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A segunda palestra de Celia teve ainda mais assistência do que a primeira. Ela sorriu quando viu Lady Em sentada junto de Alvirah e Willy na primeira fila. Alvirah estava a conversar com Lady Em e Celia estava certa de que quando ela começasse a falar já Alvirah seria a nova melhor amiga de Lady Em. Antes de se dirigir ao púlpito, toda a gente ficou em silêncio. Mas, antes de começar a falar, olhou de soslaio para Alvirah, que lhe dirigiu um sorriso encorajador.
A minha nova melhor amiga, pensou.
Depois de ter agradecido a todos a sua presença, Celia começou:
— As esmeraldas começaram a ser usadas em joalharia pouco depois do ouro. O nome «esmeralda» deriva da antiga palavra grega para «verde». As primeiras minas de esmeraldas conhecidas situavam-se no Egito. Os investigadores dataram essas minas do ano 320 a.C. e ainda eram exploradas no final do século dezoito. Diz-se que Cleópatra privilegiava as esmeraldas acima de todas as outras pedras preciosas
Falou dos poderes curativos das esmeraldas e do uso dessas pedras pelos primeiros médicos, que acreditavam que o melhor método de recuperação dos olhos era contemplar uma esmeralda. Que o seu conforto verde suave eliminaria o cansaço e a tensão. Verdade seja dita, eles estavam no caminho certo. Ainda hoje a cor verde é reconhecida como redutora do stresse e calmante para os olhos.
Acreditava-se que usar uma esmeralda revelaria a verdade, ou a falta dela, no juramento de um amante. Também se lhe atribuía a capacidade de tornar uma pessoa num falante eloquente.
Celia segurou no seu pendente e puxou-o para fora da blusa, dizendo:
— Eu não tenho uma esmeralda, pelo que não posso testar a minha teoria hoje.
Seguiu-se uma forte gargalhada do público.
A seguir, falou de outras joias que tinham pertencido a faraós e reis e que tinham sido usadas como resgate ou para pagar dívidas e de outras pedras preciosas acerca das quais corriam rumores de possuírem poderes curativos.
Quando terminou a sessão de esclarecimentos, uma das passageiras comentou:
— Menina Kilbride, fez com que todos nós desejássemos ter mais joias ou usar todos os dias as que temos.
— Infelizmente, há muitas pessoas que mantém as suas bonitas joias guardadas num cofre e nunca as usam — respondeu Celia. — É claro que tem de se ter cuidado com elas, mas porque não tirar partido delas?
O almoço com Alvirah e Willy e o êxito evidente da palestra, que foi amplamente aplaudida, deu ânimo temporário a Celia. Voltou para a suíte. O longo passeio no convés e o despertar prematuro deixaram-na cansada, pelo que decidiu dormir uma sesta antes de se arranjar para a receção do comandante e para o jantar que se seguia.
E isso, claro, era mais um lembrete. O vestido dispendioso que ia usar tinha sido comprado para a sua lua de mel, a qual, felizmente, nunca chegou a acontecer.
Mais vale eu seguir o meu próprio conselho e apreciar, pensou. Vai demorar um bom bocado até voltar a gastar dinheiro assim.