FÉRIAS AMERICANAS
Um poema sobre Agente Fuxico

– Americanos usam drogas – diz Agente Fuxico – porque não sabem se divertir muito bem.

Em vez disso, usam Percodan, Vicodin, OxyContin.

Agente Fuxico no palco, uma das mãos segura a câmera de vídeo como uma máscara

para esconder metade do seu rosto.

O restante dele, em terno marrom de liquidação. Sapatos

marrons.

Um colete amarelo-mostarda. Seu cabelo castanho puxado para trás.

Uma gravata-borboleta amarela e uma camisa branca de botões.

Ali, o branco de sua camisa reluz,

com as estampas de atores de cinema.

Em vez do refletor, Agente Fuxico é uma tela de cenas de filme:

um plano de plateias de cinema.

Fileiras e fileiras de gente, todos,

suas multidões de mãos batendo sem nem um som sequer.

No palco está Agente Fuxico, pendendo para a perna esquerda,

toda hora caindo um pouco mais para a direita.

Em vez de um olho, aquele local tomado pela luz vermelha de

REC

da câmera, observando.

Em vez de ouvido, daquele lado fica o microfone embutido. Para ouvir nada além de si mesmo.

Agente Fuxico, ele diz:

– Os americanos são os melhores do mundo em trabalhar.

Em estudar e competir.

Mas a gente é horrível quando chega a hora de relaxar.

Não tem lucro. Nem troféu.

Não dão nada nos Jogos Olímpicos para o Atleta Mais Descontraído.

Não tem patrocínio para o Mais Preguiçoso em qualquer coisa.

Seu olho-câmera em autofoco, ele diz:

– Somos ótimos em ganhar e perder.

E em pegar no batente,

mas não em aceitar. Não em dar de ombros e em tolerar.

– Em vez disso – diz ele –, temos maconha e televisão. Cerveja e Valium.

E plano de saúde.

Com refil, sempre que precisar.