– Americanos usam drogas – diz Agente Fuxico – porque não sabem se divertir muito bem.
Em vez disso, usam Percodan, Vicodin, OxyContin.
Agente Fuxico no palco, uma das mãos segura a câmera de vídeo como uma máscara
para esconder metade do seu rosto.
O restante dele, em terno marrom de liquidação. Sapatos
marrons.
Um colete amarelo-mostarda. Seu cabelo castanho puxado para trás.
Uma gravata-borboleta amarela e uma camisa branca de botões.
Ali, o branco de sua camisa reluz,
com as estampas de atores de cinema.
Em vez do refletor, Agente Fuxico é uma tela de cenas de filme:
um plano de plateias de cinema.
Fileiras e fileiras de gente, todos,
suas multidões de mãos batendo sem nem um som sequer.
No palco está Agente Fuxico, pendendo para a perna esquerda,
toda hora caindo um pouco mais para a direita.
Em vez de um olho, aquele local tomado pela luz vermelha de
REC
da câmera, observando.
Em vez de ouvido, daquele lado fica o microfone embutido. Para ouvir nada além de si mesmo.
Agente Fuxico, ele diz:
– Os americanos são os melhores do mundo em trabalhar.
Em estudar e competir.
Mas a gente é horrível quando chega a hora de relaxar.
Não tem lucro. Nem troféu.
Não dão nada nos Jogos Olímpicos para o Atleta Mais Descontraído.
Não tem patrocínio para o Mais Preguiçoso em qualquer coisa.
Seu olho-câmera em autofoco, ele diz:
– Somos ótimos em ganhar e perder.
E em pegar no batente,
mas não em aceitar. Não em dar de ombros e em tolerar.
– Em vez disso – diz ele –, temos maconha e televisão. Cerveja e Valium.
E plano de saúde.
Com refil, sempre que precisar.