44

— Entre — disse o comandante Fairfax quando o chefe da segurança Saunders lhe bateu à porta.

— Descobriu alguma coisa?

— Nada, comandante. Ninguém o viu nas últimas duas horas. Estou certo de que ele não se encontra a bordo.

— O que significa que provavelmente caiu à água, como a mulher nos disse.

— Infelizmente, assim parece, comandante.

Fairfax fez uma pausa.

— Os Pearson viajavam num camarote do convés superior. Está correto?

— Sim.

— Isso significa que quando caiu à água terá caído de uma altura de pelo menos dezoito metros. Quais são as hipóteses de sobrevivência dele?

— Poucas ou nenhumas, senhor comandante. Ele caiu de costas e tinha estado a beber. Se tivesse sobrevivido à queda, o mais certo é ter ficado inconsciente. Se assim fosse, afundar-se-ia rapidamente, especialmente se tivermos em conta quão pesada a sua roupa ficaria depois de molhada. Mesmo que tivéssemos voltado atrás de imediato, comandante, não acredito que o resultado fosse diferente.

— Eu sei e concordo — suspirou o comandante. — Vou telefonar ao Morrison e pô-lo a par. Quero que telefone ao capelão Baker e lhe diga que venha ter comigo aqui.

— Muito bem, comandante — disse Saunders enquanto se dirigia à porta.

Morrison atendeu o telefone ao primeiro toque. Depois de explicar como tinham chegado à conclusão de que Pearson só podia estar morto, o comandante comunicou ao proprietário do navio que ele e o capelão iam falar com a mulher do passageiro.

A voz do proprietário elevou-se ao nível de um grito.

— Tenho a certeza de que vocês os dois vão fazer um excelente trabalho a dar as más notícias à mulher. Digam o que tiver de ser para a acalmarem, mas não voltamos atrás à procura dele em circunstância alguma.