CANÇÃO CONTRA O DESTINO
Se é para morrer
quero morrer muitas vezes,
mais do que as que soube ter vivido
e fui eterno sem o saber.
Se é para morrer
morrerei tantas vezes
que entre corpo e tempo
minha alma perderá caminho.
E morrerei
de tudo, em cada instante.
Morrerei até de ser árvore,
renascendo em estação
para além do tempo, para além da luz.
Se é para morrer
que seja como o amor:
tanto e sempre
que não será derradeira a última vez.
Maputo, 2005