A ESPERA 

Aguardo-te 

como o barro espera a mão. 

 

Com a mesma saudade 

que a semente sente do chão. 

 

O tempo perde a fonte 

e a manhã 

nasce tão exausta 

que a luz chega apenas pela noite. 

 

O relógio tomba 

e o ponteiro se crava 

no centro do meu peito. 

 

Fui morto pelo tempo 

no dia em que te esperei. 

 

Maputo, 2006