EPÍLOGO
Três meses mais tarde
Alvirah e Willy deram um jantar de comemoração para Ted e Celia no seu apartamento de Central Park Sul. Estava uma tempestade lá fora e o parque estava coberto de neve que caía. Os cavalos e as carruagens pisavam-na ruidosamente e o tilintar familiar dos sinos deles conferia um sentimento de viagem no tempo.
Lá dentro, entre bebidas, os quatro recordaram a sua semana de aventura a bordo do Queen Charlotte. Como prometido, Anna DeMille tinha mantido o contacto com Alvirah e dizia que nada podia ter sido mais excitante do que aquele cruzeiro, «incluindo aquele ladrão a seduzir-me».
— Eu ainda não acredito nas notícias sobre o Devon Michaelson — disse Alvirah.
Pouco depois de ele ter sido preso, a Interpol emitiu um comunicado em que dizia: «Nem agora nem nunca a Interpol teve um empregado com esse nome na sua equipa. É óbvio que ele apresentou credenciais falsas. Está a ser levada a cabo uma investigação para decidir se ele teve ajuda dentro da Castle Lines quando tratou de ser incluído naquela viagem.»
— Cabeças vão rolar, se assim for — disse Willy.
Celia sentira-se na obrigação de informar o FBI de que Lady Em acreditava que Brenda andava a roubar-lhe joias. Em parte, tinha pena de Brenda, mas ao mesmo tempo achava errado deixar uma ladra passar impune. Mas o joalheiro amigo de Ralphie que era seu cúmplice na troca de joias fora preso sob acusação de pertencer a um esquema parecido. Para obter uma redução de pena, entregara imediatamente Ralphie, que, por seu lado, falara ao FBI do papel de Brenda no roubo das joias de Lady Em. Ela aceitara imediatamente um acordo.
Os investigadores de Ted foram bem-sucedidos a encontrar falhas na história de Steven sobre como Celia conspirara com ele na fraude do fundo de risco. Tinham conseguido provar que ele já se apropriara indevidamente de fundos de clientes dois anos antes de ter conhecido Celia. Quando falaram com ela, o FBI só queria a sua ajuda como potencial testemunha contra Steven.
No jantar, Ted atualizou a história que todos andavam a seguir. Tinha saído nos jornais que o património de Lady Em ia ser sujeito a uma auditoria minuciosa. Vários clientes de Roger Pearson tinham avançado com suspeitas de «irregularidades» no trabalho que Roger fizera para eles. O advogado que Roger contratou tinha emitido um comunicado em nome dele. «O senhor Pearson sofreu uma grave perda de memória em resultado da terrível experiência que viveu no mar e pode não estar em posição de defender o seu trabalho anterior.» Na fotografia, ao lado dele, estava a adorada mulher, Yvonne.
— Vamos esquecê-los — sugeriu Alvirah, erguendo o champanhe para um brinde. — Celia, adoro o seu anel de noivado — disse. — Estou muito feliz pelos dois.
O anel de Celia tinha uma bela esmeralda.
— Pareceu-me adequado escolher esta pedra — disse Ted. — Afinal, foram as esmeraldas que nos juntaram.
Tinham escolhido o anel na Carruthers. O antigo patrão de Celia acolhera-a de braços abertos e tinha-lhe dado um aumento.
Celia lembrou-se de Lady Em a entregar-lhe o colar de Cleópatra. Depois de entregue ao FBI, o Smithsonian emitira um comunicado dizendo que considerava o Egito como o proprietário legítimo do colar por direito histórico e que o mesmo devia ser devolvido ao seu país de origem. O FBI tinha fotografado o colar como prova para o julgamento criminal de Devon Michaelson e a joia ia agora a caminho de casa.
Na véspera de Natal, estavam a caminho de Sea Island para passarem a semana das festas com os pais e irmãos de Ted. Celia pensou como se tinha sentido no primeiro dia no navio «por minha conta, sozinha».
Quando ela e Ted sorriram um para o outro, ela pensou por minha conta e sozinha nunca, nunca mais.