musical dos Smiths, ele não foi gentil com as relações pessoais entre os ex-membros da banda. Na verdade, os 25 anos que separam o fim do grupo dos dias em que escrevi este livro foram palco de todos os tipos de acusações infelizes — chegando ao ponto de muitas histórias sobre a banda se concentrarem no lado negativo primeiro, principalmente no processo judicial que tornou difícil, talvez mesmo impossível, que quatro ou cinco indivíduos um dia retomassem suas antigas amizades. Tais indivíduos têm todo o direito de ser contidos em relação à sua história pessoal e desconfiados de qualquer pessoa que esteja disposta a contá-la (mais uma vez), em especial num formato em que eles não têm nenhum controle editorial.

Então, embora eu ofereça meu agradecimento a todos que me permitiram entrevistá-los, e a todos que o fizeram com a compreensão total de que não teriam direito a opinar em absolutamente nada sobre as palavras finais, devo oferecer meus agradecimentos especiais a Johnny Marr e Andy Rourke, por permitirem que eu conversasse com eles em diversas ocasiões, ao longo de um período de dois anos ou mais, sem nunca colocar limites ou condições para nossas conversas. Não faço pouco caso da cooperação deles e espero que o livro terminado compense parte de sua confiança. Também espero que eles, como todas as pessoas que entrevistei, compreendam que o autor de uma biografia como esta fica inevitavelmente dividido entre tentar contar a história como verdadeiramente aconteceu e contá-la sob o ponto de vista de seus personagens. Nesse sentido, a personalidade de Johnny Marr se agiganta de forma especial. Embora ela tenha mantido sua intensidade e seu entusiasmo, e embora sua ética de trabalho continue a inspirar e, ocasionalmente, espantar, ele é agora um budista vegano que corre maratonas e não consome álcool. Sua perspectiva sobre a história da banda, depois de 25 a trinta anos, compreensivelmente se mostrou diferente de como ele a viveu na época, e ele parecia ciente dessa dicotomia. Ao citá-lo ao longo deste livro, tentei conceder-lhe a ocasional oportunidade de sugerir como as coisas poderiam ou deveriam ter sido encaradas enquanto garantia que, em nenhum momento, os acontecimentos fossem reescritos como se houvessem acontecido de maneira diferente do modo como se deram. Acredito que consegui o equilíbrio certo.

Uma das grandes alegrias de realizar este projeto, em particular, foi a oportunidade de voltar a ter contato com antigos conhecidos e amigos. Como um adolescente editor de fanzine em Londres, eu entrava e saía da Rough Trade toda semana, muitas vezes todos os dias, de 1978 em diante; como aspirante a músico, bem no começo da década de 1980, conheci muitos dos produtores, músicos e representantes de A&R que aparecem nesta história muito antes de eles mesmos conhecerem os Smiths; como jornalista musical e editor de revista no começo da minha vida adulta, conheci muitos dos personagens da mídia e da indústria, e estive a par da maior parte dos fatos que narrei aqui, mesmo que apenas muito ocasionalmente tenha feito parte deles; como morador dos Estados Unidos desde o final dos anos 1980, conheci muitos dos personagens americanos importantes e, adicional e crucialmente, espero, desenvolvi uma compreensão da cena musical americana. Tudo isso pode, de certa forma, ter se somado para que eu assegurasse a cooperação de meus entrevistados, mas também aumentou a expectativa em relação a perspectivas contraditórias ou lembranças não muito agradáveis. Minha lealdade, nesses casos, foi, acima de tudo, à biografia terminada, sua precisão e sua justiça. Ousei assumir que aqueles cujos nomes aparecem nesta história, seja como personagens passageiros ou como figuras principais, desenvolveram resistência ao longo do caminho e reconhecerão que nenhum de nós, como o autor admite livremente de sua própria parte, viveu a vida de forma perfeita — especialmente no ambiente furioso, imprevisível e muitas vezes hedonista da indústria musical. Obrigado pela cooperação e pela confiança.

Com apenas uma exceção, as próprias entrevistas foram completamente agradáveis. A maioria foi conduzida pessoalmente e num grande número de locais, que variavam de casas particulares a pubs, de clubes exclusivos para sócios a cafés públicos, de restaurantes a escritórios de gravadoras. Também foram conduzidas pelo telefone, pelo Skype e, quando absolutamente necessário, por e-mail. A pesquisa em geral é a parte “divertida” do processo de produção de uma biografia e pode facilmente ser estendida infinitamente se não houver cuidado. Em algum momento, o autor tem que começar o processo de escritura, independente de se ele juntou todas as migalhas de informação ou conseguiu contatar todas as pessoas possíveis. Por isso, voltei a muitos de meus personagens por e-mail diversas vezes ao longo do período em que escrevi este livro, perturbando vários deles, sem dúvida. Embora eu não me desculpe por forçar tanto quanto forcei em busca de precisão, reconheço que, ocasionalmente, testei os limites da paciência de meus personagens.

Obrigado por seu tempo, suas lembranças, sua percepção e sua perspectiva: Amanda Malone, Andrew Berry, Andy Rourke, Barry Finnegan, Bill Anstee, Billy Bragg, Bobby Durkin, Cath Carroll, Chris Nagle, Craig Gannon, Dale Hibbert, Dave Harper, Dave Haslam, David Jensen, David Munns, David Pringle, Frank Owen, Geoff Travis, Grant Showbiz, Guy Ainsworth, Guy Pratt, Hugh Stanley-Clarke, Ivor Perry, James Maker, Joe Moss, John Featherstone, John Porter, Johnny Marr, Ken Friedman, Kevin Kennedy, Liz Naylor, Marc Wallis, Mark Gosling, Matt Johnson, Matt Pinfield, Mayo Thompson, Mike Hinc, Mike Pickering, Mike Williams, Nick Gatfield, Nick Hobbs, Paul Whiting, Paul Whittall, Peter Reichert, Peter Wright, Phil Fletcher, Phil Gatenby, Richard Boon, Richard Scott, Seymour Stein, Simon Edwards, Simon Wolstencroft, Stephen Adshead, Stephen Duffy, Stephen Street, Stephen Wright, Steve Diggle, Steve Ferguson, Steve Lillywhite, Steven Baker, Stuart James, Tamra Davis, Tim Booth, Wayne Barrett.

Como observado na introdução, os nomes de Morrissey e Mike Joyce estão faltando na lista acima. Por diversos motivos eu não esperava especialmente a cooperação de Morrissey, embora a tenha pedido várias vezes; gostaria de agradecer àqueles entre seus assistentes e empresários que garantiram que minha correspondência chegasse a ele. A recusa de Mike Joyce a participar foi uma surpresa maior, considerando-se que ele era o único integrante dos Smiths, ao começar este livro, com quem eu achava que tinha uma amizade. Eu talvez tenha contado muito com isso e peço perdão se ele achou que não dei valor à sua cooperação. Tivemos a oportunidade de conversar, e respeito suas razões para não participar. Gostaria de oferecer tanto a ele quanto a Morrissey minha gratidão por sua contribuição à cultura popular; acredito que isso esteja claro no texto.

Sou grato a Howard Devoto, Jo Slee, Martha DeFoe, James Henke, Gordon Charlton, Alexis Grower, Martin Haxby, Phil Cowie, Ian Chambers, Brian Grantham e Damian Morgan por participarem de correspondência ou por retornarem telefonemas.

Obrigado a Lindsay Hutton, Moz Murray, Oliver Wilson, Hilary Piering, John Cooper, Michael Knowles, David Whitehead, Robin Hurley, Eric Zohn, Tom Ferrie, Michael Pagnotta e Robert Cochrane por vários graus de assistência de pesquisa. Há outras dúzias que eu poderia acrescentar a esta lista, incluindo vários empresários, assistentes e assessores de imprensa de diversos artistas profissionais. Começar nessa linha seria arriscar ofender aos que eu inevitavelmente deixaria de fora. Sou grato ao trabalho de todos vocês.

Sou eternamente grato a Jeni de Haart por me fornecer uma base residencial sem data de término no sul de Londres, bem como por ser uma amiga tão maravilhosa. Um enorme agradecimento para Tom Hingley e Kelly Wood-Hingley por me abrigarem em Manchester — e para Tom pelas horas adicionais de conversa política estimulante tarde da noite e na piscina local às sete da manhã! Obrigado a John e Jamie por fazerem o mesmo numa visita anterior. Obrigado à minha mãe, Ruth Fletcher, por me deixar usar sua casa em Beverley como escritório quando eu chegava anunciando uma visita familiar e por me levar e me buscar muitas vezes na estação de trem local para minhas viagens a Londres e Manchester.

Ajuda e assistência, afeição e amizade foram oferecidas por Matthew Norman no Manchester District Music Archive (mdmarchive.co.uk), por Leslie Holmes no Salford Lads Club e por Simon Parker em vários locais e em várias ocasiões ao longo dos anos em Manchester e além. Agradecimentos adicionais a David Groves, pelo uso de sua propriedade e dos seus recursos em Londres. Um crédito adicional a Andrew Berry por me providenciar um “escritório” no centro de Londres, debaixo de seu salão de cabelereiro, Viva, enquanto eu estava correndo pela cidade em minhas viagens tipicamente exaustivas na minha terra natal — e isso sem nenhum contato anterior entre nós. Ele continua sendo, até o fim, o cabeleireiro em chamas [hairdresser on fire].

Obrigado ao mosteiro Zen Mountain, localizado em meu povoado natal, de Mount Tremper, por proporcionar um ambiente compassivo, e aos vários fãs dos Smiths entre os monásticos e outros moradores, por suas conversas encorajadoras e entusiasmadas.

Embora ninguém devesse ficar surpreso com o número de websites sobre os Smiths, deveríamos ficar extraordinariamente impressionados com a profundidade de alguns deles. Este livro teria sido muito mais difícil de completar com precisão sem ter tais recursos na ponta dos meus dedos: vulgarpicture.com, plunderingdesire.com, morrissey-scans. tumblr.com, smithsrecycle.blogspot.com, motorcycleaupairboy.com, foreverill.com, e o finado passionsjustlikemine.com. Meus agradecimentos a Jason, do Plundering Desire, a Stephane, do Passions Just Like Mine, e a Flavio, do Vulgar Picture, por sua ajuda incondicional nas pesquisas adicionais por e-mail.

Eu estaria perdido sem a existência de bibliotecas de verdade. Como Morrissey presumivelmente concordaria, não há nada que se compare à sensação de pegar a edição centenária e limitada, tipografada, da biografia de Oscar Wilde, escrita por André Gide, na biblioteca local (Woodstock, no caso), sem ter que pagar, apesar do fato de esse livro ter um grande valor de revenda. Da mesma forma, passei vários dias gloriosos na Manchester City Library, em Deansgate, perdido em velhos panfletos políticos e estudos de caso da Manchester da era industrial. Como sempre, fiz visitas frequentes à New York Public Library for the Performing Arts, no Lincoln Center, em Manhattan: embora seja possível encontrar a maioria dos artigos publicados sobre os Smiths on-line hoje em dia, não há forma melhor de se colocar no contexto do que ler nos próprios jornais musicais da época. Novamente, fiz uso da minha local Mid-Hudson Libraries, e sou especificamente grato a todos na Phoenicia Library por serem um grupo de pessoas tão bacanas. Infelizmente, no meio da pesquisa deste livro, tal biblioteca foi destruída por um incêndio; felizmente, ela encontrou um novo local para alugar de imediato, e uma série de eventos beneficentes da comunidade ajudou a levantar dinheiro para completar os pagamentos do seguro e garantir uma reconstrução (e uma reposição do estoque) no futuro próximo. Nossas bibliotecas públicas participam de tanto mais do que o mero empréstimo de livros; elas são parte essencial de nosso comprometimento em educar, informar e deixar um legado para as futuras gerações; por favor, apoiem-nas da forma que puderem.

Sou especialmente grato a meu agente, Mike Harriot, na Folio Literary Agency, por sua consideração calma e profissionalismo durante todo esse processo; ajudou o fato de ele ser um grande fã dos Smiths. Obrigado também a Caspian Dennis, na Abner Stein. Com este livro desenvolvi novas relações profissionais e pessoais com meus editores, Jason Arthur e Tom Avery, na William Heineman, de Londres, e Suzanne O’Neill, na Crown, de Nova York. Gostaria de lhes agradecer por seu encorajamento e sua paciência, e acredito que essa relação vá crescer e prosperar, assim como no caso de outros funcionários, nas duas editoras, os quais estou acabando de conhecer.

Um reconhecimento especial para Chris Charlesworth e Johnny Rogan por sua compreensão e seu apoio. E sua amizade.

Finalmente, a família. Meus prazos nunca facilitaram a vida de minha esposa e de meus filhos; eu gostaria de acreditar que este se mostrou um pouco menos angustiante. O passar do tempo faz com que eu não vire mais as noites — embora eu algumas vezes saia da cama no meio da noite, quando a ideia de como começar um novo capítulo repentinamente surge e não quer ir embora. Então, meu amor a Posie, por me aturar, como sempre (e por transcrever algumas das primeiras entrevistas); já passamos por muita coisa desde a pista de dança da Melody. Meu respeito a Campbell, por ser um verdadeiro adolescente emotivo. E quanto ao pequeno Noel, o processo de pesquisar e escrever este livro se tornou tão mais agradável por ter um guitarrista principiante na família. Ver um rapaz de 6 anos aprender a usar várias afinações, posicionamentos de pestana, estilos de dedilhado e troca de acordes tornou escrever sobre a música dos Smiths ainda mais divertido. E por falar nisso, o receio de Johnny Marr — de que, no fim do processo, eu nunca mais quisesse escutar uma música dos Smiths novamente — se mostrou desnecessário. O que aconteceu foi que ganhei uma nova admiração pelas múltiplas camadas de complexidade e sutileza que estavam presentes em suas palavras e sua música. Obrigado a todos que tornaram isso possível.